Wednesday, July 18, 2007

Lu em cartaz

De Lucimara Paiva

Com essa minha mania de escrever sem o mínimo de noção das conseqüências, comecei a ouvir que preciso parar de me expor. “Você está louca?! Pode ser usado contra você qualquer dia.”.
Dia desses a exposição foi tão intensa que fui obrigada a retirar um texto do ar para que minha integridade física fosse mantida. Moça, a minha intenção é ser sincera, não encha meu saco. Mas mesmo assim retirei o texto. Não quis pagar para ver.
E nessas de sinceridade e exposição, descobri que escrevo nesse site há meses, mas a maioria dos que lêem os textos, não sabe quem é a Lucimara. Por mais que eu escreva, faça a galera rir, receba xingamentos, manifestações diversas, por mais que as pessoas se identifiquem com a realidade descrita, cheguei invadindo. Nem ao menos falei “Oi”. Exposição assim não tem graça. Quem é a fulana? Fulana é sua mãe, ô filho-da-put****.
Será que alguém sabe que eu só consigo escrever sobre o que me deixa indignada? Será que alguém sabe que sou péssima para fazer contos? Limitada. Além disso, por mais indignada que eu seja, às vezes canso de me esforçar e volto com meus pensamentos fúteis para tomar um fôlego como, por exemplo, minha atual crise dos 25. Após meu aniversário, na semana passada, descobri que os 18 anos nunca foram tão distantes. Se estou sentindo o peso dos 25, imagino dos 40. Terei que fazer 20 anos de análise. Quanto mais o tempo passa, mais minha bunda cai. Nunca fico muito tempo de costas para o espelho. Prefiro evitar lágrimas logo pela manhã. Se os 10 tubos de protetor solar e as 44 horas semanais de ginástica facial não resolverem, não me responsabilizo. Estou com medo. Alguém me dá um abraço?
Ah, sou reclamona também. Quase uma chata. Teimosa, cabeça dura e mimada. Falam que eu tenho a personalidade de um demônio e que já tiveram vontade de me bater para que eu calasse a boca. Mas sou sincera. Minha cara de nojo quando algo me incomoda é incontrolável. Tenho ímpetos de prepotência, mas só porque, como diz meu irmão, adoro mandar algumas pessoas se foderem. Nada que não tenha sido merecido. De todas, uma: ou tentaram me converter ou gritaram comigo sem razão, com a possibilidade de tentativa de me fazer de idiota ou foram hipócritas. Viu? Merecido.
Posso ser um monstro egoísta, eu sei. Mas esse meu coração que ainda bate, é enorme, e se alguém quiser fazê-lo de idiota, vai conseguir, assumo. É fácil me dobrar, sou sensível. Fiquei encantada com a Nutella e com a sapatilha de zebra que ganhei de presente. Choro de repente. A pose de durona desencanada é só um esforço, muitas vezes inútil, de não sofrer tanto.
Gosto de pizza, de Rob Zombie e de andar descalça. Odeio livro de auto-ajuda e manicure. Gosto de estudar, sou nerd. Tenho aflição quando mexem no meu joelho. Esqueci qual é o gosto de picanha. Não sei cantar e não tenho tinta no cabelo. Não uso drogas. O entorpecente mais forte que “uso” de vez em quando é tequila. Detesto me vestir de atriz pornô, aquele famoso estilinho “perua-árvore-de-natal” que a mulherada por aí insiste em achar que é a melhor maneira de ter “cara de rica”.
Tempos atrás, num dia de chuva, vi um filhote tremendo de frio no ponto de ônibus. Quase que o enfiei na mochila, mas acho que ele não ia gostar muito do tour que teria que fazer até às 6 da tarde. Já joguei um tijolo num velho maldito que pensou em espancar uma cachorra que estava amarrada num carrinho de catador de papel. Já fiz o trânsito parar para salvar um outro cachorro de ser atropelado, só não me pergunte como consegui convencê-lo a voltar para casa. Acho que foi a coxa de frango que obriguei a tiazinha do boteco a me dar.
Fora os bichos que têm minha preferência, faço qualquer coisa pelos meus poucos e bons amigos. Fico feliz ao extremo quando estão todos perto de mim. Fico bem só quando eles estão bem. Quando eu falo poucos, são poucos mesmo. Cansei de pessoas ridículas que me julgam e fazem sacanagem. Não perco tempo, excluo. Ô gentinha escrota.
Gosto de coisas simples. Sou baladeira, mas não é por isso que sou uma vadia. Adoro ler e de acordar com alguém me fazendo rir. Não gosto de fazer pose, prefiro minha empolgação pura como é. Envolvo-me. Não tenho meio termo, o que sinto chega sempre nos extremos. Não consigo ser superficial. Sou simples assim, não tem mais o que mostrar. E depois de ter sido exposta e virada do avesso mais do que deveria, resta-me dizer: Oi, quer ser meu amigo?

13 comments:

Czernucha said...

Conhecer Lucimara é para poucos....eu a conheço, não sei dizer, se gostaria, muito!
Menina mulher que para os poucos que a veêm se encantam com sua simplicidade em ser apenas sincera. Confesso que não há vejo há séculos, mas garanto que não é de minha vontade...rs....viu Lu!
E assim vou eu, tentando fazer parte da vida de uma mulher que é dedicada e acima de tudo decidida em ser apenas ela.
Valeu ... e beijos

Anonymous said...

Oi Lu,

Dificil escrever sem se expor...

Também cometi (e hoje procuro cometer menos) este “crime” , quem me conhece bem e lê o Shadow of the Moon sabe disso.

Mas nada substitui a sinceridade, o bom escritor é aquele que escreve sobre aquilo em que realmente acredita! ;)

Bjão!

Marcela Janjacomo said...

Oi Lú,
Gostei muito do texto!
Realmente difícil dizer o que acredita sem se expôr!
Concordo com tudo que escreveu sobre você.
Às vezes vejo fotos “antigas” e me vem aquela nostalgia...sempre que tenho que me maquear pra uma festa, lembro que foi “a perua aí” que me ensinou com ser uma "perua de discreta", hahaha!
Enfim, a vida acaba afastando as pessoas, mostrando novos caminhos e fazendo sim com que a gente envelheça e sinta o "peso" e a "responsabilidade" de cada ano que chega!
Certa vez li 1 pequeno poema que falava sobre envelhecer, sobre rugas, e aproveitando o encejo, vou postá-la abaixo:

A princípio ele chorava...
Misturou as lágrimas com as últimas chuvas, escorrendo por entre as rugas de um rosto que já não sorria.
Mas assim mesmo havia beleza, em cada marca evidenciada.
Uma certa aspereza delicada que notava-se à luz do dia.
O seu rosto era poesia!
As rugas...
São sinais que o amor deixou
São canais que a dor cavou
São leito de lágrimas
Sorrisos vincados
São pedaços de ti enraizados
São mais do que o tempo que já passou
São obras de arte
São o estandarte
São a fruta madura do nosso Agosto
São a tua lembrança
A que não parte
São tudo, tudo o que eu posso dar-te
As rugas do meu triste rosto...

Que as suas rugas, nunca sejam de “um triste rosto”, ok?

Alegria, sempre!

Bjos

Anonymous said...

Graças a Deus que já sou sua amiga! E com ORGULHO!

11 anos de muita alegria!

LU EM CARTAZA com certeza fará um grande sucesso! Ou melhor, já tem feito!

Te Amodoro!

P.S.: faltou uma coisa no texto: sua maldita ansiedade hehehe
P.S.2: brigada por cobrir minha cabeça para eu não sentir frio a noite. hahahahaha

Anonymous said...

Poww Xú!...
depois de tdo isso...achei q lá no fim do texto teria o seu telefone...hehehe
caraca!...adorei "saber" certas coisas ao seu respeito amore.

show de bola!
e na boa...vc é fodástica!!!...

bjossss

Camila Fernandes said...

Ué. Eu topo. Até porque parece que temos mais coisas em comum do que eu imaginava.
Só que eu prefiro gatos a cachorros, embora goste dos dois.

Camila Fernandes said...

Agora, o que eu gostaria mesmo de saber é que episódio "esnacdaloso" foi esse que você teve até que tirar do ar. Engraçado isso. Eu acho que a Web o lugar ideal para se expor, pois, diferentemente da rua, do bar, do parque etc., na Web só te vê quem quiser. Então, quem não gosta de exposição não precisa ler/olhar, certo?

. said...

Nao tem que ter medo de dizer nada, não. Quem não quer ter uma pessoa sincera como amiga. Manda brasa. É isso aí?

Beijos

Li de Oliveira said...

Prazer, Aline. Seja bem vinda ao mundo dos normais... mas muito antes disso ao mundo dos corajosos... nem todos aceitam e assumem os defeitos... Acho ótimo que faz. É um passo do crescimento... de perceber que a vida é muito mais do que "fazer tipo". A vida é muito mais vivida sem máscaras.
Eu tb sou o que sou e pro resto ligo o foda-se.

Beijossss.

Anonymous said...

Sinto um leve sorriso, meio maroto, meio cúmplice, por trás dos efeitos, possivelmente, causados por tuas letras. Adivinhar o que estão pensando, sentindo, a maneira pela qual, e a própria reação ao permitirem-se sentir o que foi escrito.
Expor-se com o breque puxado. Sentir o território. Indignar-se com a possível incapacidade, deste que escreve, em perceber o "quão" profunda foi a sua exposição. Ainda que limitada pelo solo conhecido, por onde, antes, pegadas já foram deixadas. Porém doce. Doce a maneira como traça seus pensamentos. Doce o sabor dos palavrões na sua boca, na sua folha.
Qualquer alicerce que se faça "fora", invariavelmente, caso não despenque, sofrerá rachaduras e estará fadado ao comprometimento de suas estruturas. O apoio dentro, está naturalmente protegido, e os doces e sapatos surgirão de repente, dum até então ignorado "locus", comumente designado "do nada", mas que fazer-se-á presente em cada instante, em cada gesto. Desde que, aí dentro, tais fundações sejam sólidas, como o substantivo ligado ao verbo, como o pensamento às idéias das quais surgiram. Intensos e únicos, como a essência em cada um de nós.
Coragem.
Mais que "agir com o coração", encerra a própria razão de ser do Verbo: Ação! Se fosse algo estranho a ti, não caberia. Mas é suficiente? "Nóis cá, eles lá..." é fácil. "Nóis tudo aqui!"... É muito difícil. Precisa de coragem. Integração. Ser parte, promover a proximidade e a interligação. Consciência, para quem tem, é dever usar. Obrigação auto imposta. Consciência. Conhecer-se!

Aceito seu convite.
Beijos
Luiz

Acerola das Neves said...

Ok, mandou bem! Ou mandou o que é... hehehhe bjos e prazer em conhece-la.

Anonymous said...

Bom,... tem uma coisa que eu critico mesmo, julgo mesmo e agora vou tornar público...

...NÃO ME CONFORMO COMO ALGUÉM POSSA ESQUECER O GOSTO DA PICANHA!!! rs...

Bom,... o que me deixa mais tranquilo é que, pelo menos, fiz a minha parte convidando-a para váááááários churrascos, né?! Mas tudo bem,... já desisti!!! rs...

Bjão.

Anonymous said...

mulher, simplismente mulher...

nao tenhu nada a dizer... mais aqui dentro no lado direito do peito a coisa vai aumentando.

se cuida menina, saudades de vc,

parabens pelo seu sucesso,

um beijo enorme.