Monday, July 09, 2007

O deserto de nós mesmo

De Suzana Marion

Todo mundo trancado em seus próprios pensamentos, o cérebro vedado pelos fones brancos. Já não são as baias de 1x1m, já não é a caixa mágica a culpada, somos nós que aprendemos a viver sozinhos. Eu prefiro jogar sudoku na fila do banco do que falar com o camarada na minha frente sobre o tempo, sobre o governo. E todo mundo prefere ficar imerso em seus próprios pensamentos do que desejar “bom dia”! Pra ninguém se meter na nossa vida, a gente costuma não se envolver com a do outro, assim não dá legalidade pra meterem o bedelho no nosso namoro, nas nossas decisões...
O problema é que depois de passar muito tempo no deserto, duas coisas costumam acontecer: primeiro a gente começa a ver miragens, a pensar que existem oásis de refrigério no meio da areia quente... daí acaba se ralando nessa areia, se queimando e sofrendo mais ainda quando descobre que imaginou demais, que se iludiu.
Depois, é muito comum que o delírio e a decepção nos levem a esquecer que a água existe, a não acreditar mais em saída, em solução, em salvação. E é aí que a gente se entrega, deixa a pele queimar no calor do dia, deixa a boca rachar no frio a noite. Chora sozinho e desidrata mais ainda, teme os animais velozes e peçonhentos mais que tudo nessa vida, mas é capaz de se entregar a eles na esperança de que dêem fim em sua agonia.
E é preciso ter fé, esperança, coragem! É preciso manter viva a lembrança da água que nos envolveu, nos matou a sede e nos limpou... é preciso não deixar a memória derreter nem o coração endurecer. O socorro no deserto vem do alto! Mesmo que você sofra muito, não há o que temer, enquanto você está sedento e perdido, Deus está procurando por você.

3 comments:

Anonymous said...

Decididamente eu não concordo com este poste...E olha que eu tenho bagagem para falar viu...
Para mim não a nada melhor do que ter um rosto amigo, um coclo, isso faz um bem danado, erros, decepções, elas acontecem o tempo todo em todo lugar, mas como eu aprendi, elas não matam ensinam a viver. E quando a gente permite que as pessoas se acheguem a nós, nos surpreendemos em descobrir que no meio das decepç~es existem tb as alegrias, as satisfações...
Beijos amiga

Anonymous said...

Interessante!! Aliás, incluiria o "não olhar nos olhos" como algo estranho tb... já diz a célebre frase "os olhos são a janela da alma", e como tem gente se escondendo atrás dos próprios olhos! Bom texto!!

Bruno Carvalho said...

Gostei da analogia, muito interessante. Eu já vivi os dois lados da moeda, e percebi que se isolar não está com nada. "O deserto", não haveria melhor jeito de demonstrar isso! Muito legal!


Parabéns!!

Abraços!