De Li de Oliveira.
Por que você se permite a esse falso moralismo? Isso será mesmo seu ou alguma bobagem criada por uma minoria manipuladora e julgado por uma maioria mecânica?
Você é o produto da propaganda! O sorriso estático do outdoor. Sem se dar conta que a tal família feliz da manteiga light ganhou, no mínimo, uma cifra de quatro dígitos para ali estar, lhe convencendo a ser um falso alegre.
Será que sou a última das românticas que acredita no ser por ser? Não porque se deve ser ou que assim esperam que seja. Você percebe que é o que a mídia quer? A novela dita sua moda. A revista seu biótipo. E o pior, as pessoas que lhe rodeiam o seu comportamento. Porque é incapaz de dar um passo sem pensar: "O que fulano acha disso?".
Eu o desafio! Nesta última semana qual atitude foi exclusivamente sua? Que ninguém tenha feito igual e te deu a idéia. Qual tenha favorecido somente a você?
Para onde foram as personalidades? Os atos impulsivos? O individualismo!? A rua está repleta de exércitos apáticos, monótonos e incapazes de surpreender. Ao menos que “surpresa” vire moda.
O sentido da vida se perdeu. Porque ninguém mais vive, apenas seguem como formigas. Não é assim que os livros de ciência dizem: “Todo ser humano nasce, cresce, se reproduz e morre”. Por que não questionam isso? Por que a minha vida teria que ser assim!? Não subestimem minha inteligência!
Você é capaz de compreender que há pessoas que não sabem se expressarem com palavras? Ah sim, sei que sabe. Então por que julga aquele cara todo tatuado?
Desligue sua máquina de contradição. Desligue também sua Tv. Viva mais, sinta mais, pense mais ou não... Mas faça por você!
“Dê um sorriso quando me entender, seja você... Seja só você...” (Herbert Viana)
Saturday, April 07, 2007
Friday, April 06, 2007
ADMITA E SEJA FELIZ
De Marcelo Ferrari
Na duvida se vai dar tempo de escrever aquela crônica
que prometi, mas que ainda não escrevi por preguiça,
mando esta aqui. Sim! Isto mesmo! P.r.e.g.u.i.ç.a.
Admito. E assumo as conseqüências do que faço. Ou
melhor, do que não faço. Eis a verdade que me liberta.
Experimente fazer a mesma coisa. Ao invés de fugir ou
mentir pra si mesmo, assuma os cabelos brancos. Assuma
os fatos. Se você estiver com preguiça de ler este
texto, por exemplo, pra que continuar torturando suas
pupilas? Admita que não gosta do tema, do autor, do
assunto. Se você não aprecisa o time do corintians,
por exemplo, não vai ser este sorriso amarelo que irá
convencer seus torcedores do contrário. Admita. Até
quando você vai fingir que não tem inveja daquela
barriga de tanquinho dos modelos e das modelos de TV?
Admita. Até quando vai negar que os sete pecados
capitais, estaduais e interestelares? Até quando vai
mentir que adora se entupir de chocolate? Que cobiça a
mulher do próximo e do distante? Que morre de raiva
por ser obrigado a usar o cinto de segurança? Até
quando vai fingir que está tudo ducaralho quando não
está porra nenhuma? Ora, quer atingir a iluminação?
Quer chegar ao Nirvana? Quer adentrar ao reino que não
é deste mundo? É simples: admita e seja feliz! Vá
agora mesmo até o banheiro e conte tudo para primeira
pessoa que aparecer em frente ao espelho. Não esconda
nada. Pode ir lá agora! Eu fico aqui esperando. (...... ...)
Pronto! Me diga: libertou ou não libertou?
Claro que sim! Dá até pra ver na sua cara! Espelho é
tudo, não é? Espelho é o outro eu mesmo. Afinal,
porque vamos no psicólogo? Não é pra admitir pro
outro-eu o que não temos coragem de admitir pro
eu-mesmo? E a gente ainda paga uma bolada pro
psicoespelho ficar lá emitindo aquele mantra da
misericórdia: "unhun". Ora, se admitirmos esta
verdade, nos livramos do psicólogo também, não é? E se
o consultório for a igreja, nos livramos da sala de
confessionário e do sermão do padre. Mas enfim, já que
hoje é dia santo, vamos aproveitar para atualizar a
oração dando-lhe mais poder e utilidade. Em nome do
pai, do filho e do espírito santo: eu admito. Amém.
que prometi, mas que ainda não escrevi por preguiça,
mando esta aqui. Sim! Isto mesmo! P.r.e.g.u.i.ç.a.
Admito. E assumo as conseqüências do que faço. Ou
melhor, do que não faço. Eis a verdade que me liberta.
Experimente fazer a mesma coisa. Ao invés de fugir ou
mentir pra si mesmo, assuma os cabelos brancos. Assuma
os fatos. Se você estiver com preguiça de ler este
texto, por exemplo, pra que continuar torturando suas
pupilas? Admita que não gosta do tema, do autor, do
assunto. Se você não aprecisa o time do corintians,
por exemplo, não vai ser este sorriso amarelo que irá
convencer seus torcedores do contrário. Admita. Até
quando você vai fingir que não tem inveja daquela
barriga de tanquinho dos modelos e das modelos de TV?
Admita. Até quando vai negar que os sete pecados
capitais, estaduais e interestelares? Até quando vai
mentir que adora se entupir de chocolate? Que cobiça a
mulher do próximo e do distante? Que morre de raiva
por ser obrigado a usar o cinto de segurança? Até
quando vai fingir que está tudo ducaralho quando não
está porra nenhuma? Ora, quer atingir a iluminação?
Quer chegar ao Nirvana? Quer adentrar ao reino que não
é deste mundo? É simples: admita e seja feliz! Vá
agora mesmo até o banheiro e conte tudo para primeira
pessoa que aparecer em frente ao espelho. Não esconda
nada. Pode ir lá agora! Eu fico aqui esperando. (...... ...)
Pronto! Me diga: libertou ou não libertou?
Claro que sim! Dá até pra ver na sua cara! Espelho é
tudo, não é? Espelho é o outro eu mesmo. Afinal,
porque vamos no psicólogo? Não é pra admitir pro
outro-eu o que não temos coragem de admitir pro
eu-mesmo? E a gente ainda paga uma bolada pro
psicoespelho ficar lá emitindo aquele mantra da
misericórdia: "unhun". Ora, se admitirmos esta
verdade, nos livramos do psicólogo também, não é? E se
o consultório for a igreja, nos livramos da sala de
confessionário e do sermão do padre. Mas enfim, já que
hoje é dia santo, vamos aproveitar para atualizar a
oração dando-lhe mais poder e utilidade. Em nome do
pai, do filho e do espírito santo: eu admito. Amém.
Thursday, April 05, 2007
Sentado em cima da pedra.
De Tiago Abad.
Sentado em cima da pedra vejo a vida passar. Quantas vezes não vejo pássaros cantarolar, pessoas a brigar e as ondas do mar a rolar. Os paradigmas são muitos, os problemas são criados pra bem sobreviver. O ser não vive sem problemas e não percebe que o mundo a sua volta já é problemático por si só. Dentro deste contexto, criar mais problemas ou deixar a vida passar?
Aqui de cima da pedra vejo o lado bom e ruim da vida. Lá embaixo todos estão lutando pra sobreviver, e eu aqui passo horas, dias, noites tentando entender o que é sobrevivência. Já tentei descer daqui mas quase fui engolido pela multidão. Já tentei conversar com alguém mas todos têm pressa. Já tentei sorrir, mas todos mostram os dentes. Vida triste. Será que ninguém consegue olhar aqui pra cima? Adoraria chamar alguém pra olhar daqui da minha pedra. Tenho certeza de que conseguiria mostrar ao menos a uma pessoa o quanto podemos viver felizes. Chamei, chamei, chamei... o barulho dos carros, motos, britadeiras e ambulâncias cobrem a minha voz.
Está ficando monótono aqui em cima, to pensando em descer aí. Mas fazer o que lá? Se não te ouvem, não te cumprimentam e não te gostam, pra que descer? A pedra é o lugar dos sonhos, do pensamento... aqui posso exercitar meu pensar; aqui posso gritar, chorar, sorrir... mas ninguém pode ver e sentir o que sinto, pois o lugar dos sentimentos é privado.
Estou pensando em cavar um buraco pra dentro da pedra e fazer moradia. Mas pra que estragar a pedra? Pra cobrir-se da chuva, do sol, do vento, do calor... mas assim, teria um desejo egoísta e estragaria minha visão daqui de cima e meu "banquinho" da observação poderia estragar-se.
Anos passaram e aprendi a conviver com minha pedra, ela não mais me incomoda, mas sim, me fornece a visão. O foco daqui de cima é muito mais legal do que quando ficava embaixo dela tentando removê-la. Sabe o que fiz? Um dia tive uma idéia e subi nela. Minha pedra foi muito mais inteligente que eu. Há anos ela esperava que eu fizesse este movimento. A natureza é assim, a pedra está lá... não pedindo para ser removida, mas pra que alguém a utilize e veja que podemos receber muitos ensinamentos através de uma simples subida.
A vida é cheia de pedras. Muitas incomodam, outras nos derrubam e algumas outras nos machucam. Suba em cima de cada uma e veja que ângulo quer te mostrar.
Sentado em cima da pedra vejo a vida passar. Quantas vezes não vejo pássaros cantarolar, pessoas a brigar e as ondas do mar a rolar. Os paradigmas são muitos, os problemas são criados pra bem sobreviver. O ser não vive sem problemas e não percebe que o mundo a sua volta já é problemático por si só. Dentro deste contexto, criar mais problemas ou deixar a vida passar?
Aqui de cima da pedra vejo o lado bom e ruim da vida. Lá embaixo todos estão lutando pra sobreviver, e eu aqui passo horas, dias, noites tentando entender o que é sobrevivência. Já tentei descer daqui mas quase fui engolido pela multidão. Já tentei conversar com alguém mas todos têm pressa. Já tentei sorrir, mas todos mostram os dentes. Vida triste. Será que ninguém consegue olhar aqui pra cima? Adoraria chamar alguém pra olhar daqui da minha pedra. Tenho certeza de que conseguiria mostrar ao menos a uma pessoa o quanto podemos viver felizes. Chamei, chamei, chamei... o barulho dos carros, motos, britadeiras e ambulâncias cobrem a minha voz.
Está ficando monótono aqui em cima, to pensando em descer aí. Mas fazer o que lá? Se não te ouvem, não te cumprimentam e não te gostam, pra que descer? A pedra é o lugar dos sonhos, do pensamento... aqui posso exercitar meu pensar; aqui posso gritar, chorar, sorrir... mas ninguém pode ver e sentir o que sinto, pois o lugar dos sentimentos é privado.
Estou pensando em cavar um buraco pra dentro da pedra e fazer moradia. Mas pra que estragar a pedra? Pra cobrir-se da chuva, do sol, do vento, do calor... mas assim, teria um desejo egoísta e estragaria minha visão daqui de cima e meu "banquinho" da observação poderia estragar-se.
Anos passaram e aprendi a conviver com minha pedra, ela não mais me incomoda, mas sim, me fornece a visão. O foco daqui de cima é muito mais legal do que quando ficava embaixo dela tentando removê-la. Sabe o que fiz? Um dia tive uma idéia e subi nela. Minha pedra foi muito mais inteligente que eu. Há anos ela esperava que eu fizesse este movimento. A natureza é assim, a pedra está lá... não pedindo para ser removida, mas pra que alguém a utilize e veja que podemos receber muitos ensinamentos através de uma simples subida.
A vida é cheia de pedras. Muitas incomodam, outras nos derrubam e algumas outras nos machucam. Suba em cima de cada uma e veja que ângulo quer te mostrar.
Wednesday, April 04, 2007
Meu dia de domingo
De Thiago Fabrette.
Hoje - segunda-feira - vai passar um ótimo filme na TV a cabo. “Falcão Negro em Perigo”. Vinte e duas horas, na TNT LA. E só vou vê-lo porque sobrevivi.
Se me perguntares: O que fez no seu domingo, eu direi: sobrevivi.
O meu domingo prometia! Dia de sol, calor, praia. Eu, amigos, mais uma ótima companhia do meu lado.
Passamos o dia inteiro na praia da Sununga, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, jogando conversa fora, rindo à toa, sol, cervejinha e muito bom-humor, depois de um fim de semana muito tranqüilo e muito agradável. Resolvemos que precisávamos aprender a surfar em um Skin-board, mais conhecido como “sonrrisal”, uma pequena pranchinha para deslizar pelos espelhos d´água produzidos pelos recuos das ondas. Um equipamento aparentemente fácil de usar, mas que nos causou alguns pequenos arranhões e boas risadas.
Quero aqui fazer um parênteses. Se você, leitor, ta achando meio sacal esse tipo de texto: “como foram minhas férias”, me desculpe, achei prudente falar sobre o assunto. Me sinto confortável dem digerir e dividir isso com vocês.
Segundo parênteses, se você não conhece a praia da Sununga (Águas Cantantes), vale a pena, mas recomendo: tome extremo cuidado. De uma hora pra outra, uma ondulação se une a outra, bem na areia e forma ondas de proporções incríveis, sem aviso.
Retomando, senti vontade de fazer xixi. Como estava molhado, na beira do mar, fui usar o próprio para satisfazer minha necessidade. Entrei, nadei um pouco, briguei com as pequenas ondas e tentei, tentei, mas o mar não estava ajudando, não me deixava parar um minuto e relaxar.
Fiquei imaginando uma grande e divertida onda se formando... Imaginando? Nada. Ela estava se unindo a outras duas e, sem mais nem menos, uma enorme vaga de 3 metros subiu e formou uma parede branca na minha frente. Abandonei o que estava tentando fazer e nadei um pouco na direção contrária. Pura burrice, deveria ter nadado em direção à onda, para passar por cima ou por baixo, qualquer coisa, menos nadar para a areia. Era impossível conseguir sair do lugar. Na verdade, ela começou a me tragar para dentro. Me preparei para o impacto e bum! Fui atingido, mas tudo bem, naquele momento, nada alarmante. Só que, em um instante, outra onda veio e transformou a minha sustentação, a água embaixo de mim, em cem toneladas de espuma branca e criou um vácuo sob meu corpo. Anos e anos de natação transformados em nada. Fui para o meio do mundo branco e bebi muita água. Nada, nenhuma movimentação dos meus braços me levavam para cima. E, estranho, eu tentava me salvar, mas minha cabeça estava extremamente lúcida e consciente do que fazer. Salve-se. Nade, faça algo, mas não desista, porra!
Minha boca e meu nariz conseguiram dois segundos de ar, mas nada demais, uma nova e enorme onda veio para me deixar furioso. Que saco! Preciso de ar e mais uma onda? Ainda deu tempo de ver duas meninas me olhando, parecendo realmente preocupadas. Nessa hora, bateu o desespero, pois já me encontrava a pelo menos um minuto e meio sem ar e tentando me salvar. Não respirava mais nada e meu corpo respondeu: puxei água para o pulmão.
Nesse momento, meus pés bateram na areia. Eu estava de pé. As ondas recuaram e eu pus pra fora toda a água tomada, numa regurgitação automática. Tudo, tudo, durou menos de três minutos. Quem conhece a Sununga sabe: do mesmo modo que as ondas sobem, descem, sem aviso, repentinamente e isso que me tragou mas isso que me salvou. Não foi mérito meu ou de Deus. De ninguém. Foi pura sorte. Não era minha hora.
Depois disso tudo, saí da água quase chorando, quase desmaiando de tamanho esforço. Meus braços estavam como duas pedras, minhas pernas trêmulas e a adrenalina corria com um trem desgovernado. Fiquei ainda, em torno de vinte minutos deitado, sendo acalmado pela Paula (meu anjinho), com o coração a 220 batidas por minuto. Sério, fui corredor, sei do que estou falando. Este é o mínimo que ele chegou, tenho certeza. E a respiração demorou outros 20 minutos para normalizar.
Agora, lembrando da cena, me vem tanta coisa na cabeça! E se eu tivesse nadado para o lado contrário? Foi mesmo burrice ou instinto? Tantas coisas poderiam ter acontecido! Coisas que eu agora, me pergunto: de que me valeu tudo isso? Algum ensinamento pode ter, alguma coisa boa?
No fim, a experiência, julgo, serviu para descobrir que: pra morrer, meu amigo leitor, basta estar vivo. Mas ainda prefiro procurar viver e respeitar ainda mais o mar (e principalmente, a praia da Sununga). Sem medo.
Hoje - segunda-feira - vai passar um ótimo filme na TV a cabo. “Falcão Negro em Perigo”. Vinte e duas horas, na TNT LA. E só vou vê-lo porque sobrevivi.
Se me perguntares: O que fez no seu domingo, eu direi: sobrevivi.
O meu domingo prometia! Dia de sol, calor, praia. Eu, amigos, mais uma ótima companhia do meu lado.
Passamos o dia inteiro na praia da Sununga, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, jogando conversa fora, rindo à toa, sol, cervejinha e muito bom-humor, depois de um fim de semana muito tranqüilo e muito agradável. Resolvemos que precisávamos aprender a surfar em um Skin-board, mais conhecido como “sonrrisal”, uma pequena pranchinha para deslizar pelos espelhos d´água produzidos pelos recuos das ondas. Um equipamento aparentemente fácil de usar, mas que nos causou alguns pequenos arranhões e boas risadas.
Quero aqui fazer um parênteses. Se você, leitor, ta achando meio sacal esse tipo de texto: “como foram minhas férias”, me desculpe, achei prudente falar sobre o assunto. Me sinto confortável dem digerir e dividir isso com vocês.
Segundo parênteses, se você não conhece a praia da Sununga (Águas Cantantes), vale a pena, mas recomendo: tome extremo cuidado. De uma hora pra outra, uma ondulação se une a outra, bem na areia e forma ondas de proporções incríveis, sem aviso.
Retomando, senti vontade de fazer xixi. Como estava molhado, na beira do mar, fui usar o próprio para satisfazer minha necessidade. Entrei, nadei um pouco, briguei com as pequenas ondas e tentei, tentei, mas o mar não estava ajudando, não me deixava parar um minuto e relaxar.
Fiquei imaginando uma grande e divertida onda se formando... Imaginando? Nada. Ela estava se unindo a outras duas e, sem mais nem menos, uma enorme vaga de 3 metros subiu e formou uma parede branca na minha frente. Abandonei o que estava tentando fazer e nadei um pouco na direção contrária. Pura burrice, deveria ter nadado em direção à onda, para passar por cima ou por baixo, qualquer coisa, menos nadar para a areia. Era impossível conseguir sair do lugar. Na verdade, ela começou a me tragar para dentro. Me preparei para o impacto e bum! Fui atingido, mas tudo bem, naquele momento, nada alarmante. Só que, em um instante, outra onda veio e transformou a minha sustentação, a água embaixo de mim, em cem toneladas de espuma branca e criou um vácuo sob meu corpo. Anos e anos de natação transformados em nada. Fui para o meio do mundo branco e bebi muita água. Nada, nenhuma movimentação dos meus braços me levavam para cima. E, estranho, eu tentava me salvar, mas minha cabeça estava extremamente lúcida e consciente do que fazer. Salve-se. Nade, faça algo, mas não desista, porra!
Minha boca e meu nariz conseguiram dois segundos de ar, mas nada demais, uma nova e enorme onda veio para me deixar furioso. Que saco! Preciso de ar e mais uma onda? Ainda deu tempo de ver duas meninas me olhando, parecendo realmente preocupadas. Nessa hora, bateu o desespero, pois já me encontrava a pelo menos um minuto e meio sem ar e tentando me salvar. Não respirava mais nada e meu corpo respondeu: puxei água para o pulmão.
Nesse momento, meus pés bateram na areia. Eu estava de pé. As ondas recuaram e eu pus pra fora toda a água tomada, numa regurgitação automática. Tudo, tudo, durou menos de três minutos. Quem conhece a Sununga sabe: do mesmo modo que as ondas sobem, descem, sem aviso, repentinamente e isso que me tragou mas isso que me salvou. Não foi mérito meu ou de Deus. De ninguém. Foi pura sorte. Não era minha hora.
Depois disso tudo, saí da água quase chorando, quase desmaiando de tamanho esforço. Meus braços estavam como duas pedras, minhas pernas trêmulas e a adrenalina corria com um trem desgovernado. Fiquei ainda, em torno de vinte minutos deitado, sendo acalmado pela Paula (meu anjinho), com o coração a 220 batidas por minuto. Sério, fui corredor, sei do que estou falando. Este é o mínimo que ele chegou, tenho certeza. E a respiração demorou outros 20 minutos para normalizar.
Agora, lembrando da cena, me vem tanta coisa na cabeça! E se eu tivesse nadado para o lado contrário? Foi mesmo burrice ou instinto? Tantas coisas poderiam ter acontecido! Coisas que eu agora, me pergunto: de que me valeu tudo isso? Algum ensinamento pode ter, alguma coisa boa?
No fim, a experiência, julgo, serviu para descobrir que: pra morrer, meu amigo leitor, basta estar vivo. Mas ainda prefiro procurar viver e respeitar ainda mais o mar (e principalmente, a praia da Sununga). Sem medo.
Monday, April 02, 2007
Meus amigos são analfabetos
De Suzana Marion
No blog de um camarada bastante atuante nas TVs da série B (Record e Band da vida), quando não há comentário em um post, pode-se ler entre parênteses, ao lado do contador: MEUS AMIGOS SÃO ANALFABETOS. Essa é a impressão que eu tenho quando envio um e-mail/span para uma lista de 50 amigos e apenas 4 ou 5 comentam. Depois, quando encontro os outros que não comentaram, eles dizem “de onde você tirou aquela doideira da tal de Márcia? Eu morri de dar risada...” “você devia estar mesmo bem magoada com o Fulano, né?” “eu li o texto de Cicrana também e me identifiquei tanto... você a conhece pessoalmente?”. Então eu grito: “Poxa pessoal, no meu blog tudo bem, eu escrevo pra mim mesma, eu não ligo, mas no SOLTANDO O VERBO que é coletivo é sempre bom mostrar serviço... ‘Entra e comenta’, né?”
Ok, vou pegar leve, talvez meus amigos não sejam analfabetos, mas são, pelo menos, uma nova classe de tímidos: os TÍMIDOS DIGITAIS! Sim, porque a réplica que segue o meu desabafo carente de comentários é sempre “eu fiquei com vergonha, não sabia o que escrever” “eu posso dizer qualquer coisa ou preciso comentar o texto?”.
Mas tem também outra classe de pessoas que não comentam, com a novíssima desculpa “todos os sistemas de comentários são bloqueados lá na empresa, mas se você quiser eu mando o comentário por e-mail e você inclui como se fosse eu”. Calma lá! as coisas também não são assim. Como boa publicitária que um dia eu serei (ou PhD em PNL e escritora de livros de auto-ajuda empresarial), eu tento fujir do estigma de ARRECADADORA COMPULSIVA DE SCRAPS e digo a eles: “Imagina, não precisa tanto. Eu fico muito feliz por ter a honra da sua presença lá no blog e ficaria ainda mais feliz em melhorar meu desempenho através de suas críticas.” Mas não cola! O contador vai caindo, texto após texto, mas os comentários na rua vão aumentando e eu estou até pensando em sugerir ao administrador que instalemos um sistema de áudio-comentários, assim eu gravo no celular o que os meus amigos dizem e envio no final do dia pra ele publicar.
No blog de um camarada bastante atuante nas TVs da série B (Record e Band da vida), quando não há comentário em um post, pode-se ler entre parênteses, ao lado do contador: MEUS AMIGOS SÃO ANALFABETOS. Essa é a impressão que eu tenho quando envio um e-mail/span para uma lista de 50 amigos e apenas 4 ou 5 comentam. Depois, quando encontro os outros que não comentaram, eles dizem “de onde você tirou aquela doideira da tal de Márcia? Eu morri de dar risada...” “você devia estar mesmo bem magoada com o Fulano, né?” “eu li o texto de Cicrana também e me identifiquei tanto... você a conhece pessoalmente?”. Então eu grito: “Poxa pessoal, no meu blog tudo bem, eu escrevo pra mim mesma, eu não ligo, mas no SOLTANDO O VERBO que é coletivo é sempre bom mostrar serviço... ‘Entra e comenta’, né?”
Ok, vou pegar leve, talvez meus amigos não sejam analfabetos, mas são, pelo menos, uma nova classe de tímidos: os TÍMIDOS DIGITAIS! Sim, porque a réplica que segue o meu desabafo carente de comentários é sempre “eu fiquei com vergonha, não sabia o que escrever” “eu posso dizer qualquer coisa ou preciso comentar o texto?”.
Mas tem também outra classe de pessoas que não comentam, com a novíssima desculpa “todos os sistemas de comentários são bloqueados lá na empresa, mas se você quiser eu mando o comentário por e-mail e você inclui como se fosse eu”. Calma lá! as coisas também não são assim. Como boa publicitária que um dia eu serei (ou PhD em PNL e escritora de livros de auto-ajuda empresarial), eu tento fujir do estigma de ARRECADADORA COMPULSIVA DE SCRAPS e digo a eles: “Imagina, não precisa tanto. Eu fico muito feliz por ter a honra da sua presença lá no blog e ficaria ainda mais feliz em melhorar meu desempenho através de suas críticas.” Mas não cola! O contador vai caindo, texto após texto, mas os comentários na rua vão aumentando e eu estou até pensando em sugerir ao administrador que instalemos um sistema de áudio-comentários, assim eu gravo no celular o que os meus amigos dizem e envio no final do dia pra ele publicar.
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