Wednesday, May 09, 2007

Analu

De Lucimara Paiva

A gente vive entre a paz e o conflito, como qualquer relação normal. Oscilamos entre o amor por bichos e a guerra por causa do quarto bagunçado. Amamos nossas diferenças e amo mais ainda as diferenças dela.
Quando a gente quase se mata é para dar mais emoção para a rotina. Ela sabe que tenho mais coisas dela do que eu mesma consigo imaginar. Talvez eu até me dê conta disso sem perceber e agradeço cada detalhe.
Eu conheço o cheiro dela, sei quando ela ri de nervoso e timidez, sei quando ela começa a ser desbocada para tentar se esconder de vergonha, sei quando ela quer se esconder por estar triste, sei o que ela guarda, o que ela quer, mesmo que não diga uma palavra.
Dou risada quando ela fica alegre de tanto tomar caipirinha. Dou risada quando, a cada 5 segundos, ela fala de um cachorro na rua, mas nesse caso dou risada porque fico triste por não poder fazer absolutamente nada. Nem por ela, nem pelo cachorro. Risada de “o que eu falo agora”, sabe? E acabamos concordando que nosso ódio por seres humanos muitas vezes é do mesmo tamanho.
Nunca vi pessoa mais sincera, mais transparente, e se algum dia alguém disse que eu tava ridícula usando ou fazendo algo, acredite, ela foi a primeira a falar.
Ela é meu alicerce, a opinião que vale antes de todas, diversão garantida, o pavio curto. E faz um bolo maravilhoso que já está famoso.
Como eu queria poder dar mais que um livro com uma dedicatória sincera. Como eu queria dar as chaves de um carro, falar “entre aí, ligue o som no último volume e se quiser cantar aos berros, pode mandar bala. Quando você chegar lá no final vai ter uma casona te esperando, com aquele jardim enorme que mais parece uma selva para você pirar com terra, minhocas e adubo o dia todo, como sempre quis. Ah, e tem um canil no fundo do quintal, só que os bichos, você vai ter que se virar e sair resgatando pela rua.”.
Adoro quando ela dança country na cozinha, adoro quando ela morre de rir quando arrasto-a pelo pé enquanto lustro o chão. Adoro quando ela se espanta com minhas histórias, quando acordo no final de semana e ela está elétrica andando de um lado para outro, porque sei que ela está bem. Fico com o ego inflado quando falam que ela é linda. Tire o olho da minha mãe! Ai, que coisa!
E se um dia eu perder tudo isso, minha razão vai se perder junto e vou virar a inércia tocando a vida simplesmente porque a vida é assim, porém nada mais vai ter graça.

Monday, May 07, 2007

Incitando uma inspiração

De Luciana Muniz

Onde está a minha inspiração? Escrevo o que vejo, o que sinto... Observo o mundo e a eterna dança cósmica que fascina os que, como eu, procuram por respostas sem ter a certeza de que em algum momento elas virão...
Escrever é mais do que transpor no papel sentimentos e impressões, é uma necessidade. É um vício saudável que me completa e que me faz enxergar o mundo e as pessoas que nele habitam de uma forma diferente, sob a minha ótica. Adquiri o hábito sutil de observar locais, pessoas e situações, mas em nenhum momento com a intenção de julgar, apenas descrever a realidade que se apresentou diante de meus olhos.
Apresento fatos e idéias e os que me lêem se atêm a pontos específicos do texto. Uns se emocionam com a descrição de uma rosa, outros acham mais interessante o brilho no olhar da criança descrito parágrafos depois, outros ainda gostam do texto como um todo.
Há também os que não gostam de texto algum, ou porque o conteúdo de alguns é mesmo muito ruim ou porque não apreciam ler!
Sim! Pois na humilde opinião de quem muito leu e pouco escreveu, SEMPRE levamos algo quando lemos um texto, seja ele bom ou ruim. Não importa se as palavras nos tocaram, nos excitaram ou em nada nos agradou. Mas as informações estão lá e nós a adquirimos, mesmo que seja para passar adiante que o texto não é lá estas coisas.
No mínimo o autor com o seu texto forçou alguém a formar uma opinião, o que já é um excelente começo!Escrever é um dom... E aqui permaneço eu, a espera de uma longínqua inspiração, com a solene missão de entreter, emocionar ou apenas cativar formadores de opiniões.