Saturday, April 28, 2007

COMO OBTER COMENTÁRIOS

De Li de Oliveira


*O mundo corre contra o tempo e cada minuto passado nos apresenta umanovidade. Assim foi com a carência virtual. De um dia para o outro elaestava ali, cheia de tomar as pessoas em solitários cliques. Navegam naInternet a procura de sentimentos seja para o riso, para o amor ou apenaspara... Enfim! *E uma das coisas criadas para suprir essa carência foram os blogs,diários virtuais, onde as pessoas expõem suas opiniões, talentos, vidas oubundas (eu disse bunda??). E a conseqüência disso é a "comentarite crônica", da qual, meus caros, eu também sofro! Mas ao longo da minha vida de blogueira aprendi algumas artimanhas para conseguir comentários, e repasso a vocês algumas:

*DICAS DO BEM:

*Propaganda é a alma do negócio! Porém, Spam é ruim e ninguém gosta. Portanto, a sua missão é tornar o e-mail de aviso de texto novo, no mínimo, agradável de ler. Porque vão pensar se o
e-mail de propaganda é assim legal imagine o texto!

*Instigue o leitor a publicar sua opinião quando ele vier te falar: "Li seu texto e acho que ...". Já emende no calor da explicação, "Ah comenta isso lá no blog isso, vamos ver se mais alguém pensa como você."

*Encha a bola do Bonito ou Bonita quando te disser o que achou do texto:"Poxa era exatamente isso que eu queria passar com minha crônica! Comente láno blog, por favor, para que todo mundo entenda."

*DICAS DO MAL:

*Ameace nunca mais falar com a pessoa se ela não comentar no seu texto.

*Ameace nunca mais escrever na vida se os comentários da sua últimacrônica não chegarem ao número X.

*Faça dramas do tipo: "Poxa Fulano, você está bravo comigo? Nem comentou no blog..."

*Resgate amigos que faz tempo que você não vê e comente empolgada: "Tô escrevendo em um blog novo agora, comenta lá, vou ficar feliz de saber que leu". O peso na consciência dele vai fazê-lo comentar.

*Intime a família a comentar dizendo que precisa de apoio e incentivo paraacreditar no seu talento.

*Reúna uma quantidade de segredos dos seus amigos e ameace contar um porum caso eles não comentem.



*Enfim, há outras dicas que irão ficar para uma próxima oportunidade.Qualquer dúvida escreva no comentário que eu terei o prazer de responder...

Friday, April 27, 2007

A Vida como ela poderia ser

De Leandro Molino

Um dia, o excepcional escritor Ruy Castro, de tantos sucessos literários, compilou em um único livro os textos mais significativos do dramaturgo Nelson Rodrigues, que sempre caracterizou seus trabalhos pela narrativa do mundo e do submundo da Classe Média carioca, como um espelho do que ocorria na maioria dos lares de todo o País. Os textos “rodriguianos” são tão significativos para a cultura nacional que este livro de Ruy Castro recebeu o nome de “A Vida como ela é”. Pois bem. Dias desses, lendo os jornais e assistindo às emissoras de televisão, chamou-me a atenção uma notícia que informava um fato, a meu ver, no mínimo inusitado: o Governo Federal, através do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), estaria adotando “novos parâmetros” para o cálculo do PIB (Produto Interno Bruto) do País. E somente em razão deste fato, nosso PIB, que no ano passado “havia sido” positivo em apenas 2,6% (somente maior que o do Haiti), passou a ser o de 3,8%, alçando o Brasil à honrosa décima primeira colocação no ranking dos Países que mais cresceram em 2006. Que notícia fabulosa e positiva! Não acham? Eu não acho. E explico o porque: esse fato, que efetivamente ocorreu, mesmo parecendo ser um tanto quanto surreal demais, é o retrato não somente de nosso Governo, mas de toda a nossa sociedade, que o aceita. Hoje em dia, é preferível mascarar a realidade do que encará-la de fato, pois preferimos impor uma versão dos fatos. Outro dia, escrevi um texto aqui no nosso blog questionando as benesses que o “império da verdade” teria nos proporcionado. Quase nenhum, pois a minha verdade é uma, a sua é outra e a do seu vizinho é uma outra ainda mais diferente. Existem fatos do cotidiano que permitem interpretações múltiplas. Todavia, outros não as admitem. O que me espanta na questão do PIB brasileiro é que esta é uma questão matemática, de estatística, que não pode ser confundida com questões políticas ou pertencentes às ciências sociais e humanas. E o Governo (me perdoem os seus defensores) realizou exatamente isso: interpretou o que não aceita interpretação. Conseguiram, finalmente, atingir o improvável, transformar uma ciência (quase) exata em uma “humanidade”, que pode variar dependendo dos interesses políticos vigentes. Tal postura é, no mínimo, questionável. Mas, como tudo na vida, apresenta seus fatores positivos e negativos. Positivamente, o que o atual Governo fez pode repercutir em outras questões de enorme importância para a administração pública, como, por exemplo, a do déficit do INSS. Hoje ele existe e sabemos (mais ou menos) qual a sua valoração. Amanhã, basta alterarmos os seus critérios de cálculos para que esse alardeado déficit se transforme em um superávit... Por que não? Podemos fazer isso também com relação a questão educacional. Se é a educação a mola impulsionadora das efetivas transformações sociais, vamos alterar os critérios de cálculo das taxas de analfabetismo, de repetência, de produção científica. E vamos, assim, elevar o nosso País na questão educacional! Nós já investimos tanto e tão bem nisso, não é mesmo? Podemos fazer o mesmo com relação à dívida externa, diminuindo consideravelmente seus valores? Xiiii... para tanto seria necessário perguntarmos para os estatísticos internacionais, que representam nossos credores, se isso seria possível. Será que eles aceitariam essa “alteração de critérios”? Que me desculpem os economistas, mas quem precisa “alterar os critérios” somos nós, cidadãos, na hora do voto, quando elegermos nossos representantes políticos. Essa sim seria uma efetiva variação da realidade, que nos proporcionaria, sem dúvida, atingirmos um patamar de vida bem melhor do que o atual.

Thursday, April 26, 2007

Para não dizer que não falei de bolas

De Léo Lousada

Como hoje a moda são as trilogias, eu me dei conta que há 45 dias, eu iniciei uma sem querer. Escrevi uma crônica falando do Pinto, meu sobrenome, e há 15 dias, falei do saco, o saco cheio. Então resolvi fechar a trilogia falando de bolas, bolas fora.
Tenho que confessar que sou rei da bola fora. Já dei tantas bolas fora que já perdi a conta. Mas de que servem essas bolas se elas não nos fazem rir, né? O negócio é não ficar bola ‘murcha’, é rir da situação.
Uma das que eu mais me lembro foi quando eu fui alugar meu primeiro apartamento para morar sozinho, isso lá pra 1996, e ao chegar ao prédio fui acompanhado pelo porteiro ao respectivo apê, já tendo conhecimento do preço do aluguel. Ao abrir a porta eu me deparei com um pardieiro. Automaticamente fiz a ligação de preço-local e minha boca grande desandou a falar mal da velhinha que era dona do apartamento. Chamei a pobre velha de todos os adjetivos da terceira idade que consegui lembrar pelo absurdo da cobrança. Quando me acalmei e olhei para trás, adivinha quem estava lá parada e com cara de quem tinha visto a Dercy Gonçalves pelada? Pois é....a velhinha. Ora Bolas! Eu lá ia adivinhar que ela estava ali. Bem...trauma superado, bola pra frente.
Logo em seguida eu fiz uma viagem para os EUA. A boa e velha Disney. Resolvi que ia passar um mês lá para conhecer bem a Flórida. Com o passar dos dias eu comecei a sentir falta de ouvir alguém falar em português e tava ficando de saco cheio (olha ele aí de novo) de ouvir inglês o dia todo. Até que em um certo parque, encontrei dois caixas de uma daquelas lojas de bugigangas que eram americanos, mas que estavam loucos para aprender português, e é lógico que a primeira coisa que eles quiseram ouvir foram os palavrões. No meio desta lição valiosa, eu ainda tentava fazer minhas compras e foi nessa hora, distraído, que eles perguntaram como seria o “de nada” em português. Eu sem raciocinar o que estava acontecendo, respondi sem pestanejar: é foda-se. Pronto, a bola tava levantada e a cortada não iria demorar. Não deu nem dois minutos para uma brasileira aparecer, comprar e mandar um thank you, que foi prontamente respondido pelos dois atendentes em uníssono com um empolgado FODA-SE. Eu não consegui desfazer o mal entendido porque estava me debulhando de rir, a ponto de perder a fala.Estas são apenas algumas amostras do potencial bolístico que possuo. Quem sabe nos comentários meus amigos não cuidam de me lembrar de mais algumas bolas foras, hein?

Wednesday, April 25, 2007

Sonora

De Lucimara Paiva

Quando pequena, eu pirava e dançava por horas enquanto ouvia o disco da Xuxa. O repertório incluía também Balão Mágico, Trem da Alegria, Mariane, Menudos, Polegar e Mara Maravilha.
Escondidinha, imitava todos os artistas cantando em frente ao espelho. O microfone era o vidro de perfume ou a escova de cabelos. Não sei, até hoje, como eu conseguia cantar todas as músicas de cor, sem ao menos saber escrever meu nome.
Não sei também se foi isso o que me fez encarar aulas de canto anos mais tarde. Dois meses de esforço e tonteira por causa de muito oxigênio, que só não foram em vão porque descobri peculiaridades um tanto estranhas, mas bem interessantes.
Eu não falo direito, mantenho a voz de taquara rachada que oscila com tom grave, não necessariamente nessa ordem. Quase um menino pré-adolescente. Paro de respirar por alguns instantes, o que me faz ficar ansiosa, e quando eu fico ansiosa, paro de respirar, e se eu paro de respirar fico ansiosa, e vou vivendo nesse ciclo sufocante sem perceber. Cantar que é bom, nada.Consegui alcançar algumas notas no susto, mas conscientemente fui um fiasco. Impaciente demais para esse tipo de coisa.
Quando parei de tentar e percebi que se eu nasci com algum talento, realmente não foi esse, descobri que o que me agrada mesmo é extravasar. Acho que eu associo música com algo anti-stress. Trabalho, durmo, faço faxina, ando de ônibus, faço ioga, escrevo, estudo, cozinho ouvindo música.
Não entendo nada sobre a parte técnica. Não sei de notas, partituras ou escalas. Não discuto gostos. Só sei que me sinto bem.
Essa semana, depois de dois shows seguidos, em que pouco me importei se eu cantava ou berrava, se as pessoas ao meu lado gostavam ou não, se eu quase as deixei surdas, se eu parecia louca pulando junto daquela multidão, descobri que o que importou mesmo foi gritar para mandar todo aquele mau humor crítico e cínico para o inferno. E que ficar completamente rouca serve de piada depois de ter saído com a alma lavada.

Tuesday, April 24, 2007

Da menina do sexto sentido e nenhum dos outros

De Antonio Zubieta

O início

Ao longo das próximas semanas vocês irão ler a saga da simples, Ana. Seu nome completo, Ana Timar. Para não se alongar na história foi necessário escolher um período da fase dela para a narração. Até porque resgatar todo o período da historia seria tarefa difícil, e envolveria pesquisas e depoimentos pelos lugares onde ela passou. Há quem diga que não seria necessário falar muito da história dela, um pouquinho que fosse, seria suficiente para entender suas origens. Pois é, assim foi.


Comecemos com a viagem dela para um país da América Latina e com o nascimento do taciturno filho de Ana. Aliás tudo que vem de Ana é assim. Diferente e místico.
Apesar de Ana não ter origens místicas ( pelo menos sabe-se que nasceu aqui) ela queria que tudo ao seu redor fosse diferente. E quando não era, se desdobrava para transformar o cenário da forma que queria.
Ana tinha uma inteligência sobrenatural, exatamente, não era paranormal, era sobrenatural. Via além do que é comum. Percebia, sentia e sabia exatamente administrar os riscos dessa virtude; por mais que fossem consideradas todas as variáveis da natureza das coisas.
A criança significou a personificação de sua própria identidade. Havia agora a possibilidade de garantir a perpetuidade do sexto sentido.

Ana foi para o Chile, foi homenageada com a medalha de Eduardo Albaroa, herói boliviano que morreu nas mãos das tropas chilenas, durante a Guerra do Pacifico nos fins do século 19. Foi homenageada porque apresentou uma tese que o território antes boliviano, era legitimamente chileno. Uma tese absurda, porém convincente.

Continua....

Monday, April 23, 2007

Cores

De Luciana Muniz

Desceu do carro devagar, a filha o conduzia pelas ruas e por vezes ele esbarrava nos vultos que passavam apressados. Alguns destes vultos eram cinza claro, outros em um tom mais escuro, quase negro.
Entraram no hospital e a atendente pediu que aguardassem a chegada do médico. Trinta minutos haviam se passado e apesar de há muito não ser mais uma criança, ele estava nervoso. Morrendo de medo da anestesia.
A filha estava impaciente, sentada ao seu lado e com os olhos fixos no celular, talvez mais ansiosa do que o próprio pai.
Enquanto aguardava, ele se lembrou da filha quando criança, correndo na grama verde do parque do Ibirapuera, fazendo os longos cabelos avermelhados bailarem ao vento. Daí o tempo passou, ela cresceu, se casou e lhe deu dois lindos netos.
E ele a cada dia foi enxergando menos, mas como odiava ir ao médico, foi adiando a visita ao Doutor. Mas quando a filha percebeu que algo estava errado e o levou para fazer alguns exames, apesar dos seus protestos, descobriu que estava com catarata.
A porta da sala se abriu e um vulto veio ao seu encontro. A filha lhe disse para não se preocupar, pois era a enfermeira que lhe conduziria para o centro cirúrgico.
A cirurgia foi simples e assim que pôde tirar os curativos, foi como se um mundo novo se revelasse diante dos seus olhos.
Passou a prestar uma atenção detalhada em tudo o que via, enfim se deu conta do quanto estava perdendo por não estar mais enxergando com nitidez as cores da vida à sua volta.
Muito melhor do que se lembrar, era ver novamente a explosão vulcânica do vermelho nos cabelos de sua filha, também presente nas madeixas dos netos.
Andou vagarosamente pelo jardim em frente ao hospital e vislumbrou o equilíbrio e a esperança do verde nas folhas sob a luz do sol. Olhou para o céu e se maravilhou com o esplêndido azul celeste, contrastando com a riqueza dourada dos raios solares.
As pessoas na rua não eram mais vultos acinzentados, cada uma tinha a sua combinação de cores, umas monocromáticas, outras exuberantemente coloridas.
Horas mais tarde, já em casa, mirou-se no espelho e contemplou o castanho dos seus olhos, muito vivos e brilhantes. Mas o que mais lhe despertou curiosidade foi a paz que tomou conta de si ao reparar melhor no branco dos seus cabelos.