Friday, June 01, 2007

PASSEIO DE BICICLETA DA ESTÂNCIA SANTA ANA ATÉ MIRASSOL OUVINDO MP3 NO MÓDULO RANDÔMICO

De Marcelo Ferrari

Respeitável pudico! Vai começar o espantalho! A direita, galinhassauros e piteromoscas. Atrás dotrilho reside um velho milho. Da janela do laranjal, uma montanha de carne e mocotó desfila pocotó peloestádio de futebol. O cavalo trota cheio de estofo na contramão do vai e vento. Nós, inventores da roda,iremos de bicicleta, desejo que vira imaginação, que vira perna, que vira pedal, que vira roda, que vira omundo, alimentando-o de horizontes. Cuidado ao atravessar o mata burro! É preciso pisar em ovos.Aqueles que tiverem nome de santo não precisar doar sangue feito aquelas seringueiras ali. Perdoem-me a barba mal feita do asfalto. Quem estiver sem chapéu pode pegar um no ipê. Damas de rosa. Cavalheiros de amarelo. As vacas não são santistas, nem corintianas, mas o boi, boi, boi, torce pra ponte-preta. Não tem jeito de perder o rumo, é só seguir os fios de alta civilização. Já estamos perto! Podem ver o incêndio de luz na caixa d´água da cidade? Mirassol é logo depois das dunas de capim gordura. Mira! Mira! Chegamos! E quem quiser fixar residência, nem precisa de escritura, bastar tirar os sapatos e deixar crescer a planta dos pés.

Thursday, May 31, 2007

Apenas números

De Tiago Abad

Você sabia que após a análise de 400 casos solucionados pela polícia, foram presas mais de 5.000 pessoas? Até aí, nenhuma novidade. Mas, entre essas 5.000 pessoas, 1.000 eram ligados à política? (deputados, senadores, filhos da puta, etc.). Ouvi isto na rádio, mas sabe o que fiz? Fiquei puto e desliguei, só queria ouvir música.
Assistindo ao Globo Rural (pois é, assisto isso de vez em quando), vi que em uma fazenda de gado de corte, mais de 8.000 bois são mortos por dia. Claro, isto em uma só fazenda, mesmo porque, se tivéssemos três fazendas (e tem muito mais que isso), teríamos uma marca de 24.000 bois. Poderíamos trocar por políticos, o que acham? Mas, sabe o que fiz? Fiquei depressivo e me confraternizei com alguns parentes dos bois, vítimas, em uma churrascaria.
Neste momento em que digito tudo isso, o mundo está cheio de uma população de 6,6 bilhões.
Na República Democrática do Congo, por exemplo, morrem mais de 1.200 pessoas por dia, segundo a UNICEF, aliás, o Congo é um dos três piores lugares pra se nascer. Podemos mandar políticos pra lá? Mas, sabe o que eu fiz? Isso me deixou tão depressivo que acabei doando uma cesta básica pra um morador de rua.
A Segunda Guerra Mundial provocou a morte de mais ou menos 55 milhões de pessoas; a bomba de Hiroshima matou mais de 60 mil pessoas. Algum político foi morto? Acontece algo com os causadores das guerras? Sabe o que eu fiz? Nada, eu não era nascido, ou talvez fazia parte de outra encarnação. Mas agora estou preocupado com o aquecimento global. Só compro palitos de dente de madeira de reflorestamento, estou reciclando até embalagem de camisinha, e não jogo mais papelzinho na rua. Mas, estou preocupado com os puns das vacas, e volto na questão “será que não é bom matar todas? Afinal, vaca morta não solta pum e não afeta a camada de ozônio”.
Apenas números, ligue seu Ipod e não leia jornais.

Wednesday, May 30, 2007

Querido(a) Amigo(a)

De Li de Oliveira

Hoje estive pensando em vocês. Em cada um de vocês. Em cada sorriso. Em cada lágrima. Em cada abraço. Senti-me só.
Recordei cada aventura. Furada. Papo sério. E ouvi silêncio.Então me dei conta que estava à mercê do quase. Hoje eu quase te liguei. Quase te escrevi um e-mail. Quase te chamei para irmos a algum lugar. Mas o quase não me permitiu dar continuidade aos meus desejos.O tempo está enlouquecido. Menor. Sobra trabalho. Some a vida. A minha vida. E assim, entrego-me ao quase. Será que você é capaz de me entender?
Todos os dias eu penso em você e rezo para que esteja bem. Com o sorriso no rosto, como uma boba solitária, eu me lembro de tudo que já passamos e querendo que muito mais aconteça. Mas quando?
Hoje eu quase chorei sozinha, ou melhor, no meio de muitas pessoas. Das quais não conheço. Não sei como são e para onde iam. Mas hoje quase me viram chorar. Desta vez o quase, até que me ajudou.
Você de repente pode estar pensando que o esqueci. Pois mal tem notícias minhas. Mas preciso, necessito que saiba que isto é uma grande bobagem, tudo que eu mais queria era poder manter o contato diário com você e poder saber mais da sua vida. Poder falar da minha vida. Mas e este tempo que quase me enlouquece?
Por favor, nunca se esqueça que a minha ausência não corresponde ao meu carinho por você. Sempre que puder estarei junto, perto. Falando aquelas besteiras que tão bem conhece, porque o que melhor faz a minha felicidade é o teu sorriso.
Estou com saudade e acho que merecia saber. Saber que minha vida está mais preto e branco sem você tão perto. Que também me incomoda o silêncio. Que também espero só um alô para saber que ainda somos ligados por nossas almas.
Ah, e quase que me esqueço. Sim, eu o amo. Muito, meu amigo.

Tuesday, May 29, 2007

Foco

De Thiago Fabrette

Mantenha o foco. Elabore. Aconteça em apenas uma coisa. Foque.
Toda semana, me pego perdendo o foco. Desde coisas simples às mais complexas. Em casa, no trabalho, com os amigos.
Semana passada, recebi uma tarefa inusitada da terapeuta. Foque. Pega apenas uma coisa pra fazer de cada vez e mantenha o foco até acabar.
Que coisa mais estranha! Quase não entendi o recado, mas aos poucos, fui tomado por uma lembrança incrível das milhares de coisas que eu precisei terminar e fazer até o fim, mas que deixei de lado.
Uma vez, tentei aprender música. Comprei violão, sacola de proteção para o instrumento, marquei aulas... Sabe o que eu toco hoje em dia? Absolutamente porra nenhuma.
Depois, na onda de um amigo, tentei fazer windsurf. Acho que tento até hoje, sem nem ter uma só vez, velejado sem ser durante as aulas na represa. E ainda pior, paguei depois umas aulas de vela em barco e nunca fiz. Acho que gastei uns R$ 1.000,00 até hoje com isso e nunca velejei.
E faculdade? Biologia. Sem terminar. MBA. Sem terminar.
E no trabalho? Tudo pra última hora e, se puder, tudo chutado.
Incrível como fui surpreendido com a tarefa. Sei que faço isso, sei que isso é ruim, mas continuo. Agora, tenho que mudar isso. É para meu bem, para minha formação.
Então, vamos lá...
Quero aqui ficar escrevendo sobre isso, vamos lá...
(...)

Monday, May 28, 2007

Tuquinha

De Suzana Marion

É domingo a noite e por incrível que pareça, a casa está cheia. Faz muito frio e toda vez que eu me ajeito chega mais alguém e eu corro pra porta pra receber. E tem gente que ainda reclama porque eu vou correndo, porque eu faço barulho... se eu pudesse eu diria “então vai você”!
Todos estão conversando animadamente, mas às vezes alguém pára um pouco pra ver o que eu estou fazendo. Nesses momentos eles me olham assim, como garoto que a mãe contou que o cachorro caiu da mudança. O pior é que se eu vou até eles com todo o meu carinho, eles riem e dizem que eu sou muito confiada... vai entender.
Agora é outro que me chama lá na sala. Ele levanta a mãozona e dá um tapinha de leve no meu bumbum, só pra me assustar. Todos estão jantando e eu to aqui semi-nua, no chão, pedindo por comida... custa colaborar? Tem quem se compadeça e me lance umas migalhas e tem também quem diga que ali não é o meu lugar... então eu volto pra sala e percebo que o cara está me dando atenção porque ficou com vergonha de me mandar sair dali na frente da namorada. Mas tudo bem, já me toquei, e já encontrei quem me dê atenção e carinho, mesmo que por gratidão por ter se escondido atrás de mim pra fugir e impressionar o sogro. Pronto, já estou quentinha novamente e o atrevido fazendo carinho na minha barriga!!!Olha só, tem mais gente chegando, e lá vou eu outra vez correr pro portão, nesse frio, receber as visitas! E quem sabe, depois de ter feito o meu serviço direitinho, de abanar o rabinho e latir pros estranhos, eu não ganho um belo osso?!