Friday, May 18, 2007

O homem nu

De Marcelo Ferrari

Não tenho sonhos. Perdi as esperanças quando cheguei nesta ilha. E não sou pessimista como as pessoas do continente povoado. Os pessimistas do continente povoado também têm sonhos. Também fervem em esperanças. Eles esperam pelo pior. Eu não espero pelo pior, nem pelo melhor, nem por nada. Não tenho mais esperança. Tive que me despir da esperança para poder pisar aqui. Tive que me despir do passado e do futuro, de tudo que conhecia, até de mim mesmo. Agora não tenho mais nada. Só este vazio que é minha fé. Se você está no continente povoado, lendo a mensagem que mandei numa garrafa, achará contraditório o que digo, pois no continente povoado fé é sinônimo de esperança. Pura ilusão povoada! A esperança é assim, povoada e condicional. Quem espera, espera sempre algo. A fé é vazia e incondicional. Quem tem fé, não espera nada.Você sabe disto. Muitas vezes, quando deita a noite em sua cama, você sai do continente povoado e vem até a ilha. Me responda: alguma vez, durante estas viagens,você teve esperança? Claro que não! Você teve apenas o que teve, o acontecimento. Mas quando você acorda no continente povoado, você esvazia sua fé se enche de esperança. Quando você acorda no continente povoado você sonha que pode chegar a algum lugar além do sonho. Você não pode. Acorde para o sonho. Dispa-se das esperanças. Retorne para a ilha vazia de onde nunca poderá sair.

Thursday, May 17, 2007

Voltas que o mundo dá

De Tiago Abad

O mundo gira, a roda gira, a vida gira... e as pessoas estão ficando cada vez mais quadradas. Olha, não estou fazendo uma apologia às drogas, muito menos mandando todo mundo tirar a roupa e ver no que dá. Não é com relação à caretice, mas sim, ao simples fato de nos relacionarmos. Amizade, companheirismo, coleguismo no mínimo.
O mundo está infeliz e todos colocam culpa na tal da depressão. A depressão é coletiva! Quem será feliz sem ter amigos, sem ter pessoas as quais pode conversar? Confiar em alguém então, é mosca branca, deixa isso pra lá, estou falando apenas de relacionamentos.
O bom dia está cada vez mais raro. Todos andam por aí com cara de elevador... olham pra baixo, pra cima ou pra algum lado cujo olhar não cruze o seu. Mas fiquemos atentos também à atual realidade, pois ela prega peças. O simples cruzar de olhares cujo objetivo simples era o de cumprimentar, pode acabar deixando a entender que você deseja a pessoa. É uma loucura, caos, confusão total...
Sou partidário do "vamos ser felizes" mas isso está cada vez mais distante. Não posso confiar tanto, preciso ver meus limites; não posso ser tão amigo, pois há limites; não posso ser companheiro, as outras pessoas que convivem com você acabam achando que as excluiu do rol de amizades; aliás, o que podemos?E viva os papéis sociais! Pra determinado grupo sou assim, pra determinadas pessoas sou de outro jeito, pra mim mesmo, nem sei o que sou. Hora simpático, hora triste, hora feliz e hora de morfar. Os desenhos tinham razão "Super Gênios ativar!". As histórias em quadrinhos estão presentes no dia a dia, e personagens existem de monte... difícil mesmo é ver alguém fantasiado de si mesmo. A sinceridade provoca medo no ouvinte e, a verdade, está cheia de agressões.

Wednesday, May 16, 2007

O PAPA É POP

De Li de Oliveira

Desde sempre já foi dito “religião não se discute”. Pois então, caro leitor, não iremos discutir, apenas ao decorrer das linhas vou comentar sem buscar a discussão, a visita de Vossa Santidade ao nosso país.
Impossível ignorar o fato grandioso, sendo ele tão presente por estes dias passados. Fico eu a refletir diante de vários pontos do acontecimento.O Brasil é um dos paises mais católicos do mundo (??). Se esta informação confere, pergunto-me: O que é o catolicismo? A igreja católica condena a camisinha, todos estes presentes reverenciando o papa “nunca encaparam o bicho”!? Oh perdoe-me o palavreado chulo para divagar tão sério assunto. Afinal, falamos do Papa, Vossa Santidade. Condena também o divórcio, quantos lá estavam que são divorciados? Aceitam mesmo a idéia que o certo é permanecer ao lado de uma pessoa que não a faz feliz? Afinal, provavelmente quando se casaram a bola de cristal não estava funcionando.
Condena mãe solteira. E para este fato abro um parágrafo. Pois sim, é complexo. Se for mãe é porque transou sem camisinha. Condenada. Se for mãe solteira é porque fez sexo não com intuito “primórdio” da procriação. Condenada. Se for mãe solteira não é humana? Não merece o entendimento de seu erro. Se é que foi um erro. Por que gerar uma vida é lindo. É sagrado. É de Deus. Mas ainda assim, “condenadas” aposto que muitas estavam lá.
Respeito, de verdade, a fé. Seja ela qual for e nome que levar. Só me sinto indignada e com minha inteligência subestimada por de repente uma massa quase infinita levar-se aos estádios como almas fervorosas e puras para louvar nem mesmo a Deus, e sim ao Papa.
Generalizar é injusto, eu concordo. Mas não vou ser crente em achar que ninguém ali estava no Campo de Marte para “matar” a manhã de trabalho e de quebra ver “o grande espetáculo”. Como no Natal todo mundo se diz comportado e merece presente.
Por notícias pescadas soube que quiseram “limpar” a Praça da Sé de seus moradores de rua. Para que o Papa visse um Brasil limpo e lindo. Por quê? O Papa não se penaliza e compreende os problemas sociais de qualquer país?
Além desta notícia li também “Marisa Letícia, a primeira dama, veste um sobretudo bege para encarar o frio”. Sim, essa notícia me foi de grande valia. Eu diria que foi realmente querer tirar leite de vaca.
Para ser breve, e tentar me fazer entender o melhor possível, o que quero dizer é: A visita do Papa é lisonjeira, ainda mais no dia das mães. É uma celebração bonita e pura. Mas a minha ressalva é individual, com cada consciência que aqui me lê, de que adianta rezar com o Papa, maior autoridade do catolicismo e ir contra (por toda a uma vida) aos seus mandamentos?
Um salve a hipocrisia, amém.

Tuesday, May 15, 2007

Procuro um tema

De Thiago Fabrette

Estou à procura de um tema. Quero escrever sobre o mundo!
Já sei! Visita do Papa ao Brasil! Ah, meio “lugar comum”. Todos os jornais escreveram hoje sobre isso; E além do mais, nem religioso eu sou. Ando meio por fora até para escrever sobre isso. E que moral eu tenho de achar isso ou aquilo, de afirmar que a Santidade deve visitar esse ou aquele lugar. Ou até mesmo de criar polêmica sobre camisinhas ou aborto.
Ah! Aquecimento global! Xiii, será? Essa polêmica eu apóio, concordo, mas não faço muito por isso. Não separo meu lixo em casa, só trabalho de carro, sou fumante... Nunca plantei uma só árvore.
Opa! Os políticos aumentaram o próprio salário! Ah, já escrevi sobre isso. E além do mais, não vai adiantar porra nenhuma falar disso agora. O Papa está no Brasil e os jornais nem vão dar muita bola.
Evo Morales? Hugo Cháves? Lula? Bush e Tony Blair? Ai que saco! Chega desses caras, irc...
Consumismo exacerbado? Juventude pseudo-rebelde? Não, não. Muito “in”. To fora.
VIOLÊNCIA!!! Isso! Ultrapassando “desemprego” na preocupação da população! Isso!! Boa! Mas... Pensando bem... Falar o que? Que cansei? Que cansamos? Que a polícia é corrupta e corporativista?
Falar... Da dissolução da família! Ai que coisa mais chata. Acho que eu to chato hoje.
E se eu mudasse de tom? E se eu procurasse falar de coisas mais amenas...
E se...
E se eu escrevesse sobre coisas boas? Pensa, cara, pensa...
E se eu falasse de mim? Lógico! Agora entendi por que não consigo achar um tema crítico de tom ríspido! Estou apaixonado! Não dá! Só dá pra falar de passarinhos verdes, de natureza, de alegria e de como a vida muda de perspectiva quando estamos assim, meio bobos!
Então, vou falar de paixão! Caraca! Dez minutos pensando e nada!
Já sei. Não é pra falar. É pra sentir.
E é isso que eu vou fazer, sentir. E, se um dia eu conseguir, ponho no papel, mas, por hora, vou ficar por aqui. Até a próxima.

Monday, May 14, 2007

Outra Vez

De Suzana Marion

Ele tem mil “primeiros encontros perfeitos” guardados na manga. Eu não falo de nenhum Dom Juan, mas ele já me reconquistou muitas vezes. O crescimento e o aprendizado dele me fascinam, mas ele não é nenhum bebê. Eu vou derretendo nas suas poucas palavras e me misturando ao derretimento dele nas minhas muitas. (Preciso do endereço da moça que ensinou esses novos truques pra mandar um cartão agradecendo! Foi simplesmente perfeito! )
Ele não é o mesmo de antes, se não tem ninguém por perto ele toma iniciativa, desmarca seus compromissos pra me ver, beija diferente, segura diferente... e meus planos foram por água abaixo. Eu que ia pegar leve e bancar a irmãzinha... esperar até passar essa dor que tenho no peito, quando vejo ele de longe e não posso chegar perto. Daí ele vem e me surpreende, me tira o fôlego, me tira as dúvidas e a insegurança com seu interesse e seus esforços! Eu fico feliz em dormir tarde porque estamos conversando sobre tudo e sobre nada, em “ficar abalada” e com isso perder o sono.
Longe de estar confusa ou insegura, eu preciso dizer que não espero nada, que não quero ter agora sentimentos definidos, nem fazer planos, nem mandar cobranças. Como uma viciada em relacionamentos ruins, porém em recuperação, vou viver um dia de cada vez, uma mensagem no meio da tarde por vez, um suspiro de saudade por vez e um reencontro feliz por semana!