De Li de Oliveira
Todos os dias quando sento em frente ao meu pc eu sou feliz. Eu tenho esperança. Eu sou um alguém melhor. Por que? Eu explico...
Sou alguém de classe média. A atual classe média brasileira, se é que você me entende. Desta que tem uma tv 29 polegadas, mas que ninguém precisa saber que só terminará de ser paga no meio do ano que vem. Que tem um belo celular equipado, mas que ninguém precisa saber que foi comprado naquela super promoção do dias dos pais, mesmo que você ainda não seja pai.
Meu pc eu confesso, também não é dos mais modernos, porém, ele é o suficiente para me fazer feliz. Não que eu seja um viciado no mundo da internet, no entanto, abrir meus e-mails todos os dias me faz infinitamente feliz.
Abro um por um. Anexo por anexo com imenso prazer.
Vou ganhar um celular, a Ericsson está dando. Alias, a Siemens também e mais algumas que não me recordo agora. Meu celular é lindo, diz lá no e-mail e como é fácil ganhá-lo! Basta eu encaminhar tal e-mail para 357 pessoas. Ou melhor, se enviar para 283 ele vem na cor prata. Para 357 vem na cor preta. O meu eu quero preto!
Ajudo mensalmente o menino Thiago, que sofre de uma doença grave. E deve ser muito grave mesmo, porque o menino Thiago apesar de arrecadar dinheiro há muito tempo para o seu tratamento, ele não se cura nunca... E também não cresce há 3 anos ele tem os mesmos 8 anos de idade. Pobre criança doente...
Ao abrir o meu e-mail fico mais esperto. Mais inteligente, porque me previno de todos os golpes da praça. Os sequestros e assaltos tão sordidamente planejados. Os bandidos não sabem que os e-mails contam tudo?
Apesar de leitor assíduo da Veja, Época ou Estadão sempre me passa desapercebido algumas informações que nunca leio dentre as páginas, só que os e-mails me mantêm bem informado. Como, por exemplo, foi atestado pela Veja que há como deixar seu orkut rosa.
Há também os e-mails que fazem previsão de meu futuro. Assim que eu enviar o mesmo e-mail para 45 pessoas em dois milesimos de segundo, tudo de lindo vai acontecer em exatos 33 minutos.
Lendo meus e-mails eu sou alguém mais próspero. Sei que ali tenho várias soluções. Até mesmo para minha impotência, mas isso... é, bem... um outro assunto...
Saturday, February 24, 2007
Friday, February 23, 2007
O que é o que é?
De Marcelo Ferrari
Eu estava procurando deus. Procurando eu. Coluna do
meio. Coluna ereta. Dedos em forma de triangulo de
Pitágoras. Ar entrando e saindo do pulmão oceânico. A
boca pronunciava um mantra. O que é mantra? Tipo
assim: gasolina pros chacras. O que são chacras? Tipo
assim: rodas de um carro que não paga pedágio. Ele
estava procurando Ele também. Deus também. Calça
social. Terno e gravata. Jornal com oferta de emprego
dentro da bíblia. O que é bíblia? Tipo assim: uma
caixa cheia de cartas fechadas. Depois de correr, eu
costumava parar debaixo daquela árvore. Praticar yoga.
O que é yoga? Tipo assim: oficina das rodas
(chacras). Me sentava na penumbra da manha e, feito
disco riscado, emitia sempre o mesmo som. Não sei por
que ele escolhia justamente aquela pedra pra sentar.
Ele sabia que eu estava em silencio. Podia me ver
enquanto cantava a plenos pulmões, feito um trio
elétrico. Tentava me concentrar. Quanto mais me
esforçava, mais o mantra de uma vogal só se misturando
as canções de padre Marcelo. Quem é o padre Marcelo?
Tipo assim: um cara que substituiu a metodologia da
inquisição pela metodologia da diversão. Continuando.
Achei que a presença do intruso seria circunstancial,
frente ao meu propósito infinito. Engano meu. Parecia
até combinado. Mágica. Bastava fechar os olhos e ele
chegava. Certo dia, cansado da luta mental, abandonei
o mantra. Me concentrei em sua voz desafinada. Ouvi
diversos salmos. Nada conhecido. Até que uma canção
fez meu catecismo vir a tona. O que é catecismo? Tipo
assim: uma coleção de contos de fardos. "Se é longa a
jornada e te cansas na caminhada, segura na mão de
deus e vai..." Ele cantou. Depois nunca mais voltou.
Talvez tenha encontrado um emprego, ou então, deus. O
que é deus? Tipo assim: deus é o que é. Segurei. E
f.o.i: fui.
Eu estava procurando deus. Procurando eu. Coluna do
meio. Coluna ereta. Dedos em forma de triangulo de
Pitágoras. Ar entrando e saindo do pulmão oceânico. A
boca pronunciava um mantra. O que é mantra? Tipo
assim: gasolina pros chacras. O que são chacras? Tipo
assim: rodas de um carro que não paga pedágio. Ele
estava procurando Ele também. Deus também. Calça
social. Terno e gravata. Jornal com oferta de emprego
dentro da bíblia. O que é bíblia? Tipo assim: uma
caixa cheia de cartas fechadas. Depois de correr, eu
costumava parar debaixo daquela árvore. Praticar yoga.
O que é yoga? Tipo assim: oficina das rodas
(chacras). Me sentava na penumbra da manha e, feito
disco riscado, emitia sempre o mesmo som. Não sei por
que ele escolhia justamente aquela pedra pra sentar.
Ele sabia que eu estava em silencio. Podia me ver
enquanto cantava a plenos pulmões, feito um trio
elétrico. Tentava me concentrar. Quanto mais me
esforçava, mais o mantra de uma vogal só se misturando
as canções de padre Marcelo. Quem é o padre Marcelo?
Tipo assim: um cara que substituiu a metodologia da
inquisição pela metodologia da diversão. Continuando.
Achei que a presença do intruso seria circunstancial,
frente ao meu propósito infinito. Engano meu. Parecia
até combinado. Mágica. Bastava fechar os olhos e ele
chegava. Certo dia, cansado da luta mental, abandonei
o mantra. Me concentrei em sua voz desafinada. Ouvi
diversos salmos. Nada conhecido. Até que uma canção
fez meu catecismo vir a tona. O que é catecismo? Tipo
assim: uma coleção de contos de fardos. "Se é longa a
jornada e te cansas na caminhada, segura na mão de
deus e vai..." Ele cantou. Depois nunca mais voltou.
Talvez tenha encontrado um emprego, ou então, deus. O
que é deus? Tipo assim: deus é o que é. Segurei. E
f.o.i: fui.
Thursday, February 22, 2007
Aceite a fila que está em seu caminho
De Tiago Abad
Já perceberam como o mundo anda louco? Pegamos fila pra cinema, pra estacionamento, pra comprar roupa, pra comprar pipoca... e o pior, pegamos fila pra gastar dinheiro, pra ficar cansado, pra ficar nervoso... estresse total.
Ontem fui comprar um sorvete... peguei fila pra comprar, pra pagar e a hora que fui degustar o negócio, tava quase todo derretido. A mão tava suja, escorreu quase até o braço... fui no banheiro, também tinha fila, algumas pessoas com as pernas cruzadas com vontade de fazer um xixizão, outros querendo a opção dois, e eu, apenas querendo lavar a mão... nem me atrevi a pedir pra passar na frente, eu seria mais rápido, mas a ordem de prioridades fez com que eu ficasse quieto.
À tarde fui no banco, nem preciso dizer o tamanho da fila. É incrível como as pessoas sempre vão ao banco, sabem que existe fila e sempre reclamam durante este terrível trajeto fila-caixa. Não sei se é uma busca por ser aceito no meio social e encontrar alguém que está puto e quer reclamar junto, ou se é mania mesmo de reclamar. O resumo é que a fila não irrita tanto quanto as pessoas que ficam reclamando da fila. "Esse banco não presta, tem dois caixas só pra esse monte de pessoas!" e por aí vai... o pior é que você olha pra fila dos aposentados, vários poderiam estar reclamando pra caramba, mas estavam todos quietinhos... claro, é uma fila mais lenta, mas o paradoxo é visível, quem reclama é novo, estressado e cheio de recalques.
À noite fui pra balada... tinha gente pagando 10 reais pro segurança pra não pegar fila e entrar na frente dos esperançosos. Acabei tendo sorte e peguei uma fila de 10 minutos, não deu tempo de presenciar um chilique ou alguma tentativa de quebrar a ordem do local. Pelo jeito, a falta e tempo no dia a dia está influenciando até a hora de lazer. Ir num restaurante e esperar por 20 minutos a comida é motivo pra ir dentro da cozinha espancar o cozinheiro. O coitado não tem culpa, o rango demora mesmo pra ficar pronto, e quem tem pressa come cru.
Pra terminar de jogar conversa fora, vou agora de manhã comprar um pastelzinho... pegar nova fila, esperar mais um pouco e comer um alimento um pouco cancerígeno devido ao óleo sujo, mas vale a pena... custa apenas 2,00 e mata a fome.
Já perceberam como o mundo anda louco? Pegamos fila pra cinema, pra estacionamento, pra comprar roupa, pra comprar pipoca... e o pior, pegamos fila pra gastar dinheiro, pra ficar cansado, pra ficar nervoso... estresse total.
Ontem fui comprar um sorvete... peguei fila pra comprar, pra pagar e a hora que fui degustar o negócio, tava quase todo derretido. A mão tava suja, escorreu quase até o braço... fui no banheiro, também tinha fila, algumas pessoas com as pernas cruzadas com vontade de fazer um xixizão, outros querendo a opção dois, e eu, apenas querendo lavar a mão... nem me atrevi a pedir pra passar na frente, eu seria mais rápido, mas a ordem de prioridades fez com que eu ficasse quieto.
À tarde fui no banco, nem preciso dizer o tamanho da fila. É incrível como as pessoas sempre vão ao banco, sabem que existe fila e sempre reclamam durante este terrível trajeto fila-caixa. Não sei se é uma busca por ser aceito no meio social e encontrar alguém que está puto e quer reclamar junto, ou se é mania mesmo de reclamar. O resumo é que a fila não irrita tanto quanto as pessoas que ficam reclamando da fila. "Esse banco não presta, tem dois caixas só pra esse monte de pessoas!" e por aí vai... o pior é que você olha pra fila dos aposentados, vários poderiam estar reclamando pra caramba, mas estavam todos quietinhos... claro, é uma fila mais lenta, mas o paradoxo é visível, quem reclama é novo, estressado e cheio de recalques.
À noite fui pra balada... tinha gente pagando 10 reais pro segurança pra não pegar fila e entrar na frente dos esperançosos. Acabei tendo sorte e peguei uma fila de 10 minutos, não deu tempo de presenciar um chilique ou alguma tentativa de quebrar a ordem do local. Pelo jeito, a falta e tempo no dia a dia está influenciando até a hora de lazer. Ir num restaurante e esperar por 20 minutos a comida é motivo pra ir dentro da cozinha espancar o cozinheiro. O coitado não tem culpa, o rango demora mesmo pra ficar pronto, e quem tem pressa come cru.
Pra terminar de jogar conversa fora, vou agora de manhã comprar um pastelzinho... pegar nova fila, esperar mais um pouco e comer um alimento um pouco cancerígeno devido ao óleo sujo, mas vale a pena... custa apenas 2,00 e mata a fome.
Subscribe to:
Posts (Atom)