De Tiago Abad
Apresentarei agora oito problemas encontrados nas latas de refrigerante. Não gostaria que pensassem que não tenho nada pra escrever, mas gostaria de uma oportunidade em fornecer mais um pensamento sobre utilidade pública.
1. O anelzinho entra no vão da unha, dói pra caramba.
2. Se o anelzinho quebra, antes de abrir a lata, fudeu. Você terá que meter o dedo dentro da lata, e possivelmente acaba de ganhar um cortinho, que arde pra caramba.
3. Enquanto você bebe, sempre fica um restinho envolta da boca da lata. Aliás, cuidado, ao menor descuido, pode cair na roupa. Digo isto, pois se você estiver em uma festa e a mancha na roupa estiver presente, você acreditará piamente que todos estão te olhando.
4. As latas estão cada vez mais finas, se caso você têm manias de amassar a lata enquanto conversa, ela corta e aí já sabemos, ocorre o mesmo problema da situação "3".
5. Dizem que pode ter xixi de rato na boca da lata, nunca ouvi dizer que alguém morreu ou está doente por causa disso (sempre lançam boatos pra evitar a possibilidade de o cara ser pobre, morar do lado de um esgoto à céu aberto e numa enchente ter ficado doente).
6. Se você estiver puto e jogar em alguém, alvo de sua putisse, não machucará, procure algo mais pesado.
7. É um material reciclável, mas, dificilmente você encontra um lixinho para materiais recicláveis, logo, você poderá ficar com a lata o dia todo nas mãos.
8. Jamais (eu disse Jamais!), deixe a lata no sol com o refrigerante (o efeito produzido por esta combinação é similar ao da ingestão de um lacto purga).
Claro que temos vários problemas em vários produtos, mas como consumidores, consumíveis, precisamos avaliar as embalagens também, e olha que nem comecei a falar sobre embalagens de molho de tomate, por exemplo.
Thursday, August 09, 2007
Wednesday, August 08, 2007
Crise Aérea
De Li de Oliveira
Lady Leydiane mal podia crer em sua falta de sorte. Suas mãos estavam geladas e tremulas e seu pensamento ia longe... Voava! A propósito, pelo visto é a única coisa que poderia voar ali. Estava ela no aeroporto de Guarulhos, a espera do seu vôo. Vôo que estava atrasado.
Essa seria no mínimo a viagem dos seus sonhos, estava a caminho de Porto Seguro, para conhecer Jorge Welson, o homem da sua vida. Há três meses eles teclavam pela internet, se conheceram na comunidade do Orkut “Românticos Assumidos”. E o amor havia nascido assim, à distância. E agora, finalmente o conheceria pessoalmente! Mas e este vôo??
Olhou mais uma vez o painel... E nada. Nem sombra que seu vôo sairia. Pensou comprar uma revista para se distrair. Enquanto olhava as manchetes, decidindo qual levaria, uma voz surgiu aos seus ouvidos.
- Aposto que a guria vai morrer para que tenha assunto para o resto da novela.
Lady Leydiane olhou para um lado, para o outro e ninguém estava tão próximo para que o comentário pudesse ser com outra pessoa. Mirou o homem a sua frente, era loiro, de porte atlético, olhos claros. Sim, ele era bonito demais, porque falava com ela?
- Desculpe, tu não sabes que estou tão cansado de esperar meu vôo, que acho que se não conversar com alguém enlouqueço. Prazer sou Sandro Anderson.
- Oh, prazer, sou Lady Laydiane. Seu vôo também está atrasado? Bom, isso não é novidade. – Ela riu tímida.
- Ah estais no mesmo barco? Ou melhor, no mesmo avião? Ou melhor, avião é que não estamos mesmo, não é?
- Verdade, avião é o que está bem difícil para estar ultimamente. Para onde vai?
- Sou de Porto Alegre, sabes. Mas vou a Belo Horizonte a negócios. Isto se esse negócio aí resolver levantar vôo.
Mais uma vez ela riu, desta vez mais largamente, ele era extremamente agradável. Além de inegavelmente bonito. Estava sendo muito bom poder contar com esta companhia tornando os momentos de aflição, em leves sorrisos.
- Ah, eu estou indo para Porto Seguro, mas farei escala em Belo Horizonte. Você vai de PAM?
- Não! Com os últimos acontecimentos... PAM é o que ela faz quando chega ao chão. Não, meu vôo é o KY 6969. E o seu?
- Sério? Também irei neste!
- Oh pelo menos teremos companhia até o vôo sair. Você não fugirá antes de mim.
- É ... parece que não...
- Mas então, vai morrer?
- O que??????
- Calma! A guria da novela, estas para morrer para que haja vários suspeitos.
- Nossa, que susto Sandro Anderson, não pode falar assim em um aeroporto! – ela não conseguia parar de sorrir para ele.
- Guria, se continuar a sorrir assim, não me importo de chegar em Belo Horizonte amanhã.
A conversa fluiu durante toda a espera, durante todo o vôo. Inclusive, Lady Laydiane segurou a mão de Sandro Anderson bem apertada ao levantar vôo. E sentiu um aperto, não pelo avião que subia e sim no coração. Quando chegou em Belo Horizonte, tinha descoberto novos caminhos e sentidos a sua vida. O que pensava que era amor, não era. Tudo fez um sentido muito maior ao conhecer Sandro Anderson. Então, limitou-se a mandar uma mensagem de texto a Jorge Welson: “Jorge Welson não me espere mais, no aeroporto eu entendi o conselho da ministra. Vou segui-lo!”.
Lady Leydiane mal podia crer em sua falta de sorte. Suas mãos estavam geladas e tremulas e seu pensamento ia longe... Voava! A propósito, pelo visto é a única coisa que poderia voar ali. Estava ela no aeroporto de Guarulhos, a espera do seu vôo. Vôo que estava atrasado.
Essa seria no mínimo a viagem dos seus sonhos, estava a caminho de Porto Seguro, para conhecer Jorge Welson, o homem da sua vida. Há três meses eles teclavam pela internet, se conheceram na comunidade do Orkut “Românticos Assumidos”. E o amor havia nascido assim, à distância. E agora, finalmente o conheceria pessoalmente! Mas e este vôo??
Olhou mais uma vez o painel... E nada. Nem sombra que seu vôo sairia. Pensou comprar uma revista para se distrair. Enquanto olhava as manchetes, decidindo qual levaria, uma voz surgiu aos seus ouvidos.
- Aposto que a guria vai morrer para que tenha assunto para o resto da novela.
Lady Leydiane olhou para um lado, para o outro e ninguém estava tão próximo para que o comentário pudesse ser com outra pessoa. Mirou o homem a sua frente, era loiro, de porte atlético, olhos claros. Sim, ele era bonito demais, porque falava com ela?
- Desculpe, tu não sabes que estou tão cansado de esperar meu vôo, que acho que se não conversar com alguém enlouqueço. Prazer sou Sandro Anderson.
- Oh, prazer, sou Lady Laydiane. Seu vôo também está atrasado? Bom, isso não é novidade. – Ela riu tímida.
- Ah estais no mesmo barco? Ou melhor, no mesmo avião? Ou melhor, avião é que não estamos mesmo, não é?
- Verdade, avião é o que está bem difícil para estar ultimamente. Para onde vai?
- Sou de Porto Alegre, sabes. Mas vou a Belo Horizonte a negócios. Isto se esse negócio aí resolver levantar vôo.
Mais uma vez ela riu, desta vez mais largamente, ele era extremamente agradável. Além de inegavelmente bonito. Estava sendo muito bom poder contar com esta companhia tornando os momentos de aflição, em leves sorrisos.
- Ah, eu estou indo para Porto Seguro, mas farei escala em Belo Horizonte. Você vai de PAM?
- Não! Com os últimos acontecimentos... PAM é o que ela faz quando chega ao chão. Não, meu vôo é o KY 6969. E o seu?
- Sério? Também irei neste!
- Oh pelo menos teremos companhia até o vôo sair. Você não fugirá antes de mim.
- É ... parece que não...
- Mas então, vai morrer?
- O que??????
- Calma! A guria da novela, estas para morrer para que haja vários suspeitos.
- Nossa, que susto Sandro Anderson, não pode falar assim em um aeroporto! – ela não conseguia parar de sorrir para ele.
- Guria, se continuar a sorrir assim, não me importo de chegar em Belo Horizonte amanhã.
A conversa fluiu durante toda a espera, durante todo o vôo. Inclusive, Lady Laydiane segurou a mão de Sandro Anderson bem apertada ao levantar vôo. E sentiu um aperto, não pelo avião que subia e sim no coração. Quando chegou em Belo Horizonte, tinha descoberto novos caminhos e sentidos a sua vida. O que pensava que era amor, não era. Tudo fez um sentido muito maior ao conhecer Sandro Anderson. Então, limitou-se a mandar uma mensagem de texto a Jorge Welson: “Jorge Welson não me espere mais, no aeroporto eu entendi o conselho da ministra. Vou segui-lo!”.
Tuesday, August 07, 2007
Toda vez
De Thiago Fabrette
Toda vez que eu como um pedaço de carne, eu contribuo para o aquecimento global – a flatulência do gado é um dos maiores causadores do efeito estufa...
Mas toda vez que eu fecho a torneira para escovar os dentes ou lavar a louça,
Eu economizo água, uso menos produtos, enfim – os reservatórios de água e hidroelétricas são grandes responsáveis pela emissão de gases estufa.
Toda vez que eu vejo passar um avião, eu penso no presidente e nos motivos que me levaram a votar nele – se há dez meses, o caos aéreo é notícia na primeira página de todos os jornais, como ele não sabia?
Mas todas as vezes que eu vejo TV, eu penso – e essa corja completa? Quem daí se salva? Quem daí merece meu voto? – São todos, sem exceção, participantes, omissos ou não, desse sistema podre.
Toda vez que eu venho de carro para o trabalho, eu emito sujeira preta do meu pneu, emito gases estufa, contribuo para o trânsito caótico, contribuo para a redução da qualidade de vida em São Paulo...
Mas toda vez que eu pego o Metrô, eu vejo os trabalhadores ameaçando greves, eu fico inseguro de levar um Laptop, perco precioso tempo parado esperando, esperando...
E toda vez que eu olho pra mim no espelho, eu vejo um garoto ficando velho, sem passar pela fase adulta – Estou envelhecendo fisicamente, mas mentalmente, ainda me sinto um garoto, quero pular, correr, cometer irresponsabilidades...
Mas toda vez que eu me atraso pro trabalho, eu fico ansioso, acho que o mundo vai cair, irresponsabilidades não fazem mais parte desse garoto – adulto.
E toda essa história de “Toda vez” e “Mas toda vez” quer dizer uma coisa só: cadencio a minha vida por mim mesmo, sem pensar à minha volta. E toda vez, tenho que estar alerta para tudo, sempre em movimento, sempre preocupado.
Talvez por isso, toda vez que eu estou com meus amigos, em uma praia, sossegado, eu precise extravasar, beber, fumar, correr, gritar, dançar e me divertir ao extremo.
Porque toda vez, eu preciso esquecer o que é o meu dia-a-dia, toda vez.
Toda vez que eu como um pedaço de carne, eu contribuo para o aquecimento global – a flatulência do gado é um dos maiores causadores do efeito estufa...
Mas toda vez que eu fecho a torneira para escovar os dentes ou lavar a louça,
Eu economizo água, uso menos produtos, enfim – os reservatórios de água e hidroelétricas são grandes responsáveis pela emissão de gases estufa.
Toda vez que eu vejo passar um avião, eu penso no presidente e nos motivos que me levaram a votar nele – se há dez meses, o caos aéreo é notícia na primeira página de todos os jornais, como ele não sabia?
Mas todas as vezes que eu vejo TV, eu penso – e essa corja completa? Quem daí se salva? Quem daí merece meu voto? – São todos, sem exceção, participantes, omissos ou não, desse sistema podre.
Toda vez que eu venho de carro para o trabalho, eu emito sujeira preta do meu pneu, emito gases estufa, contribuo para o trânsito caótico, contribuo para a redução da qualidade de vida em São Paulo...
Mas toda vez que eu pego o Metrô, eu vejo os trabalhadores ameaçando greves, eu fico inseguro de levar um Laptop, perco precioso tempo parado esperando, esperando...
E toda vez que eu olho pra mim no espelho, eu vejo um garoto ficando velho, sem passar pela fase adulta – Estou envelhecendo fisicamente, mas mentalmente, ainda me sinto um garoto, quero pular, correr, cometer irresponsabilidades...
Mas toda vez que eu me atraso pro trabalho, eu fico ansioso, acho que o mundo vai cair, irresponsabilidades não fazem mais parte desse garoto – adulto.
E toda essa história de “Toda vez” e “Mas toda vez” quer dizer uma coisa só: cadencio a minha vida por mim mesmo, sem pensar à minha volta. E toda vez, tenho que estar alerta para tudo, sempre em movimento, sempre preocupado.
Talvez por isso, toda vez que eu estou com meus amigos, em uma praia, sossegado, eu precise extravasar, beber, fumar, correr, gritar, dançar e me divertir ao extremo.
Porque toda vez, eu preciso esquecer o que é o meu dia-a-dia, toda vez.
Monday, August 06, 2007
Eu preciso
De Suzana Marion
Espelhos, mídia, gente. Eu já me perdi muitas vezes no meio dessas vitrines ambulantes que passam no meu nariz. Marcas e modas, todo tipo de conceito que já vem pré-moldado, que é só vestir para entrar na moda.
Ônibus, shopping, escola. Preciso de um sobretudo... Que celular lindo! Ah, eu quero! Preciso de uma bolsa nova e meus sapatos já estão tão antigos. Queria um perfume destes...
Mas não posso esquecer da minha frase preferida: “Eu seria feliz se ganhasse um Peugeot 206 cc!” Quantas vezes não torci o pescoço pra sonhar mais um pouco com aquela visão do outro mundo? Realmente um sonho!
Mas será que eu seria mesmo feliz, se por mágica (quem sabe um gênio da lâmpada), todas as vezes que eu dissesse “eu preciso”, surgisse na minha frente o objeto do meu desejo?
Quem sabe se eu tivesse um rompante de benevolência eu às vezes dissesse “ele precisa”? Para falar a verdade, no meio de todo esse entulho e lixo do consumismo que já nem dá prazer, o que mais eu preciso é deixar pelo menos por um dia de dizer “EU PRECISO!”.
*Resolvi publicar em comemoração ao meu “destrancamento” de matrícula e a volta às aulas hoje à noite. Escrevi este textinho em 2005, nos primeiros dias da faculdade. A professora que solicitou era uma daquelas pessoas beeem alternativas e eu pensei que ela fosse me expulsar da sala por excesso de consumismo! Mas que nada, consegui um 9,5 pro meu grupo! Como é que eu podia imaginar?
Espelhos, mídia, gente. Eu já me perdi muitas vezes no meio dessas vitrines ambulantes que passam no meu nariz. Marcas e modas, todo tipo de conceito que já vem pré-moldado, que é só vestir para entrar na moda.
Ônibus, shopping, escola. Preciso de um sobretudo... Que celular lindo! Ah, eu quero! Preciso de uma bolsa nova e meus sapatos já estão tão antigos. Queria um perfume destes...
Mas não posso esquecer da minha frase preferida: “Eu seria feliz se ganhasse um Peugeot 206 cc!” Quantas vezes não torci o pescoço pra sonhar mais um pouco com aquela visão do outro mundo? Realmente um sonho!
Mas será que eu seria mesmo feliz, se por mágica (quem sabe um gênio da lâmpada), todas as vezes que eu dissesse “eu preciso”, surgisse na minha frente o objeto do meu desejo?
Quem sabe se eu tivesse um rompante de benevolência eu às vezes dissesse “ele precisa”? Para falar a verdade, no meio de todo esse entulho e lixo do consumismo que já nem dá prazer, o que mais eu preciso é deixar pelo menos por um dia de dizer “EU PRECISO!”.
*Resolvi publicar em comemoração ao meu “destrancamento” de matrícula e a volta às aulas hoje à noite. Escrevi este textinho em 2005, nos primeiros dias da faculdade. A professora que solicitou era uma daquelas pessoas beeem alternativas e eu pensei que ela fosse me expulsar da sala por excesso de consumismo! Mas que nada, consegui um 9,5 pro meu grupo! Como é que eu podia imaginar?
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