De Marcelo Ferrari
Foi a Mirian Leitão que disse "A economia explica
tudo". Ela disse isto pra justificar os resultados da
votação pra presidente. Tenho que concordar com a
Mirian, no fundo, e nem precisa ir tão fundo assim,
parece não existir outra motivação coletiva senão o
dinheiro. Já foi-se o tempo em que a fé movia
montanhas, atualmente, a fé move é muito dinheiro
também. E não vamos botar a culpa neles. Por favor,
levante a mão se você não fizer isto: rezar pedindo
alguma coisa, um emprego, um bem, em suma, um
beneficio que possa contabilizar na sua vida. "A
economia explica tudo" foi uma verdade dita pela
Miriam sem consciência da profundidade da questão. "A
economia explica tudo" é uma frase psicanalítica, e
trata da questão do amor e do poder. Dinheiro é poder.
Não existe amor no dinheiro, pois não existe amor no
poder. O poder é a posse, a vontade de ter, de
possuir, de controlar. O amor é o oposto disto, é a
liberdade, o ser, a entrega. Assim, se "A economia
explica tudo", e a economia é o fluxo de dinheiro, que
por sua vez é o fluxo de poder, que por sua vez, é
ausência de amor, assim, a frase se transfigura e se
auto-explica: "A ausência de amor explica tudo".
Novamente tenho que concordar com a Mirian.
Friday, April 20, 2007
Thursday, April 19, 2007
Brasil... quem te disse?
De Tiago Abad
O Brasil é um país multi-cultural sem dúvidas. Várias raças, povos, crenças, religiões... convivem nesta terra que um dia há de comer-lhes (eu também). Quem disse que o Brasil é Brasil? Sim! Não estou ficando louco! A invasão chinesa, o bairro da liberdade, americanos, camponeses, russos, astronautas, Ets, santidades, múmias... tem de tudo, pra todos os gostos.
Os povos se abraçam no ritmo do carnaval, sambam aos pés de Zeca Pagodinho, enchem a cara de caipirinha e choram as mágoas no ombro de um favelado. Tem algo de mal nisso? Claro que não! Todos somos um só (já diria a bíblia), e podemos conviver com união, com irmandade... o capitalismo faz as pessoas enrigecerem-se. Alemães só faltam vir com um pauzinho enfiado pra dizerem que são picolé. Mas aqui não, a "terra mágica" contagia os mais céticos, os duros imitam Carla Perez, os que nunca ouviram samba encantam-se com a Globeleza.
Mas claro, Brasil não é só samba! Temos paisagens, temos grandes autores, escritores, cineastas, músicos, palhaços... mas temos também caipirinha... açúcar, limão, cachaça e gelo. Aí vem o churrasco e de novo o sambão pra acompanhar. E dizem que no Brasil tudo é carnaval. Quem falou isso? Mentiroso não é, afinal, sambamos pra esquecer do mundo escroto que vivemos.
O samba é remédio, o Brasil é o som e o povo o arrastão. Arrasta pra cá, escorre pra lá e vamos vivendo. Nó em pingo d'água tá mais fácil que mascar chiclete. Vendo a janta pra almoçar, compro o café da tarde à prazo e financio o café da manhã. Sabe pra que? O capitalismo inseriu-se no samba. Quem não tem chinelo samba descalço, mas quem está descalço quer um chinelo. A dialética do capital transforma o carnaval em "todo mundo pro pau"... Serasa que o diga.
Quem te disse então que no Brasil tudo acaba em pizza? Errou feio, o samba tá aí.
O Brasil é um país multi-cultural sem dúvidas. Várias raças, povos, crenças, religiões... convivem nesta terra que um dia há de comer-lhes (eu também). Quem disse que o Brasil é Brasil? Sim! Não estou ficando louco! A invasão chinesa, o bairro da liberdade, americanos, camponeses, russos, astronautas, Ets, santidades, múmias... tem de tudo, pra todos os gostos.
Os povos se abraçam no ritmo do carnaval, sambam aos pés de Zeca Pagodinho, enchem a cara de caipirinha e choram as mágoas no ombro de um favelado. Tem algo de mal nisso? Claro que não! Todos somos um só (já diria a bíblia), e podemos conviver com união, com irmandade... o capitalismo faz as pessoas enrigecerem-se. Alemães só faltam vir com um pauzinho enfiado pra dizerem que são picolé. Mas aqui não, a "terra mágica" contagia os mais céticos, os duros imitam Carla Perez, os que nunca ouviram samba encantam-se com a Globeleza.
Mas claro, Brasil não é só samba! Temos paisagens, temos grandes autores, escritores, cineastas, músicos, palhaços... mas temos também caipirinha... açúcar, limão, cachaça e gelo. Aí vem o churrasco e de novo o sambão pra acompanhar. E dizem que no Brasil tudo é carnaval. Quem falou isso? Mentiroso não é, afinal, sambamos pra esquecer do mundo escroto que vivemos.
O samba é remédio, o Brasil é o som e o povo o arrastão. Arrasta pra cá, escorre pra lá e vamos vivendo. Nó em pingo d'água tá mais fácil que mascar chiclete. Vendo a janta pra almoçar, compro o café da tarde à prazo e financio o café da manhã. Sabe pra que? O capitalismo inseriu-se no samba. Quem não tem chinelo samba descalço, mas quem está descalço quer um chinelo. A dialética do capital transforma o carnaval em "todo mundo pro pau"... Serasa que o diga.
Quem te disse então que no Brasil tudo acaba em pizza? Errou feio, o samba tá aí.
Tuesday, April 17, 2007
(des) Qualificados
De Thiago Fabrette
- Bom dia! Vim para preencher a vaga de vereador que está no anúncio...
- Ah sim, pois não. Pode entrar, por favor. As entrevistas vão começar num minuto. Pegue aquela fila à direita...
- Mas moça, eu quero me candidatar a vereador, não pego filas, posso passar na frente?
- Pode, mas todos ali são candidatos, estão todos na fila de fura-filas, portanto, acho que o senhor pode tentar negociar com eles. Terão votações antes das entrevistas. Quer dizer, se der tempo.
- Ãhn?? Não entendi nada.
- Ah, não se preocupe, pode entrar, a fila andou e as entrevistas vão começar já. Por aqui, por favor.
- Nome?
- Rogério Roger Marcius.
- Idade...
- Trinta e oito anos.
- Candidato a...
- Vereador, de acordo com o anúncio. Não precisa de colegial não, né?
- Não, não. Só o ensino básico já serve. Nem isso, na verdade. Não pedem nada. Por que acha que tem qualificação para o cargo, senhor Rogério?
- Ah, eu nem sei direito. O que faz um vereador?
- Bom, nem eu sei muito bem. Ultimamente, nada, mas você pode entrar e daí, ver. Pode ser que este ano façam um treinamento.
- É que eu não quero trabalhar muito. Quero ganhar uns 26.000 Reais. Por mim, isso dá.
- Na verdade, dá pra receber em torno de 12.000, com os benefícios. E você ainda pode votar seu próprio aumento. A vaga lhe interessa?
- Hum... Tem um salário mais alto, com menos trabalho?
- Tenho vagas de deputado estadual. Também dá pra aumentar o salário e não precisará trabalhar às segundas-feiras. Os ganhos ainda são em torno de 17.000 com mais uns 5.000 de benefícios.
- Dá pra furar filas e entrar em estádio de graça?
- Dá, depende de você e de quem estiver na porta.
- E tem algo mais legal? Tipo, que não dependa disso, que o salário seja maior e que eu não precise trabalhar na segunda, que eu possa ganhar auxílio terno, que eu possa ganhar passagens aéreas, auxílio moradia, carro e tudo mais? Mas sem trabalhar muito hein. E quero ainda, não esqueça, poder aumentar meu salário. Sem limites, tipo, se eu quiser aumentar em 100%. Pode? E precisa de que? Tipo qualificação...
- Olha, qualificação, nenhuma. Tenho algumas vagas sim, para deputado federal. O salário é bem o que você quer, se juntar os benefícios todos, e são assim mesmo, puxa, você acertou em cheio. Deve ser a vaga com a sua cara!
- E tem algo com mais poder, eu queria aparecer bastante na TV...
- Tem a vaga de presidente, você fica aposentado, aparece bastante na TV, jantares bacanas, assessores, mulheres, bebidas, casa, carro, sítio com churrasco e cachaça... Esse cargo é legal à beça! Só o salário que não dá pra votar e é de 8.790.
- Não, não... Prefiro me candidatar a deputado mesmo... Imagina, essa mixaria...
- Quer botar o dedo aqui na carimbeira, por favor?
- Bom dia! Vim para preencher a vaga de vereador que está no anúncio...
- Ah sim, pois não. Pode entrar, por favor. As entrevistas vão começar num minuto. Pegue aquela fila à direita...
- Mas moça, eu quero me candidatar a vereador, não pego filas, posso passar na frente?
- Pode, mas todos ali são candidatos, estão todos na fila de fura-filas, portanto, acho que o senhor pode tentar negociar com eles. Terão votações antes das entrevistas. Quer dizer, se der tempo.
- Ãhn?? Não entendi nada.
- Ah, não se preocupe, pode entrar, a fila andou e as entrevistas vão começar já. Por aqui, por favor.
- Nome?
- Rogério Roger Marcius.
- Idade...
- Trinta e oito anos.
- Candidato a...
- Vereador, de acordo com o anúncio. Não precisa de colegial não, né?
- Não, não. Só o ensino básico já serve. Nem isso, na verdade. Não pedem nada. Por que acha que tem qualificação para o cargo, senhor Rogério?
- Ah, eu nem sei direito. O que faz um vereador?
- Bom, nem eu sei muito bem. Ultimamente, nada, mas você pode entrar e daí, ver. Pode ser que este ano façam um treinamento.
- É que eu não quero trabalhar muito. Quero ganhar uns 26.000 Reais. Por mim, isso dá.
- Na verdade, dá pra receber em torno de 12.000, com os benefícios. E você ainda pode votar seu próprio aumento. A vaga lhe interessa?
- Hum... Tem um salário mais alto, com menos trabalho?
- Tenho vagas de deputado estadual. Também dá pra aumentar o salário e não precisará trabalhar às segundas-feiras. Os ganhos ainda são em torno de 17.000 com mais uns 5.000 de benefícios.
- Dá pra furar filas e entrar em estádio de graça?
- Dá, depende de você e de quem estiver na porta.
- E tem algo mais legal? Tipo, que não dependa disso, que o salário seja maior e que eu não precise trabalhar na segunda, que eu possa ganhar auxílio terno, que eu possa ganhar passagens aéreas, auxílio moradia, carro e tudo mais? Mas sem trabalhar muito hein. E quero ainda, não esqueça, poder aumentar meu salário. Sem limites, tipo, se eu quiser aumentar em 100%. Pode? E precisa de que? Tipo qualificação...
- Olha, qualificação, nenhuma. Tenho algumas vagas sim, para deputado federal. O salário é bem o que você quer, se juntar os benefícios todos, e são assim mesmo, puxa, você acertou em cheio. Deve ser a vaga com a sua cara!
- E tem algo com mais poder, eu queria aparecer bastante na TV...
- Tem a vaga de presidente, você fica aposentado, aparece bastante na TV, jantares bacanas, assessores, mulheres, bebidas, casa, carro, sítio com churrasco e cachaça... Esse cargo é legal à beça! Só o salário que não dá pra votar e é de 8.790.
- Não, não... Prefiro me candidatar a deputado mesmo... Imagina, essa mixaria...
- Quer botar o dedo aqui na carimbeira, por favor?
Monday, April 16, 2007
Expectativas
De Suzana Marion
Há 15 anos eu pensava que seria uma publicitária de sucesso à essa altura e que seria casada com o meu primeiro amor. O máximo que pude fazer até agora foi conversar com ele no MSN esta manhã e 3 semestres de comunicação na faculdade, que tranquei já faz quase 1 ano.
Eu acreditava que teria uma casa com piscina e que nem teria tempo para usa-la, que iria a festas de gente rica e que seria um deles afinal, me esqueceria do lugar de onde eu vim.
Pensei que com quase um quarto de século eu teria rompido com minha família, mudado de país, emagrecido. Mas as coisas tomaram um rumo inesperado e, mesmo que eu me esforce para voltar à rota original, o trem dos planos da minha vida sempre desvia ou descarrila!
A cegonha visitou quase todos os meus amigos e eles ostentam uma argola dourada, pelo menos no anelar direito. Até a minha irmãzinha se casou neste fim-de-semana! E eu penso que ainda sou meio criança, que não tenho todas essas responsabilidades da vida adulta, mas me sinto feliz com minhas meias do Mickey.
Não é que eu não esteja ansiosa por pagar IPTU, IPVA, Imposto de renda de pessoa jurídica! Mas prefiro esse ritmo mais modesto... comer a vida a generosas colheradas, mas sempre pelas beiradas, igual brigadeiro de adolescente. As vezes bate aquela angústia por ter que esperar as coisas acontecerem, a ansiedade por realizações. Mas é só olhar para trás e ver tudo o que eu conquistei até aqui pra me sentir de volta ao controle da minha vida.
Que venham os próximos 15 anos de imprevistos.
Há 15 anos eu pensava que seria uma publicitária de sucesso à essa altura e que seria casada com o meu primeiro amor. O máximo que pude fazer até agora foi conversar com ele no MSN esta manhã e 3 semestres de comunicação na faculdade, que tranquei já faz quase 1 ano.
Eu acreditava que teria uma casa com piscina e que nem teria tempo para usa-la, que iria a festas de gente rica e que seria um deles afinal, me esqueceria do lugar de onde eu vim.
Pensei que com quase um quarto de século eu teria rompido com minha família, mudado de país, emagrecido. Mas as coisas tomaram um rumo inesperado e, mesmo que eu me esforce para voltar à rota original, o trem dos planos da minha vida sempre desvia ou descarrila!
A cegonha visitou quase todos os meus amigos e eles ostentam uma argola dourada, pelo menos no anelar direito. Até a minha irmãzinha se casou neste fim-de-semana! E eu penso que ainda sou meio criança, que não tenho todas essas responsabilidades da vida adulta, mas me sinto feliz com minhas meias do Mickey.
Não é que eu não esteja ansiosa por pagar IPTU, IPVA, Imposto de renda de pessoa jurídica! Mas prefiro esse ritmo mais modesto... comer a vida a generosas colheradas, mas sempre pelas beiradas, igual brigadeiro de adolescente. As vezes bate aquela angústia por ter que esperar as coisas acontecerem, a ansiedade por realizações. Mas é só olhar para trás e ver tudo o que eu conquistei até aqui pra me sentir de volta ao controle da minha vida.
Que venham os próximos 15 anos de imprevistos.
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