De Leandro Molino
Todo o dia, quando abrimos os jornais, ouvimos as rádios ou assistimos os telejornais, somos compelidos à “compreensão” de notícias quase sempre desagradáveis. É como se nos fosse propiciada uma imersão na desgraça humana. Em uma das noites passadas, deparei-me com o seguinte pensamento: “Caramba: será que somente ocorrem tragédias e desgraças no Brasil?”. Essa questão surgiu logo após assistir ao tal “nacional”, aquele telejornal, no chamado “principal canal da televisão brasileira”. Era um tal de morte de um lado, fuzilamento de policiais do outro, enchente para cima e pra baixo, rebelião nos presídios! Não pude me furtar de tentar compreender o que estava ocorrendo. Graças ao papai do céu, ao meu lado havia pessoas razoáveis e inteligentes, que também perceberam que o tom adotado pelo tal telejornal era muito mais próximo ao dos primeiros 30 minutos do “Resgate do Soldado Ryan” do que à prática de um responsável e sério jornalismo. Estávamos, todos, embasbacados. Paralisados. Nos sentíamos tragados por aquele montão de desgraças que desfilavam, em cores, em nossa televisão. Os mais críticos diriam: “Essa é a realidade do País em que vivemos, meu caro; e o objetivo deste tipo de jornalismo é demonstrar a verdade.” Trata-se, certamente, de um argumento válido. Mas será que os competentes profissionais envolvidos na produção daquele telejornal refletiram sobre as conseqüências da demonstração nua e crua da realidade? E, mais grave, da forma como realizado? Será que só existe este tipo de jornalismo, este modo de informar?
A questão toda está na definição do que é realidade. Realidade nunca foi, e jamais será, um conceito uniforme e estanque. E tal situação torna-se ainda mais evidente em um País tão desagregado quanto o nosso, ambiente propício para a formação de diversas realidades: a do pobre; a do “classe média” e a do rico, ao menos. Mas até esse conceito, veja-se, não é absoluto, pois no cerne destas classes sociais existem, ademais, realidades diversas: a dos desempregados; a dos empregados; a dos patrões; a dos serviçais; a dos profissionais liberais; a dos políticos (ô realidade torpe, esta!). Enfim, uma gama enorme de interesses e de peculiaridades que fazem surgir diversos níveis e definições de realidade. Percebem como uniformizar, “pausterizar” a realidade é um tremendo equívoco? E este erro adquire contornos ainda mais relevantes quando se percebe que é realizado, cotidianamente, por quem não poderia fazê-lo: os meios de comunicação. É óbvio que o papel da imprensa, em um ambiente democrático, deve ser respeitado. Não se está aqui, de forma alguma, apregoando a necessidade de um controle sobre os meios de comunicação. O que se está afirmando é que estes meios de comunicação acabam por não realizar o seu escopo, que é o de é informar, fazer com que o cidadão se interesse pelo que ocorre no cotidiano de sua cidade, de seu Estado, enfim, de seu País. Nunca foi papel da imprensa realizar uma verdadeira lavagem cerebral, como hodiernamente ocorre, instalando a pílula do medo no inconsciente coletivo. Isso sempre foi o triste papel dos inimigos da democracia. E liberdade de imprensa e democracia são irmãs, gêmeas e siamesas. Todavia, o que é realizado atualmente por um número muito significativo dos veículos de comunicação brasileiros é tão-somente uma lavagem cerebral: o sujeito fica tão atormentado com as notícias que lhe são dirigidas que acaba por perder o interesse. Acerca de tudo! Torna-se um ser acuado e amedrontado. É o efeito reverso do que deveria ocorrer. Na minha opinião, listo como raras exceções algumas atividades jornalísticas que são hoje realizadas nas Rádios do País, entre estas destaco a JovemPan, a CBN, a Band. Encontramos outras louváveis exceções em alguns canais de TV à Cabo. Mas quantos brasileiros assistem TV à Cabo? Quanto aos jornais impressos, temos um caso à parte, pois a premissa para lê-los é saber ler e interpretar, compreender, o que está escrito. E quantos dos “novos brasileiros” sabem realmente ler? Nos demais meios de comunicação, especialmente o televisivo aberto, o que se vê é um jornalismo extremamente superficial, sem sal nem açúcar. A imprensa, em sua absoluta maioria, é, no Brasil, formada por pessoas altamente capacitadas. Entretanto, falta aos meios de informação brasileiros isenção. Não me refiro à liberdade absoluta, pois isto seria utópico demais. Refiro-me à isenção no ato de informar; à responsabilidade na formação de uma audiência participativa e responsável. Os meios de comunicação não podem, em sua maioria, somente servir ao stabilishment. Todavia, também não estão autorizados a simplesmente questionar o status quo, como que por esporte. Devem questioná-lo, sim, criticá-lo, mas de maneira isenta, analisando as questões propostas, os fatos do cotidiano, a fim de inserir o telespectador, o ouvinte ou o leitor no contexto da informação. A demonstração da realidade nua e crua gerará o simples receio, o temor justificado, pois é induvidoso o fato de vivermos em uma situação limiar de insegurança e instabilidade de nossas instituições. Uma imprensa que não questiona e que não traz à tona exemplos positivos acaba por pouco contribuir para a formação da cidadania. É como ensinar a fazer um bolo sem apresentar a receita. Você pode até mesmo decorar diversos elementos daquela, mas jamais a sua totalidade. Sempre faltará um ingrediente. Sempre o mais relevante. Não há como falar-se em desenvolvimento social e econômico sem conscientização. Somente conscientes do que somos, do que podemos e do que queremos é que poderemos, um dia, deixar de dançar essa valsa de notas tristes que é impingida a todos nós: a do desinteresse, causa da nossa inação. Ou os meios formadores de opinião passam a discutir, a fundo, tudo o que está ocorrendo ao nosso redor, ou estaremos condenados a ser, para sempre, o País do Samba e do Futebol.
Friday, March 16, 2007
Thursday, March 15, 2007
O fim dos tempos chegou!!!
De Léo Lousada
Depois de tanta bala perdida, seqüestro, político corrupto (tá, eu sei, isso é redundante), fome, miséria, axé, inundações e secas, o verdadeiro sinal do fim dos tempos aconteceu hoje. Aconteceu, ou virou notícia, o que você quiser, mas já é fato: a Argentina está no primeiro lugar do rank da FIFA.
Desculpem meus milhares de leitores que são argentinos e os que gostam de axé, mas é fato sabido que a Argentina estar na nossa frente logo no futebol é o fim do mundo.
Primeiramente eu queria saber como? Nossos hermanos ganharam duas copas e nós cinco. Nós não temos perdido muitas partidas ultimamente. Tá certo que a Copa foi humilhante, mas até que fomos relativamente longe com o time dos vovôs estrelas, inclusive na frente da Argentina.
Obviamente que além deste sinal místico de que o mundo está acabando, pelo menos para o Brasil, eu me preocupo com outra classe, sem classe, a política. Imaginem só: o que vai acontecer a eles agora que o ópio do povo está perdendo sua força? Pô, até o ópio da Argentina tá melhor.....eu vou mudar pra lá. E eu que pensei que vivia num país de droga...que engano.
O fato é que os políticos corruptos (olha o pleonasmo de novo) terão que dar um jeito neste fato ou a carreira deles acabará. Fico pensando se eles vão colocar a culpa em alguém e até desconfio de quem será o bode espiatório: o Leão. Não....não é o Leão do imposto de renda, é o Leão técnico do Corinthians. Quando assumiu a equipe do Parque São Jorge, ele logo mandou embora todos os craques argentinos do time e agora olha só onde está a Argentina no ranking......Primeirão! A Argentina mandando ópio do bom e o Brasil dispensando assim.
A grande verdade é que a nossa seleção é, sempre foi e provavelmente sempre será a melhor, mas os nossos políticos são, sempre foram e cada vez mais são os piores. E o futebol, que deveria ser apenas uma diversão, vira válvula de escape para o stress do brasileiro que acaba demonstrando sua fúria em estádio contra outros brasileiros drogados pelo mesmo ópio que vem drogando o povo brasileiro há anos. Este ópio que lembra muito Roma antiga e sua política de “Pão e Circo”. O nosso circo é claro que é o futebol, mas o nosso pão também preocupa, pois ele vem maquiado de “Bolsas famílias”, “Leves-leite”, e outros planos assistencialistas que dão peixe, mas não ensinam a pescar.
E é nesta levada de axé que vamos que vamos e eu quero agora ópio argentino, pois quero ficar muy loco.
Depois de tanta bala perdida, seqüestro, político corrupto (tá, eu sei, isso é redundante), fome, miséria, axé, inundações e secas, o verdadeiro sinal do fim dos tempos aconteceu hoje. Aconteceu, ou virou notícia, o que você quiser, mas já é fato: a Argentina está no primeiro lugar do rank da FIFA.
Desculpem meus milhares de leitores que são argentinos e os que gostam de axé, mas é fato sabido que a Argentina estar na nossa frente logo no futebol é o fim do mundo.
Primeiramente eu queria saber como? Nossos hermanos ganharam duas copas e nós cinco. Nós não temos perdido muitas partidas ultimamente. Tá certo que a Copa foi humilhante, mas até que fomos relativamente longe com o time dos vovôs estrelas, inclusive na frente da Argentina.
Obviamente que além deste sinal místico de que o mundo está acabando, pelo menos para o Brasil, eu me preocupo com outra classe, sem classe, a política. Imaginem só: o que vai acontecer a eles agora que o ópio do povo está perdendo sua força? Pô, até o ópio da Argentina tá melhor.....eu vou mudar pra lá. E eu que pensei que vivia num país de droga...que engano.
O fato é que os políticos corruptos (olha o pleonasmo de novo) terão que dar um jeito neste fato ou a carreira deles acabará. Fico pensando se eles vão colocar a culpa em alguém e até desconfio de quem será o bode espiatório: o Leão. Não....não é o Leão do imposto de renda, é o Leão técnico do Corinthians. Quando assumiu a equipe do Parque São Jorge, ele logo mandou embora todos os craques argentinos do time e agora olha só onde está a Argentina no ranking......Primeirão! A Argentina mandando ópio do bom e o Brasil dispensando assim.
A grande verdade é que a nossa seleção é, sempre foi e provavelmente sempre será a melhor, mas os nossos políticos são, sempre foram e cada vez mais são os piores. E o futebol, que deveria ser apenas uma diversão, vira válvula de escape para o stress do brasileiro que acaba demonstrando sua fúria em estádio contra outros brasileiros drogados pelo mesmo ópio que vem drogando o povo brasileiro há anos. Este ópio que lembra muito Roma antiga e sua política de “Pão e Circo”. O nosso circo é claro que é o futebol, mas o nosso pão também preocupa, pois ele vem maquiado de “Bolsas famílias”, “Leves-leite”, e outros planos assistencialistas que dão peixe, mas não ensinam a pescar.
E é nesta levada de axé que vamos que vamos e eu quero agora ópio argentino, pois quero ficar muy loco.
Wednesday, March 14, 2007
Three O´Clock Blues
De Lucimara Paiva
Deitada em minha cama, começo a ouvir Three O´Clock Blues só para me lembrar que horas são e porquê ainda estou acordada.
Pode ser a febre que incomoda, pode ser esse você que eu tenho mania de querer tanto, tanto, que não passa disso, sai pelos meus poros e resume minhas noites em perguntas que eu teimo em responder, só pela teimosia, não pela vontade de saber mesmo qual é a real. Saber a verdade pode ser um final, mas agora não quero acreditar que haja um fim. Decidi que nada mais vai acabar, porque não vou deixar que comece sem que seja superficial, então se acabar, será como arrancar a casquinha de uma ferida que logo cicatriza.
Usarei todo o egoísmo que eu conseguir, afogarei cada dor chata numa dose de tequila, bebendo impaciência dentro de “baladas-mico”, com “pessoas-fotocópia” porque a dor, a mediocridade e o ritmo burro e constante se igualam, param de me machucar, assim sua ausência simplesmente some. Depois da tequila, quando minha garganta começar a queimar, esquecerei que quero te engolir, vou desfilar com minhas tatuagens exalando uma auto-suficiência falsa e fazer de conta que o que eu menos queria naquela hora era ouvir uma risada sua, feliz por me ver descabelada de tanto dançar e ainda me achar linda.
“...I can´t even close my eyes, Can´t find my baby…”. O suor começa a escorrer pela minha testa, oscilo num estado febril e insone quando esse trecho começa a tocar pela décima vez, então tenho o impulso de olhar em volta para tentar te ver, mas prefiro ignorar qualquer vontade. É a trilha sonora do meu cérebro que insiste em esperar para, na primeira distração, poder avisar que minha indiferença é de mentira, que mesmo superficial, sou inteira e que eu me acho um saco, porque do mesmo jeito que ouço a mesma música 50 vezes seguidas, relembro, obsessivamente, do beijo que você me deu, depois que eu me levantei do sofá, no meio da festa, dizendo estar com dor nas costas e você percebeu que era metade dor e metade “vai me agarrar ou não?”.
Continuarei querendo você, porém vou te procurar em todos os outros ao mesmo tempo e se todos esses começarem a chegar ao meu fundinho, vou fugir.
Escondo-me em meus olhos pretos, borrados de delineador e finjo diversão. Acreditar que tenho o controle de quem entra e de quem sai, faz com que todas essas possibilidades vazias não sejam tão vazias assim e comecem a fazer tanto sentido quanto minha insônia, quanto a febre que não passa, quanto a sua ausência louca, quanto você que transborda pelos meus poros. Faz tanto sentido quanto o calafrio subindo pela minha espinha enquanto ouço pela última vez “I can´t be satisfied..” antes de pensar que seja melhor do jeito que está, apenas para conseguir dormir.
Deitada em minha cama, começo a ouvir Three O´Clock Blues só para me lembrar que horas são e porquê ainda estou acordada.
Pode ser a febre que incomoda, pode ser esse você que eu tenho mania de querer tanto, tanto, que não passa disso, sai pelos meus poros e resume minhas noites em perguntas que eu teimo em responder, só pela teimosia, não pela vontade de saber mesmo qual é a real. Saber a verdade pode ser um final, mas agora não quero acreditar que haja um fim. Decidi que nada mais vai acabar, porque não vou deixar que comece sem que seja superficial, então se acabar, será como arrancar a casquinha de uma ferida que logo cicatriza.
Usarei todo o egoísmo que eu conseguir, afogarei cada dor chata numa dose de tequila, bebendo impaciência dentro de “baladas-mico”, com “pessoas-fotocópia” porque a dor, a mediocridade e o ritmo burro e constante se igualam, param de me machucar, assim sua ausência simplesmente some. Depois da tequila, quando minha garganta começar a queimar, esquecerei que quero te engolir, vou desfilar com minhas tatuagens exalando uma auto-suficiência falsa e fazer de conta que o que eu menos queria naquela hora era ouvir uma risada sua, feliz por me ver descabelada de tanto dançar e ainda me achar linda.
“...I can´t even close my eyes, Can´t find my baby…”. O suor começa a escorrer pela minha testa, oscilo num estado febril e insone quando esse trecho começa a tocar pela décima vez, então tenho o impulso de olhar em volta para tentar te ver, mas prefiro ignorar qualquer vontade. É a trilha sonora do meu cérebro que insiste em esperar para, na primeira distração, poder avisar que minha indiferença é de mentira, que mesmo superficial, sou inteira e que eu me acho um saco, porque do mesmo jeito que ouço a mesma música 50 vezes seguidas, relembro, obsessivamente, do beijo que você me deu, depois que eu me levantei do sofá, no meio da festa, dizendo estar com dor nas costas e você percebeu que era metade dor e metade “vai me agarrar ou não?”.
Continuarei querendo você, porém vou te procurar em todos os outros ao mesmo tempo e se todos esses começarem a chegar ao meu fundinho, vou fugir.
Escondo-me em meus olhos pretos, borrados de delineador e finjo diversão. Acreditar que tenho o controle de quem entra e de quem sai, faz com que todas essas possibilidades vazias não sejam tão vazias assim e comecem a fazer tanto sentido quanto minha insônia, quanto a febre que não passa, quanto a sua ausência louca, quanto você que transborda pelos meus poros. Faz tanto sentido quanto o calafrio subindo pela minha espinha enquanto ouço pela última vez “I can´t be satisfied..” antes de pensar que seja melhor do jeito que está, apenas para conseguir dormir.
Tuesday, March 13, 2007
Ficção e realidade
De Antonio Zubieta
Vou começar a escrever e fingir que você está segurando a minha mão. Ou pelo menos só no começo. Assim que eu pegar ritmo não vou mais precisar deste apoio e seguirei sozinho. Por enquanto preciso segurar esta tua mão linda, mesmo que não consiga acariciar seu rosto.
A ficção e realidade são muito distantes, e incrivelmente próximas. Para elas acontecerem é preciso somente um desconexão do que acreditamos estar conectados.
A realidade é rica em detalhes e principalmente dependente da existência do que somos. Presa ao enorme mundo que temos e que de certa forma dependemos porque quisemos assim.
A ficcao é mais hamoniosa, uma conjução química e revolucionária do corpo e da mente. A ficção é um passo antes do amor, o pré-amor, e tem que ser , porque do contrário não seria ficção. É uma espécie de desordem de viver, uma vontade de fazer tudo sem se desprender da essência do que se vive na realidade. É pensar o tempo inteiro em viajar sem poder viajar. É sentir a suavidade das mãos quando não estão mais presentes para guiar.
Nem eu saberia, se tivesses desejado, transformar esse passo latente em passo real. Há uma certa desordem das coisas. Mas se fosse para começar talvez começasse pelo mais simples. Onde tudo tem que ser feito para iniciar.
Vou dizer uma coisa, a vida é para ser intensamente vivida. O amor tem que ser vivido até a última gota, sem nenhum medo, porque não mata e é saudável. Quem vive totalmente está vivendo para os outros, quem vive a própria largueza está fazendo uma dádiva, mesmo que sua vida se passe dentro da incomuncabilidade de uma cela. Viver é dádiva tão grande que milhares de pessoas se beneficiam com cada vida vivida.
Para não ficar preso às armadilhas tomo o cuidado de não ficar olhando demais para algo que me atrai, senão sou deflagrado.
Vou começar a escrever e fingir que você está segurando a minha mão. Ou pelo menos só no começo. Assim que eu pegar ritmo não vou mais precisar deste apoio e seguirei sozinho. Por enquanto preciso segurar esta tua mão linda, mesmo que não consiga acariciar seu rosto.
A ficção e realidade são muito distantes, e incrivelmente próximas. Para elas acontecerem é preciso somente um desconexão do que acreditamos estar conectados.
A realidade é rica em detalhes e principalmente dependente da existência do que somos. Presa ao enorme mundo que temos e que de certa forma dependemos porque quisemos assim.
A ficcao é mais hamoniosa, uma conjução química e revolucionária do corpo e da mente. A ficção é um passo antes do amor, o pré-amor, e tem que ser , porque do contrário não seria ficção. É uma espécie de desordem de viver, uma vontade de fazer tudo sem se desprender da essência do que se vive na realidade. É pensar o tempo inteiro em viajar sem poder viajar. É sentir a suavidade das mãos quando não estão mais presentes para guiar.
Nem eu saberia, se tivesses desejado, transformar esse passo latente em passo real. Há uma certa desordem das coisas. Mas se fosse para começar talvez começasse pelo mais simples. Onde tudo tem que ser feito para iniciar.
Vou dizer uma coisa, a vida é para ser intensamente vivida. O amor tem que ser vivido até a última gota, sem nenhum medo, porque não mata e é saudável. Quem vive totalmente está vivendo para os outros, quem vive a própria largueza está fazendo uma dádiva, mesmo que sua vida se passe dentro da incomuncabilidade de uma cela. Viver é dádiva tão grande que milhares de pessoas se beneficiam com cada vida vivida.
Para não ficar preso às armadilhas tomo o cuidado de não ficar olhando demais para algo que me atrai, senão sou deflagrado.
Monday, March 12, 2007
Futebol as Avessas
De Luciana Muniz
Não que eu goste de futebol, longe disso! Sou São Paulina sim, mas raramente assisto aos jogos, sejam estes no Morumbi ou na televisão. Quando me lembro do assunto, me limito a perguntar a quem acompanha os campeonatos:
“ – O São Paulo ganhou o jogo?”.
E assim tem sido até que em uma destas noites entediantes, onde minha amiga e companheira de baladas estava doente e ficaria de molho em casa, resolvi pegar um jornal para ler.
Foi o começo de tudo...
O jornal em questão é aquele direcionado para os aficionados por futebol, mas tinha a seção denominada ‘Intervalo’, que me entreteve durante alguns minutos com suas cruzadinhas e o bom e velho Sudoku. Porém o tédio estava grande naquela noite e acabei por folhear o dito jornal, até que um artigo me chamou a atenção.
O texto falava sobre os times que lutam pelo ‘título’ de pior time do Brasil, tal qual o troféu Framboesa aos piores do cinema. E o mais interessante é que o tal título me pareceu tão disputado quanto o campeonato paulista!
O atual ‘campeão’ é o time pernambucano Íbis que, segundo a matéria, é praticamente invencível, pois coleciona atuações dignas não apenas de um campeão as avessas do Brasil, mas do mundo. E se orgulha disso!
Para se ter uma idéia da campanha extraordinária deste time, o artigo descreveu que ao longo da década de 80, entre meados de 1980 e 1984 a equipe disputou 54 partidas, obtendo 06 empates e 48 derrotas!
O troféu deste ano estaria garantido se um rival à altura não despencasse aceleradamente pelas tabelas. Trata-se do time paraibano Perilima, que perdeu os nove jogos que disputou, sofrendo 39 gols...
E ainda pode se candidatar na categoria de jogador mais velho do mundo, pois o também dono do clube tem 58 anos e ainda atua pela equipe.
Apesar de modesto quando o assunto é a disputa pelo famigerado título, o dono do Perilima declarou no artigo:
“ – Só não estamos perdendo quando não jogamos. Mesmo assim não considero o meu time ruim”.
A estas alturas eu já não conseguia conter o riso com a matéria e o pior ainda estava por vir, pois o dirigente do Íbis alfinetava o rival com a seguinte declaração:
“ – Ainda somos os piores. Ninguém vai nos tirar essa coroa. Os outros tentam, mas essa identidade só o Íbis pode ter”.
E como se não bastasse ainda desafiou o Perilima para um jogo, mas como a relutância do arquiinimigo ficou evidente, cutucou:
“ – Ele deve estar com medo de ganhar”.
Não preciso dizer que à partir de hoje vou acompanhar a incrível disputa pelo posto de pior time de futebol do Brasil, onde os protagonistas deste espetáculo inusitado fazem a alegria de seus torcedores, mesmo tendo uma péssima atuação.
Quem levará a ‘melhor’?
Façam as suas apostas!
Não que eu goste de futebol, longe disso! Sou São Paulina sim, mas raramente assisto aos jogos, sejam estes no Morumbi ou na televisão. Quando me lembro do assunto, me limito a perguntar a quem acompanha os campeonatos:
“ – O São Paulo ganhou o jogo?”.
E assim tem sido até que em uma destas noites entediantes, onde minha amiga e companheira de baladas estava doente e ficaria de molho em casa, resolvi pegar um jornal para ler.
Foi o começo de tudo...
O jornal em questão é aquele direcionado para os aficionados por futebol, mas tinha a seção denominada ‘Intervalo’, que me entreteve durante alguns minutos com suas cruzadinhas e o bom e velho Sudoku. Porém o tédio estava grande naquela noite e acabei por folhear o dito jornal, até que um artigo me chamou a atenção.
O texto falava sobre os times que lutam pelo ‘título’ de pior time do Brasil, tal qual o troféu Framboesa aos piores do cinema. E o mais interessante é que o tal título me pareceu tão disputado quanto o campeonato paulista!
O atual ‘campeão’ é o time pernambucano Íbis que, segundo a matéria, é praticamente invencível, pois coleciona atuações dignas não apenas de um campeão as avessas do Brasil, mas do mundo. E se orgulha disso!
Para se ter uma idéia da campanha extraordinária deste time, o artigo descreveu que ao longo da década de 80, entre meados de 1980 e 1984 a equipe disputou 54 partidas, obtendo 06 empates e 48 derrotas!
O troféu deste ano estaria garantido se um rival à altura não despencasse aceleradamente pelas tabelas. Trata-se do time paraibano Perilima, que perdeu os nove jogos que disputou, sofrendo 39 gols...
E ainda pode se candidatar na categoria de jogador mais velho do mundo, pois o também dono do clube tem 58 anos e ainda atua pela equipe.
Apesar de modesto quando o assunto é a disputa pelo famigerado título, o dono do Perilima declarou no artigo:
“ – Só não estamos perdendo quando não jogamos. Mesmo assim não considero o meu time ruim”.
A estas alturas eu já não conseguia conter o riso com a matéria e o pior ainda estava por vir, pois o dirigente do Íbis alfinetava o rival com a seguinte declaração:
“ – Ainda somos os piores. Ninguém vai nos tirar essa coroa. Os outros tentam, mas essa identidade só o Íbis pode ter”.
E como se não bastasse ainda desafiou o Perilima para um jogo, mas como a relutância do arquiinimigo ficou evidente, cutucou:
“ – Ele deve estar com medo de ganhar”.
Não preciso dizer que à partir de hoje vou acompanhar a incrível disputa pelo posto de pior time de futebol do Brasil, onde os protagonistas deste espetáculo inusitado fazem a alegria de seus torcedores, mesmo tendo uma péssima atuação.
Quem levará a ‘melhor’?
Façam as suas apostas!
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