Cronista convidado: Alexandre heredia
Às vezes eu percebo que estou preso.
Não é sempre, não é não. Só às vezes eu percebo. E bate aquela impotência. Tenho vontade de chorar, mas não vou dar a eles essa alegria, ah, não dou. Respiro fundo e continuo.
Bem cedo me levam para uma salinha. Dois caras me esperam lá. São loucos, loucos, mas gostam dessa loucura. Abraçaram-na, institucionalizaram-na, vivem-na. Eu não. Eu ainda não. Eu ainda me debato. E eles sabem. Eles vêem. Mas não vão me dobrar. Não vão, não. Eles são loucos. Eu não.
Me fazem perguntas. Coisas triviais. Coisas não. Complexas. Para eles, que são loucos, não para mim. Me dão uma folha de papel e uma caneta quando peço. Desenho e escrevo o que eles pedem na folha. Simples. Rápido. Básico. Eles se entreolham. Não entenderam. Claro que não, são loucos. Eu não sou. Não ainda. Tento explicar, mas só pioro a situação. Eles agradecem e me levam de volta.
Mais testes. Vivo fazendo testes. E bebendo. Não, nada de álcool. Preciso me manter lúcido para realizar os testes. Bebo água salobra. E uma coisa horrível que eles cismam em chamar de café, mas não acredito que seja. Não sou burro. Não sou louco. Eu lembro como é café de verdade, e essa coisa solúvel não é. Quem eles querem enganar?
Imagens e letras viajam na minha vista. Correm, se escondem, reaparecem. E eu entendo tudo. Claro, não sou louco! De vez em quando me perguntam o que aquilo tudo significa, mas ninguém entende. Loucos, loucos. E me mandam de volta. Previsíveis.
Um dia reclamaram que eu não me socializava. Que eu não me misturava com o resto dos loucos. Não me misturo com vocês, seus loucos! Quase disse isso. Juro. Mas as palavras pararam na garganta e eu as engoli. Filtre angústia, rim, nesta autêntica diálise social.
A maioria que entra aqui logo se adequa ao sistema. Se não é louco, como eu, fica rapidinho. E acabam felizes nessa ignorância. Esses são rapidamente mandados embora. E eles choram ao sair. Idiotas. Preferem a prisão. Loucos idiotas comedores de merda.
Os dias passam devagar. Os pensamentos rápido. As idéias idem, mas não as digo. Não as guardo. É perigoso ter idéias. Assusta os loucos. E o que assusta eles me apavora. Porque estou preso com eles. Dia a dia.
Antes do sol se pôr (eu acho, pois aqui não temos direito a janelas) me levam de novo pra salinha e me perguntam o que eu fiz o dia inteiro. Eu digo. E eles não entendem. Me dão broncas. Me apontam dedos. Disparam perdigotos. Eu ouço. Eu assimilo. Meu rim filtra tanto que chega a doer. Eu volto pro meu lugar. Letras, imagens, botões...
Até que chega uma hora que me dizem: "Vai embora". Eu pergunto: "Por quê?", e eles respondem: "Você já estourou o banco de horas".
Eu pego minhas coisas e vou.
Mas volto amanhã.
Trabalho em escritório é mesmo uma loucura.
Saturday, March 03, 2007
Friday, March 02, 2007
Drama e Comédia Social.
De Leandro Molino
No último terço do ano passado, o Brasil mais uma vez foi às urnas. Elegemos o Presidente (reeleito, em verdade), nossos Governadores (muitos também reeleitos), Senadores (idem), Deputados Federais e Estaduais (da mesma forma). Como se percebe, com nitidez, ocorreu uma “tremenda” renovação política... Mesmo assim, para quem gosta de política, foram as eleições de 2006 as mais interessantes desde o processo de redemocratização do País. Quase que integralmente informatizada, a escolha de nossos representantes políticos teve lances de humor, de suspense, de amor, de tristeza. Não faltou, como vimos, emoção. Mas faltou, como sabemos, conscientização. Não afirmo isso em detrimento de qualquer dos candidatos eleitos. Pelo contrário: assim como todos nós, os eleitos detinham o inequívoco direito de disputar as eleições, de se apresentar aos cidadãos, de expor seus ideais. E, no frigir dos ovos, todos foram legitimamente eleitos, como conseqüência da somatória de seus votos e, também, dos votos recebidos por suas agremiações políticas. Não há como se falar, assim, como muito já se falou nesse País, em fraude eleitoral, por exemplo (pelo menos aparentemente...). E fatos como este demonstram que estamos, como sociedade, amadurecendo. Mas que espécie de amadurecimento é este? Ouso afirmar que não se trata do tão desejado amadurecimento político. Cuida-se, tão-somente, do “amadurecimento eleitoral”: sabemos como funciona a tal “urna eletrônica” e sabemos manejá-la. De vez em quando erramos a digitação dos números dos candidatos. Mas nada que um aperto forte na tecla “CORRIGE” não resolva. Ponto final. A evolução de nosso eleitorado (ou seja: nossa) obsta neste ponto. Não passamos, infelizmente, daí. Quando, em épocas eleitoreiras, alguém, em uma roda de amigos, inicia uma conversa sobre política, logo, logo fica só. Falando ao vento. E isso ocorre na época das eleições! E os que antes o rodeavam começam a gravá-lo pelo nobilíssimo título de “chato”, ou “pentelho”, se preferir. É: em nosso País, seja na Cidade mais evoluída, seja na mais pobre, falar em política é chato, é “encheção”. Quer ótimo, isto, não? Tal fato, corrente em todos os cantos do País, evidencia o grau de alienação política de nossa gente. Ao conversar sobre isso com uma conhecida, funcionária de um renomado escritório de advocacia paulistano, obtive uma resposta surpreendente: “Ah, doutor: o povo sabe votar sim! Basta o senhor ver que todo mundo lá no meu bairro votou no L...! E o senhor sabe por que? Porque antes ninguém dava pra gente o dinheirinho que ele nos dá!”. Confesso que, em um primeiro instante, fiquei sem resposta. Não sabia, verdadeiramente, se a reposta conferida por aquela simples senhorinha era digna de críticas ou de elogios. Simplesmente silenciei. Ao sair do tal escritório, caminhando pelas belíssimas e extremamente abandonadas ruas do Centro de São Paulo, voltei-me à análise da reposta da tal senhora. Estaria ela correta? Pensem que o atual governo federal, reeleito, se vangloria de ser o cumpridor do “maior programa social da história”. Desta forma, concedendo benefícios pecuniários aos centenas de milhares de inscritos nos seus tais “programas”. É, sem dúvida, uma forma de distribuição. Todavia, do que? De riquezas? Não: tão-somente de dinheiro. É como se o povo brasileiro fosse um “povo de programa”, assim como as garotas: basta pagar. Riqueza não é, e não pode ser, somente medida pela quantidade de moedas. Riqueza deve significar conhecimento, cultura, oportunidade, saúde e, por fim, lá no fim, moeda. Mas o que nossos governantes hoje fazem é tão somente dar uma “esmolinha” aos milhões de necessitados de nosso País. É vale-gás de um lado; bolsa-família do outro. E por aí se vai. Mas e Valores? Conhecimento? Cultura? São também distribuídos a toda essa gente necessitada? A resposta a esta pergunta é uma só: não. Apreciando a questão por esta lógica, começo a perceber que a resposta daquela senhorinha, assim, estava errada. Não sabemos votar. Votamos em quem nos dá mais dinheiro. Ou vantagens. Pensamos, politicamente, somente no nosso umbigo. É, sim, uma compra de votos disfarçada. E, pior, por uma bagatela. Foi essa a “reposta” das urnas dada em 2006. Por que deixamos de lado, como povo, os preceitos éticos e morais para a escolha da maioria dos nossos eleitos? Porque, como povo, sequer sabemos o que é isso! O que é moral? O que é ética? São conceitos atualmente afastados, e muito, da realidade de quem é obrigado a morar em favelas, a acordar as 4 horas da manhã, subir em um ônibus sujo, lotado e atrasado, trabalhar mais de 8 horas por dia, almoçar uma verdadeira ração, sair do emprego cansado, pegar outro (ou outros) ônibus mais sujos, tão lotados e atrasados quanto o da manhã, chegar em casa depois da 9 horas da noite e ter, ainda, que cuidar da limpeza, da (pouca) alimentação, dos filhos, do marido, da esposa. Para essa turma de bons brasileiros, o que vale, mesmo, é ter todo o mês uma “ajudinha” do governo. O resto: “Ah, doutor, isso não enche barriga não!”. Afirmo que o que hoje o governo federal denomina de “maior programa social da história” é, em verdade, o maior programa formador de eleitores da história. A permanecer desta forma, sem críticas, serão criadas gerações e gerações de pseudo-incluídos, que venderão os seus votos em razão de uma esmola a mais do Governo. O objetivo incluso por detrás destes montes de cartões eletrônicos distribuídos pelo governo não é o de gerar uma condição melhor de vida aos beneficiários destes programas: é, sim, gerar o receio, o temor de que se essa gente não votar no “ómi”, tudo isso poderá ruir, acabar! É uma trama inteligentíssima, diga-se. Mas seria bacana se não fossemos nós, os brasileiros, os seus protagonistas. Preocupo-me, como apaixonado por esta terra e por esta gente, aonde chegaremos. O antídoto? Fácil! Ouçam os “Titãs”: “A gente não quer só comida, a gente quer saúde, diversão e arte. A gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela metade.” Estamos condenados, como sociedade, á pobreza? Teremos que dar sempre o peixe ou seria mais fácil ensinar o alimentado sobre a forma correta de pescar não um, mas dezenas, talvez centenas de “peixes”? Não seria mais útil, socialmente, termos um montão de “pescadores” do que zilhões de pedintes, malabaristas de cruzamentos? Creio que não estamos condenados à pobreza, pois no mesmo país onde se morre de fome, desenvolvem-se as mais especiais, atuais e incríveis metodologias de cirurgias e transplantes cardíacos. Ou de neurocirurgia. O que devemos fazer, então, para que deixemos de lado, de uma vez por todas, essa pecha de derrotados que ostentamos como nação, de dependentes? Quem souber a resposta, torne-a pública, por favor. Mas creio que um bom começo para a resolução desta questão é a conversação sobre política. Converse sobre o assunto mais e mais. Transar é bom? Ótimo. Transe. Mas lembre-se de conversar sobre política e sobre as suas dúvidas e indignações com seus pais, seus filhos, sua vizinha (ainda mais se lê for bonitona...), seu vizinho (para as leitoras não falarem que sou machista...), seus amigos e amigas. Você perceberá que também é muito bom e gostoso compreender os fatos, os acontecimentos, tornar-se mais culto. Você perceberá, tenho certeza, que as coisas realmente não estão nada bem e que o rumo adotado pela nossa classe política não é o único: existem, sim, alternativas. E uma destas alternativas pode ser você. Seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho, de futebol, de batuque, de dança, do skate, da corrida, da bike, também podem ser a alternativa. Mas para isso, é necessário instaurar-se um tempo de participação política. Seus filhos e, conseqüentemente, seus netos, agradecerão. E, quem sabe, daqui uma ou duas gerações, não transformaremos esse nosso atual drama em uma rasgada comédia social?
No último terço do ano passado, o Brasil mais uma vez foi às urnas. Elegemos o Presidente (reeleito, em verdade), nossos Governadores (muitos também reeleitos), Senadores (idem), Deputados Federais e Estaduais (da mesma forma). Como se percebe, com nitidez, ocorreu uma “tremenda” renovação política... Mesmo assim, para quem gosta de política, foram as eleições de 2006 as mais interessantes desde o processo de redemocratização do País. Quase que integralmente informatizada, a escolha de nossos representantes políticos teve lances de humor, de suspense, de amor, de tristeza. Não faltou, como vimos, emoção. Mas faltou, como sabemos, conscientização. Não afirmo isso em detrimento de qualquer dos candidatos eleitos. Pelo contrário: assim como todos nós, os eleitos detinham o inequívoco direito de disputar as eleições, de se apresentar aos cidadãos, de expor seus ideais. E, no frigir dos ovos, todos foram legitimamente eleitos, como conseqüência da somatória de seus votos e, também, dos votos recebidos por suas agremiações políticas. Não há como se falar, assim, como muito já se falou nesse País, em fraude eleitoral, por exemplo (pelo menos aparentemente...). E fatos como este demonstram que estamos, como sociedade, amadurecendo. Mas que espécie de amadurecimento é este? Ouso afirmar que não se trata do tão desejado amadurecimento político. Cuida-se, tão-somente, do “amadurecimento eleitoral”: sabemos como funciona a tal “urna eletrônica” e sabemos manejá-la. De vez em quando erramos a digitação dos números dos candidatos. Mas nada que um aperto forte na tecla “CORRIGE” não resolva. Ponto final. A evolução de nosso eleitorado (ou seja: nossa) obsta neste ponto. Não passamos, infelizmente, daí. Quando, em épocas eleitoreiras, alguém, em uma roda de amigos, inicia uma conversa sobre política, logo, logo fica só. Falando ao vento. E isso ocorre na época das eleições! E os que antes o rodeavam começam a gravá-lo pelo nobilíssimo título de “chato”, ou “pentelho”, se preferir. É: em nosso País, seja na Cidade mais evoluída, seja na mais pobre, falar em política é chato, é “encheção”. Quer ótimo, isto, não? Tal fato, corrente em todos os cantos do País, evidencia o grau de alienação política de nossa gente. Ao conversar sobre isso com uma conhecida, funcionária de um renomado escritório de advocacia paulistano, obtive uma resposta surpreendente: “Ah, doutor: o povo sabe votar sim! Basta o senhor ver que todo mundo lá no meu bairro votou no L...! E o senhor sabe por que? Porque antes ninguém dava pra gente o dinheirinho que ele nos dá!”. Confesso que, em um primeiro instante, fiquei sem resposta. Não sabia, verdadeiramente, se a reposta conferida por aquela simples senhorinha era digna de críticas ou de elogios. Simplesmente silenciei. Ao sair do tal escritório, caminhando pelas belíssimas e extremamente abandonadas ruas do Centro de São Paulo, voltei-me à análise da reposta da tal senhora. Estaria ela correta? Pensem que o atual governo federal, reeleito, se vangloria de ser o cumpridor do “maior programa social da história”. Desta forma, concedendo benefícios pecuniários aos centenas de milhares de inscritos nos seus tais “programas”. É, sem dúvida, uma forma de distribuição. Todavia, do que? De riquezas? Não: tão-somente de dinheiro. É como se o povo brasileiro fosse um “povo de programa”, assim como as garotas: basta pagar. Riqueza não é, e não pode ser, somente medida pela quantidade de moedas. Riqueza deve significar conhecimento, cultura, oportunidade, saúde e, por fim, lá no fim, moeda. Mas o que nossos governantes hoje fazem é tão somente dar uma “esmolinha” aos milhões de necessitados de nosso País. É vale-gás de um lado; bolsa-família do outro. E por aí se vai. Mas e Valores? Conhecimento? Cultura? São também distribuídos a toda essa gente necessitada? A resposta a esta pergunta é uma só: não. Apreciando a questão por esta lógica, começo a perceber que a resposta daquela senhorinha, assim, estava errada. Não sabemos votar. Votamos em quem nos dá mais dinheiro. Ou vantagens. Pensamos, politicamente, somente no nosso umbigo. É, sim, uma compra de votos disfarçada. E, pior, por uma bagatela. Foi essa a “reposta” das urnas dada em 2006. Por que deixamos de lado, como povo, os preceitos éticos e morais para a escolha da maioria dos nossos eleitos? Porque, como povo, sequer sabemos o que é isso! O que é moral? O que é ética? São conceitos atualmente afastados, e muito, da realidade de quem é obrigado a morar em favelas, a acordar as 4 horas da manhã, subir em um ônibus sujo, lotado e atrasado, trabalhar mais de 8 horas por dia, almoçar uma verdadeira ração, sair do emprego cansado, pegar outro (ou outros) ônibus mais sujos, tão lotados e atrasados quanto o da manhã, chegar em casa depois da 9 horas da noite e ter, ainda, que cuidar da limpeza, da (pouca) alimentação, dos filhos, do marido, da esposa. Para essa turma de bons brasileiros, o que vale, mesmo, é ter todo o mês uma “ajudinha” do governo. O resto: “Ah, doutor, isso não enche barriga não!”. Afirmo que o que hoje o governo federal denomina de “maior programa social da história” é, em verdade, o maior programa formador de eleitores da história. A permanecer desta forma, sem críticas, serão criadas gerações e gerações de pseudo-incluídos, que venderão os seus votos em razão de uma esmola a mais do Governo. O objetivo incluso por detrás destes montes de cartões eletrônicos distribuídos pelo governo não é o de gerar uma condição melhor de vida aos beneficiários destes programas: é, sim, gerar o receio, o temor de que se essa gente não votar no “ómi”, tudo isso poderá ruir, acabar! É uma trama inteligentíssima, diga-se. Mas seria bacana se não fossemos nós, os brasileiros, os seus protagonistas. Preocupo-me, como apaixonado por esta terra e por esta gente, aonde chegaremos. O antídoto? Fácil! Ouçam os “Titãs”: “A gente não quer só comida, a gente quer saúde, diversão e arte. A gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela metade.” Estamos condenados, como sociedade, á pobreza? Teremos que dar sempre o peixe ou seria mais fácil ensinar o alimentado sobre a forma correta de pescar não um, mas dezenas, talvez centenas de “peixes”? Não seria mais útil, socialmente, termos um montão de “pescadores” do que zilhões de pedintes, malabaristas de cruzamentos? Creio que não estamos condenados à pobreza, pois no mesmo país onde se morre de fome, desenvolvem-se as mais especiais, atuais e incríveis metodologias de cirurgias e transplantes cardíacos. Ou de neurocirurgia. O que devemos fazer, então, para que deixemos de lado, de uma vez por todas, essa pecha de derrotados que ostentamos como nação, de dependentes? Quem souber a resposta, torne-a pública, por favor. Mas creio que um bom começo para a resolução desta questão é a conversação sobre política. Converse sobre o assunto mais e mais. Transar é bom? Ótimo. Transe. Mas lembre-se de conversar sobre política e sobre as suas dúvidas e indignações com seus pais, seus filhos, sua vizinha (ainda mais se lê for bonitona...), seu vizinho (para as leitoras não falarem que sou machista...), seus amigos e amigas. Você perceberá que também é muito bom e gostoso compreender os fatos, os acontecimentos, tornar-se mais culto. Você perceberá, tenho certeza, que as coisas realmente não estão nada bem e que o rumo adotado pela nossa classe política não é o único: existem, sim, alternativas. E uma destas alternativas pode ser você. Seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho, de futebol, de batuque, de dança, do skate, da corrida, da bike, também podem ser a alternativa. Mas para isso, é necessário instaurar-se um tempo de participação política. Seus filhos e, conseqüentemente, seus netos, agradecerão. E, quem sabe, daqui uma ou duas gerações, não transformaremos esse nosso atual drama em uma rasgada comédia social?
Thursday, March 01, 2007
Hipocrisia ou ação?
De Léo Lousada
Normalmente gosto de escrever de coisas do dia-a-dia e coisas bem humoradas, mas hoje meu espírito se armou contra isso.
Tenho visto no Brasil um grande sentimento de revolta que transborda em determinados momentos. Nosso país, longe de ser o ideal, é cercado por problemas e maravilhas, mas também pela hipocrisia.
Gosto muito de cinema e acompanho muito o que acontece e quais serão os próximos lançamentos e, em uma destas leituras sobre o assunto, me deparei com dezenas de leitores criticando agressivamente um certo filme que iria estrear ainda. O filme chama “Turistas” e pelo que li o filme foi feito no Brasil e trata de um maníaco que ataca “mochileiros gringos” e envolve até tráfico de órgãos. Os leitores indignados teciam palavrões e impropérios aos realizadores do filme, principalmente destacando a imagem preconceituosa e não real do país. Realmente, mesmo sem ver o filme, sei que tem algumas aberrações como o nosso português ser transformado em “portunhol”, mas a questão central do filme é o tal coletor de órgãos. Juro que li tudo que foi escrito e fiquei indignado. Não com o filme, mas com as pessoas. Afinal, onde elas estão vivendo?
A violência no Brasil tem sido destaque em todos os noticiários, todos os dias. Tudo bem, isso você já sabe. Mas, além disso, o Brasil é apontado como um dos maiores exportadores de órgãos do mundo. Tem especialistas que até incluem o Brasil no eixo do mal dos órgãos. Sabe? Que nem o Irã, a Coréia.... e tantos países envolvidos em seus respectivos eixos do mal.
Será que a população tem tanta vergonha do que acontece aqui que prefere fazer de conta que Hollywood está exagerando? Realmente o cinema americano estereotipa os outros países, mas acho que nesse caso não estão errados. Para piorar, esta semana eu ainda leio esta notícia: “O casal diretor da ONG Terra Ativa, Cristian Doupes e Delphine Douyère, e outro funcionário, Jérôme Faure, foram rendidos e mortos a facadas no apartamento 306, no edifício número 55 da Rua Ronald de Carvalho.”
Os três franceses. Assim como holandeses, americanos, suíços, guatemaltecos, marcianos que quando vem ao Brasil tem o risco de serem assaltados e na pior das hipóteses mortos.
Eu realmente me pergunto até quando o povo continuará a ser hipócrita a ponto de defender a imagem do país sem enxergar o que acontece a sua volta? Ou até quando vamos a mesas de bares, em casa no trabalho continuar reclamando da vida, do governo e dos políticos e não fazer nada? Porque nada é o que estamos fazendo. Estamos deixando que “meia dúzia” de pessoas controlem o destino de quase 200 milhões e o máximo que fazemos é reclamar deles. Não está na hora da ação?
Normalmente gosto de escrever de coisas do dia-a-dia e coisas bem humoradas, mas hoje meu espírito se armou contra isso.
Tenho visto no Brasil um grande sentimento de revolta que transborda em determinados momentos. Nosso país, longe de ser o ideal, é cercado por problemas e maravilhas, mas também pela hipocrisia.
Gosto muito de cinema e acompanho muito o que acontece e quais serão os próximos lançamentos e, em uma destas leituras sobre o assunto, me deparei com dezenas de leitores criticando agressivamente um certo filme que iria estrear ainda. O filme chama “Turistas” e pelo que li o filme foi feito no Brasil e trata de um maníaco que ataca “mochileiros gringos” e envolve até tráfico de órgãos. Os leitores indignados teciam palavrões e impropérios aos realizadores do filme, principalmente destacando a imagem preconceituosa e não real do país. Realmente, mesmo sem ver o filme, sei que tem algumas aberrações como o nosso português ser transformado em “portunhol”, mas a questão central do filme é o tal coletor de órgãos. Juro que li tudo que foi escrito e fiquei indignado. Não com o filme, mas com as pessoas. Afinal, onde elas estão vivendo?
A violência no Brasil tem sido destaque em todos os noticiários, todos os dias. Tudo bem, isso você já sabe. Mas, além disso, o Brasil é apontado como um dos maiores exportadores de órgãos do mundo. Tem especialistas que até incluem o Brasil no eixo do mal dos órgãos. Sabe? Que nem o Irã, a Coréia.... e tantos países envolvidos em seus respectivos eixos do mal.
Será que a população tem tanta vergonha do que acontece aqui que prefere fazer de conta que Hollywood está exagerando? Realmente o cinema americano estereotipa os outros países, mas acho que nesse caso não estão errados. Para piorar, esta semana eu ainda leio esta notícia: “O casal diretor da ONG Terra Ativa, Cristian Doupes e Delphine Douyère, e outro funcionário, Jérôme Faure, foram rendidos e mortos a facadas no apartamento 306, no edifício número 55 da Rua Ronald de Carvalho.”
Os três franceses. Assim como holandeses, americanos, suíços, guatemaltecos, marcianos que quando vem ao Brasil tem o risco de serem assaltados e na pior das hipóteses mortos.
Eu realmente me pergunto até quando o povo continuará a ser hipócrita a ponto de defender a imagem do país sem enxergar o que acontece a sua volta? Ou até quando vamos a mesas de bares, em casa no trabalho continuar reclamando da vida, do governo e dos políticos e não fazer nada? Porque nada é o que estamos fazendo. Estamos deixando que “meia dúzia” de pessoas controlem o destino de quase 200 milhões e o máximo que fazemos é reclamar deles. Não está na hora da ação?
Wednesday, February 28, 2007
Auto-flagelo
De Lucimara Paiva
Quer pagar penitência? Não espere até o fim da vida para ir até o inferno. Entre em um ônibus. Se você não enlouquecer em pouco tempo, a experiência servirá para armazenamento de dados antropológicos, químicos e psicológicos.
Todo dia meu lado masoquista agüenta 5 horas de puro prazer. Ninguém mandou morar em Pirituba.
Começo a questionar os mais diversos pontos da capacidade humana.
Pergunto-me como tem gente que consegue feder às 7 da manhã. Além dos sovacos podres soltando fumaça verde, o cheiro de mau hálito é generalizado e, já dizia meu professor do cursinho, que todo gás, venenoso como esse ou não, preenche todo o local que o contém. Para desmaiar é um pulo. Alguém quer um Trident?
No caso de coletivos, as regras não têm exceção. A mistura de calor sufocante, chuva e mais gente que o lugar comporta, só pode ter um resultado: janelas fechadas e compartilhamento de vírus.
Lotado ou não, as pessoas têm a péssima mania de se aglomerar na porta de saída. Não feliz, o cobrador faz questão de se levantar, olhar para o fundo e gritar: “Ô gente, dá um passinho pra trás, por gentileza!”. Você quer o quê, filho da puta?! Quer que eu abra a parte de trás dessa jabiraca ou me pendure na janela? E avise esse motorista, irmão do Tinhoso, para pegar leve com o freio, porque não sou carga para ser ajeitada aos trancos.
Se você, criança “chechelenta”, vier com a cara amarela, nariz escorrendo misturando-se com o resto de salgadinho e se atrever a empestear tudo com cheiro de chulé, vou fazer questão de vomitar no pé da sua mãe inútil e igualmente porca, que fede a óleo de amêndoa.
É necessário comer frango cozido bem aqui?
Sou grande mas não sou apoio, e se resolver dormir encoste essa cabeça, que não serve para nada, na droga da janela e me deixe em paz. Se escorregar para cima de mim vai levar sopapo na orelha. Só não sei se vou agüentar ver sua baba escorrendo até o colo. Tremo de ódio quando um tarado louco, que não tem dinheiro para pagar uma puta, que pensa em comer a própria mãe e que foi molestado pelo padrasto na infância, resolve se divertir. Por mais espaço que tenha, o pervertido faz questão de ficar colado nas suas costas, fungando na sua nuca. Perdi as contas de quantas lapiseiras perdi enquanto tentava perfurar os olhos de alguns desses.
Se mais uma vez você, sem cerimônia, colocar o pau para fora das calças e tentar esfregá-lo na minha cara, vou chutar o suficiente para arrancar essa merda do meio das suas pernas e enfiar na tua goela, desgraçado.
Quando não é homem, é mulher. Sente-se em algum banco do corredor que aparece uma estúpida apoiando a “xana” no teu braço. Olha para mim como que dizendo para eu ser compreensiva, pois o ônibus está muito cheio, todo mundo está empurrando e que é muito mais seguro se jogar em cima de outra mulher do que deixar a própria bunda servir de parque de diversão. Seguro nada, ô doente. Tire essa coisa do meu ombro agora. Ai que nojo.
Sem contar os meus cinco celulares roubados, o cheiro de cachorro molhado, gente que vomita no meio do corredor, o trânsito, a mistura de perfumes, as vozes estridentes, a obrigação de sair de casa 3 horas antes do compromisso marcado, motoristas que acordam irritados e resolvem escolher os pontos em que vão parar, torcida organizada que transforma tudo em arquibancada, gente folgada que carrega a compra do mês e só consegue arranjar carona para ir para a Praia Grande no Carnaval e adolescentes descontrolados que gritam.
Nesse momento, tenho certeza que tem gente limitada perguntando porquê não compro um carro e paro de reclamar. Estou na mesma situação que a maioria. Sou uma publicitária iniciante que se escraviza por um salário ínfimo, mas isso não me dá o direito de transformar a vida dos outros num caos quando estou em locais públicos. Educação, bom senso, respeito e higiene nada têm a ver com classe social.
Quer pagar penitência? Não espere até o fim da vida para ir até o inferno. Entre em um ônibus. Se você não enlouquecer em pouco tempo, a experiência servirá para armazenamento de dados antropológicos, químicos e psicológicos.
Todo dia meu lado masoquista agüenta 5 horas de puro prazer. Ninguém mandou morar em Pirituba.
Começo a questionar os mais diversos pontos da capacidade humana.
Pergunto-me como tem gente que consegue feder às 7 da manhã. Além dos sovacos podres soltando fumaça verde, o cheiro de mau hálito é generalizado e, já dizia meu professor do cursinho, que todo gás, venenoso como esse ou não, preenche todo o local que o contém. Para desmaiar é um pulo. Alguém quer um Trident?
No caso de coletivos, as regras não têm exceção. A mistura de calor sufocante, chuva e mais gente que o lugar comporta, só pode ter um resultado: janelas fechadas e compartilhamento de vírus.
Lotado ou não, as pessoas têm a péssima mania de se aglomerar na porta de saída. Não feliz, o cobrador faz questão de se levantar, olhar para o fundo e gritar: “Ô gente, dá um passinho pra trás, por gentileza!”. Você quer o quê, filho da puta?! Quer que eu abra a parte de trás dessa jabiraca ou me pendure na janela? E avise esse motorista, irmão do Tinhoso, para pegar leve com o freio, porque não sou carga para ser ajeitada aos trancos.
Se você, criança “chechelenta”, vier com a cara amarela, nariz escorrendo misturando-se com o resto de salgadinho e se atrever a empestear tudo com cheiro de chulé, vou fazer questão de vomitar no pé da sua mãe inútil e igualmente porca, que fede a óleo de amêndoa.
É necessário comer frango cozido bem aqui?
Sou grande mas não sou apoio, e se resolver dormir encoste essa cabeça, que não serve para nada, na droga da janela e me deixe em paz. Se escorregar para cima de mim vai levar sopapo na orelha. Só não sei se vou agüentar ver sua baba escorrendo até o colo. Tremo de ódio quando um tarado louco, que não tem dinheiro para pagar uma puta, que pensa em comer a própria mãe e que foi molestado pelo padrasto na infância, resolve se divertir. Por mais espaço que tenha, o pervertido faz questão de ficar colado nas suas costas, fungando na sua nuca. Perdi as contas de quantas lapiseiras perdi enquanto tentava perfurar os olhos de alguns desses.
Se mais uma vez você, sem cerimônia, colocar o pau para fora das calças e tentar esfregá-lo na minha cara, vou chutar o suficiente para arrancar essa merda do meio das suas pernas e enfiar na tua goela, desgraçado.
Quando não é homem, é mulher. Sente-se em algum banco do corredor que aparece uma estúpida apoiando a “xana” no teu braço. Olha para mim como que dizendo para eu ser compreensiva, pois o ônibus está muito cheio, todo mundo está empurrando e que é muito mais seguro se jogar em cima de outra mulher do que deixar a própria bunda servir de parque de diversão. Seguro nada, ô doente. Tire essa coisa do meu ombro agora. Ai que nojo.
Sem contar os meus cinco celulares roubados, o cheiro de cachorro molhado, gente que vomita no meio do corredor, o trânsito, a mistura de perfumes, as vozes estridentes, a obrigação de sair de casa 3 horas antes do compromisso marcado, motoristas que acordam irritados e resolvem escolher os pontos em que vão parar, torcida organizada que transforma tudo em arquibancada, gente folgada que carrega a compra do mês e só consegue arranjar carona para ir para a Praia Grande no Carnaval e adolescentes descontrolados que gritam.
Nesse momento, tenho certeza que tem gente limitada perguntando porquê não compro um carro e paro de reclamar. Estou na mesma situação que a maioria. Sou uma publicitária iniciante que se escraviza por um salário ínfimo, mas isso não me dá o direito de transformar a vida dos outros num caos quando estou em locais públicos. Educação, bom senso, respeito e higiene nada têm a ver com classe social.
Tuesday, February 27, 2007
Quarta feira de cinzas
De Thiago Fabrette
Todo carnaval, isso já faz 5 anos, eu me interno.
Procuro um refúgio, um lugar para tentar ao máximo, fugir do trânsito, me afastar o quanto puder do samba, mulatas, bateria e avenida.
Não que eu seja contra a festa maior, mas por achar que a verdadeira razão acabou. A festa do povo para o povo. A festa da alegria, também está virando a festa do consumo, a festa do excesso, a festa da micareta.
Do mesmo jeito que o natal perdeu o sentido na minha vida, o carnaval também o fez. De maneira diferente, mas o fez.
Fez com que eu escolhesse, nesse ano de 2007, a praia da Juréia, no litoral norte e me internasse por lá, carro na garagem, bike embaixo da bunda e sol num lugar isolado, sem me preocupar com trânsito ou qualquer outra coisa.
Mas mesmo ali, vivenciei outra coisa que quero agora, tentar resgatar o sentido. A amizade.
Por várias vezes, os amigos que na casa comigo estavam, discutiam intrigas e criavam situações inexistentes de confusão. Parecia Big Brother – coisa que pra mim, nunca teve sentido.
Tentei ponderar com eles, tentei mudar o assunto, mas sempre se voltavam para situações – criadas na cabeça confusa deles mesmos – em que os amigos da outra casa estavam chateados, os amigos do quarto ao lado estão mancomunando, os amigos do andar de cima não lavaram a louça, o amigo sentado no sofá comigo pagou a menos.
O meu descanso foi-se. Por mais que eu tenha me afastado do carnaval, me aproximei da intriga. O que eu escolho? Os amigos é claro.
Mas, quando ouvi na TV, na quarta-feira “Unidos do Peruche, oito e setenta e cinco!”, descobri que o feriado acabara.
E me dei por satisfeito por ter tantos amigos, de poder estar com eles, de poder ponderar com eles, de poder discutir com eles e de poder me internar do carnaval com eles.
Só espero que no carnaval do ano que vem, eu possa mais uma vez fazer o mesmo e ouvir de novo: “pô, só eu que lavo a louça aqui nessa casa??”.
Eles que eu escolhi para me acompanhar pela vida e por isso, espero que possamos mais uma vez, apertar ainda mais os nossos laços.
Todo carnaval, isso já faz 5 anos, eu me interno.
Procuro um refúgio, um lugar para tentar ao máximo, fugir do trânsito, me afastar o quanto puder do samba, mulatas, bateria e avenida.
Não que eu seja contra a festa maior, mas por achar que a verdadeira razão acabou. A festa do povo para o povo. A festa da alegria, também está virando a festa do consumo, a festa do excesso, a festa da micareta.
Do mesmo jeito que o natal perdeu o sentido na minha vida, o carnaval também o fez. De maneira diferente, mas o fez.
Fez com que eu escolhesse, nesse ano de 2007, a praia da Juréia, no litoral norte e me internasse por lá, carro na garagem, bike embaixo da bunda e sol num lugar isolado, sem me preocupar com trânsito ou qualquer outra coisa.
Mas mesmo ali, vivenciei outra coisa que quero agora, tentar resgatar o sentido. A amizade.
Por várias vezes, os amigos que na casa comigo estavam, discutiam intrigas e criavam situações inexistentes de confusão. Parecia Big Brother – coisa que pra mim, nunca teve sentido.
Tentei ponderar com eles, tentei mudar o assunto, mas sempre se voltavam para situações – criadas na cabeça confusa deles mesmos – em que os amigos da outra casa estavam chateados, os amigos do quarto ao lado estão mancomunando, os amigos do andar de cima não lavaram a louça, o amigo sentado no sofá comigo pagou a menos.
O meu descanso foi-se. Por mais que eu tenha me afastado do carnaval, me aproximei da intriga. O que eu escolho? Os amigos é claro.
Mas, quando ouvi na TV, na quarta-feira “Unidos do Peruche, oito e setenta e cinco!”, descobri que o feriado acabara.
E me dei por satisfeito por ter tantos amigos, de poder estar com eles, de poder ponderar com eles, de poder discutir com eles e de poder me internar do carnaval com eles.
Só espero que no carnaval do ano que vem, eu possa mais uma vez fazer o mesmo e ouvir de novo: “pô, só eu que lavo a louça aqui nessa casa??”.
Eles que eu escolhi para me acompanhar pela vida e por isso, espero que possamos mais uma vez, apertar ainda mais os nossos laços.
Monday, February 26, 2007
Atalhos
De Luciana Muniz
Pois é... Segunda-feira de manhã... Tem momento mais entediante do que Segunda-feira antes do almoço?
Tudo bem que a Quarta-feira de cinzas foi na semana passada, você trabalhou na Quinta e na Sexta-feira ainda em clima light, afinal a semana já estava quase acabando, não é mesmo?
Mas hoje é diferente... Hoje é segunda-feira e ainda restam mais quatro dias inteirinhos para a semana se esvair e você poder dar aquela relaxada básica sem ninguém te enchendo o saco.
E como não poderia deixar de ser, você teve que enfrentar trânsito no caminho ao trabalho e ainda rezou para não chover, porque se São Pedro resolvesse ‘lavar o quintal’, aí sim que não apenas você, mais a cidade inteira é que pararia para amaldiçoar a coitada da segunda-feira.
Nestes momentos é que você olha para si mesmo e se pergunta por que é que ainda não inventaram um teclado virtual, onde a combinação de algumas teclas seria suficiente para formatar alguns pequenos detalhes do nosso cotidiano. Vai dizer que nunca pensou nisso? Nunca desejou ter à sua disposição uma tecla chamada Pause/Break e apertá-la quando aquela chuva está para desabar justo na hora em que você se prepara para sair rumo ao trabalho?
Tudo bem... Pode ser que não tenha pensado nesta tecla, mas garanto que na tecla Esc você pensou com carinho naqueles momentos em que o seu chefe está voltando de uma reunião importante com a cara amarrada, convocando toda a equipe, inclusive você, para ‘uma reunião de alinhamento’. E claro, dez minutos antes do seu horário de almoço.
Vai dizer que não pensou em apertar a maravilhosa teclinha e sair de fininho pela tangente?
Não, não estou julgando ninguém, até porque sou a primeira a desejar fazer uso deste miraculoso teclado, tão logo uma alma caridosa se disponha a torná-lo real. Confesso que com o amontoado de informações que somos obrigados a entender ou mesmo decorar, dependendo das circunstâncias, as famosas duplas de teclas Ctrl + C e Ctrl + V fariam uma enorme diferença... Ou mesmo o trio Ctrl + Alt + Del quando a gente trava diante de uma situação difícil, seria muito prático reiniciar tudo, fazendo questão de não salvar os erros cometidos.
E a diversidade de barbaridades que acontecem a todo instante em uma cidade como São Paulo? Que vontade de apertar a tecla Alt, selecionar o menu Arquivo e clicar no comando Enviar para... e mandar para bem longe (ou para aquele lugar, se você preferir) quem comete atos violentos ou corruptos contra as pessoas!
A vida seria muito mais fácil, não nos preocuparíamos com os problemas cotidianos, tudo seria minimizado ou mesmo solucionado com apenas alguns toques no teclado, não seria extraordinário?
Pois bem, enquanto não inventam esta maravilha revolucionária da tecnologia, em meus pensamentos aperto a tecla End e volto melancólica para a realidade de uma segunda-feira pós-carnaval... :(
Pois é... Segunda-feira de manhã... Tem momento mais entediante do que Segunda-feira antes do almoço?
Tudo bem que a Quarta-feira de cinzas foi na semana passada, você trabalhou na Quinta e na Sexta-feira ainda em clima light, afinal a semana já estava quase acabando, não é mesmo?
Mas hoje é diferente... Hoje é segunda-feira e ainda restam mais quatro dias inteirinhos para a semana se esvair e você poder dar aquela relaxada básica sem ninguém te enchendo o saco.
E como não poderia deixar de ser, você teve que enfrentar trânsito no caminho ao trabalho e ainda rezou para não chover, porque se São Pedro resolvesse ‘lavar o quintal’, aí sim que não apenas você, mais a cidade inteira é que pararia para amaldiçoar a coitada da segunda-feira.
Nestes momentos é que você olha para si mesmo e se pergunta por que é que ainda não inventaram um teclado virtual, onde a combinação de algumas teclas seria suficiente para formatar alguns pequenos detalhes do nosso cotidiano. Vai dizer que nunca pensou nisso? Nunca desejou ter à sua disposição uma tecla chamada Pause/Break e apertá-la quando aquela chuva está para desabar justo na hora em que você se prepara para sair rumo ao trabalho?
Tudo bem... Pode ser que não tenha pensado nesta tecla, mas garanto que na tecla Esc você pensou com carinho naqueles momentos em que o seu chefe está voltando de uma reunião importante com a cara amarrada, convocando toda a equipe, inclusive você, para ‘uma reunião de alinhamento’. E claro, dez minutos antes do seu horário de almoço.
Vai dizer que não pensou em apertar a maravilhosa teclinha e sair de fininho pela tangente?
Não, não estou julgando ninguém, até porque sou a primeira a desejar fazer uso deste miraculoso teclado, tão logo uma alma caridosa se disponha a torná-lo real. Confesso que com o amontoado de informações que somos obrigados a entender ou mesmo decorar, dependendo das circunstâncias, as famosas duplas de teclas Ctrl + C e Ctrl + V fariam uma enorme diferença... Ou mesmo o trio Ctrl + Alt + Del quando a gente trava diante de uma situação difícil, seria muito prático reiniciar tudo, fazendo questão de não salvar os erros cometidos.
E a diversidade de barbaridades que acontecem a todo instante em uma cidade como São Paulo? Que vontade de apertar a tecla Alt, selecionar o menu Arquivo e clicar no comando Enviar para... e mandar para bem longe (ou para aquele lugar, se você preferir) quem comete atos violentos ou corruptos contra as pessoas!
A vida seria muito mais fácil, não nos preocuparíamos com os problemas cotidianos, tudo seria minimizado ou mesmo solucionado com apenas alguns toques no teclado, não seria extraordinário?
Pois bem, enquanto não inventam esta maravilha revolucionária da tecnologia, em meus pensamentos aperto a tecla End e volto melancólica para a realidade de uma segunda-feira pós-carnaval... :(
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