De Léo PINTO Lousada
Pinto! Pinto! Pinto! Calma meninas, não é promoção! É o meu sobrenome!
Pois é, o Lousada também é, mas eu costumo tirar e botar o Pinto quando me convém. E foi assim desde pequeno.
No meu primeiro colégio foi onde passei aquela fase triste da infância onde a palavra Pinto está no topo das mais engraçadas, ainda mais se é o nome do sujeito. Lá, obviamente, eu era motivo de risadas e brincadeiras na hora da chamada. Parecia praga, mas toda vez que eu mentalizava para o professor só falar meu nome, ele sempre soltava o Pinto junto com o nome. E tinha professor que adorava escancarar meu Pinto para toda classe. Juro que na minha inocência infantil eu nem percebia que muitos deles faziam de propósito.
Depois mudei de colégio e percebi que meu Pinto não era famoso no novo colégio. Isso pode parecer estranho, mas era legal não ter o Pinto famoso. Até que enfim um Pinto anônimo, ufa! Os professores só me chamavam pelo nome e nada de Pinto.
Até que um belo dia o Pinto resolveu mostrar-se em toda sua magnitude. Quase no fim do ano, houve uma daquelas campanhas de vacinação que o colégio inteiro se juntava no pátio para tomar uma dessas vacinas que deixam marca para sempre no seu braço. Quando o médico da vacinação anunciou o primeiro nome da lista para ser vacinado, eu soube que, ouvir na frente de todo mundo “Pinto”, ia ser duro! E não tardou o médico soltou um sonoro Leandro PINTO Lousada. E lá se foi um Pinto encolhido e vermelho de vergonha ser vacinado. A partir daí o Pinto tava famoso e não se falava em outra coisa na minha classe a não ser do meu Pinto. Ah, a infância! A época em que podemos ser sádicos sem ninguém nos recriminar e ainda nomear esse sadismo de “veracidade infantil”. Lembro das tias que sempre falam: “Você sabe, né? Criança não mente, não tem maldade”.Sei...
Ora, depois do colégio o Pinto cresceu e não cresceu um Pinto complexado. Cresceu um Pinto altivo e com orgulho do nome. O Pinto estava agora na faculdade e trabalhava bastante. Era um Pinto que começava aos poucos a se sustentar sozinho. Quase um exemplo de Pinto. Foi quando eu percebi que ter ou não Pinto, no nome, não fazia mais diferença.
E então o que antes eu tentava esconder, agora eu queria saber qual era a origem. De onde tinha vindo meu Pinto? Por onde ele andou? Seria um Pinto europeu mesmo? Ou um Pinto desconhecido? Será que eu era um dos grandes Pinto?
Nunca cheguei a realmente procurar de onde vinha, mas tinha curiosidade sobre meu Pinto. Até que um outro Pinto famoso, o Ziraldo, esclareceu de onde vinha o Pinto:
“Fiquem sabendo que nós, os Pintos, não somos cristãos-novos como os que têm sobrenome de bichos – Coelho, Carneiro, Raposo, Leão – ou nome de árvores, como Carvalho, Pinheiro, Macieira, Pereira, Oliveira, etc. Nós somos descendentes dos judeus morenos da Península Ibérica, os Sefardins. Quando os árabes chegaram à Portugal, encontraram os lusos que eram branquíssimos, descendentes dos Celtas. Os lusos – os primeiros portugueses – levaram o maior susto com aquela gente morena e achavam que nossa turma era pintada de marrom. E passou a chamar a gente de pinto, ou seja, o particípio passado sincopado do verbo pintar (assim como ganho e ganhado). Pinto quer dizer pintado. Ou seja: moreno.”
Tenho que dizer que não sou moreno, mas sou Pinto. E com mais orgulho de saber por onde meu Pinto andou.
E dá-lhe Pinto!
Thursday, March 29, 2007
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7 comments:
Enfim.... Pinto tb é cultura!!! rsrs Muito bom o texto, ou seria o desabafo??
Beijossss.
hahahahhahahahaha
Boa Leozito, o seu texto q mais gostei......
abraço!!
Feffers
FIQUEI FELIZ EM TER CONTRIBUIDO NA OBRA DE UM ARTISTA... MESMO QUE SEJA PELO PINTO, HEHEHE. FICOU ÓTIMO. PARABÉNS!
BEIJOS
MÔNICA
engraçado, eu passei pela mesma coisa com o nome Marion... eu tinha quase medo dele, das piadas, de escreverem errado, de me chamarem de "MARIÃO". Mas daí eu cresci, fui pra faculdade e assumi o Marion de vez, exibindo-o com orgulho. Isso até a infeliz da 'vilã' da novela das 8 se chamar Marion e começarem as piadas outra vez!
Meus parabéns, vc tirou as piadas de letra!
bjx
Também passei pelo mesmo problema, agora eu até acho engraçado e gosto.Como eu sempre falo, não sou hermafrodita mas tenho um BELAU. hahahahahah.
BJS.
Léa
Massa!!! A saga de um Pinto apenas começando rs!!
Abraços
bom, tem lá suas vantagens... suas tias ao verem vc crescido poderiam comentar "nossa pinto, como vc cresceu" rsrsrsrs é uma saída... heheheh abraço!! Tiago Abad
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