De Luciana Muniz
Pode parecer uma afronta aos Deuses ou um elogio exagerado aos escritores, mas sinto as emanações divinas desta maneira. Para os Deuses somos como personagens de romances e contos paralelos e que em alguns momentos se interligam de alguma maneira.
Ele nos cria ao seu bel prazer, somos mocinhos, bandidos e coadjuvantes de sua obra, cada qual ao seu tempo. Encenamos um papel hoje e amanhã podemos encenar um novo personagem.
Um escritor sabe o conjunto de sua obra, sabe que necessita de heroínas sofredoras e vilãs para que a sua história aconteça e tenha um sentido. Os personagens não têm noção do desfecho de sua trajetória, são bons ou ruins por determinação de seu criador. Alguns são esféricos e mudam ao longo da trama, outros são inflexíveis ao extremo e invariavelmente sofrem muito mais...
Imagino que com os Deuses não deva ser muito diferente, fomos criados cada qual a sua maneira, com variações de personalidade. Há pessoas egoístas, descrentes, alegres, melancólicas, cada qual com o seu traço característico.
Às vezes sabemos que um caminho é suave e seguro e o outro árduo e cheio de sofrimentos. Pela lógica preferiríamos ir pelo melhor e, no entanto, algo nos impulsiona para a outra direção sem que possamos entender... Manipulações de nossos criadores? Qual é a trama da qual participamos? Uma cena de amor, de amizade sincera, de ira! A resposta mais provável é a de que todas elas ao mesmo tempo fazem parte do espetáculo do qual participamos. Como os personagens das histórias, também não sabemos qual será nosso destino, nos prestamos a vários papéis, um dia somos heróis ao ajudar um cego a atravessar a rua, no outro somos vilões maldizendo uma pessoa ou um ato que não nos agradou.Os Deuses certamente também são escritores e eu como uma mera atriz, aguardo ansiosamente meus próximos papéis para mostrar aos meus criadores que posso ser multifacetada, quero ser útil e tornar o espetáculo da vida cada vez mais belo!
Monday, July 02, 2007
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