De Marcelo Ferrari
Sim, sei que compreenção se escreve com “s”, mas não é este tipo de compreenção que vim lhe pedir hoje. Veje, com “e” mesmo, ela comprou um ovo de chocolate. Com 83 anos de idade ela nunca teve uma boneca, me confessou, enquanto separava a pele do feijão, para evitar problemas com o intestino. Parou em frente a gôndola colorida e ficou namorando os fetiches de páscoa. Seria desperdício? Com aquele dinheiro dava pra comprar alguma coisa mais útil. Jesus morreu na cruz, sofreu por nós. Ela se chamava Socorro. Ele se chamava Chumbinho. Flutuava feito o mundo pelo bar dos sujismundos. “Quando Bob Marley morreu foi aquele chororô na vila rosenval...” cantava o discípulo de Baco a plenos pulmões de cachaça, dedilhando o violão. Socorro está dizendo para moça que o ovo de páscoa épro seu neto. É mentira, ela sabe que é mentira, o que ela não sabe é comprar bonecas nem qualquer outra coisa para si mesma. A moça aponta para uma embalagem vermelha. O preço não é nenhum pecado. Chumbinho não tinha onde dormir. Na verdade, ele não tinha onde existir, era uma falha no programa divino que se mantinha operante devido uma demora burocrática. Era quase cinco horas da manhã quando, se apossando de uma panela de pressão na cozinha da casa de meus pais, bradou que ia me retribuir a pernoite fazendo seu prato pessoal, uma macarronada chamada laricão. Ela resolveu comprar o ovo vermelho mesmo. Escondeu no meio das compras e seguiu rumo ao caixa. Quando aatendente passou o produto pelo “bip”, ela sentiu uma arma sendo apontada para sua cabeça e novamente disse que era para o neto. Chumbinho colocou um avental branco e mandou ver na alquimia italiana. Na cozinha, o violeiro se movia como uma dona de casa. Colocou a toalha de mesa, partos, talheres, guardanapos, queijo ralado. Me serviu a gororoba mais gostosa que já comi de uma panela de pressão. Socorro foi lavar as louças do dia anterior. Ela está usando o avental vermelho que veio de brinde dentro do ovo. Ela não compreende porque o avental vermelho veio sem as tiras de amarrarna cintura, e me pergunta o que significa aquele símbolo com a letra “s” no meio do avental. Seria o“s” da compreenção? Não, era o “s” do super-homem. O avental de socorro era a capa do homem de aço. Chumbinho tentou sair voando sem avental de mais uma madrugada. Nunca mais o vi. Dizem que finalmente encontrou um lugar pra dormir. Adeus não, me diga até breve.
Friday, May 04, 2007
Thursday, May 03, 2007
O tempo passa
De Tiago Abad
Cruel! Esta é a definição do tempo. Quem tenta controlá-lo se ferra, quem tenta pará-lo é louco, quem tenta pegá-lo o Juquiri é o refúgio. Loucura total!
Corre! O último ônibus passa às 11:30hrs... putz, já são 11:25... tempo desgraçado!!! Pára meu!!! Se não chegar às 11:50 hrs em casa, terei que ir a pé, o que me atrasará... adentrarei meu lar às 12:23hrs, até falar oi pra todos, tirar a roupa, tomar banho e descansar um pouquinho assistindo tv, serão 13:02hrs... saco! Amanhã acordo 06:04hrs (um minuto antes das 06:05hrs porque é o tempo que levo pra abrir o olho), escovo os dentes, engulo uma fruta sem mastigar, tomo o café de ontem e saio fora... tenho que estar no ponto do ônibus às 06:48... chego dois minutos antes porque tenho que ligar do celular pra acordar minha amiga, o ônibus passa às 06:50hrs. Cheguei no metrô, estação Sé lotada... putz, dois metrôs abarrotados já passaram, não tive como entrar... mas do próximo não posso deixar passar, senão chegarei atrasado, não baterei ponto no horário certo, o que pode prejudicar meu dia (eles descontam o dia todo se não chegar no horário). Entrei no metrô, o tempo fez com que deixasse meus valores de lado... que bosta, estraguei meu dia, empurrei duas velhas que estavam na minha frente, uma caiu e a outra ficou para ajudar... o lado bom da coisa foi que isso atrapalhou quem estava na fila pra entrar e consegui me "tacar" pra dentro dando uma bicuda na sacola de um marreteiro... o pior, já são 07:45hrs e tenho que entrar às 08:00hrs em ponto, sem falhas!
O sinal apita, corro pra caramba... cheguei a tempo, 08:00hrs e consigo bater o cartão!!! Ufa! Desgraçado, mal cheguei e já vem você pedindo um relatório urgente pras 08:30hrs pois o cliente não espera. Assim corre o dia, assim correu o tempo...
Ontem comprei um carro... que desgraça, atropelei um motoqueiro às 07:00hrs da manhã na marginal. Atrapalhou o trânsito todo, saí de lá, bati o carro na saída do túnel (não ando dormindo direito, o tempo tá passando)... mais prejuízo, e sabe o que é pior? Não consigo mais chegar tão cedo assim no trabalho e meu chefe não acredita mais que é por causa do trânsito. Sabe o que vou fazer? Vender o carro... achei que iria me ajudar mas atrapalhou, chego no trabalho 26 minutos atrasado, vou voltar pro empurra-empurra do ônibus e metrô, é melhor.
Hora do almoço, agora sim tenho paz... ah não!!! O coordenador entra pelo salão e vem sentar bem na minha mesa e puxa papo... sabe qual o assunto? Quer que eu entregue o serviço todo pra hoje às 16:50. Saco meu! Em plena 12:27 o cara atrapalha meu almoço, não consigo mais comer e tenho que voltar correndo pro serviço.
A rotina nos desgasta, o tempo passa e não temos mais tempo pra prestar atenção no que comemos. Fast Food, Fax, Internet, Computador... tudo tão rápido, tudo tão vertiginoso... e meu organismo quer calma, paciência, ao menos atenção pra sobreviver... surgem doenças, surgem problemas psicológicos, surge o câncer... o câncer da alma, o câncer da inimizade, o câncer do tempo... a pressa!
Cruel! Esta é a definição do tempo. Quem tenta controlá-lo se ferra, quem tenta pará-lo é louco, quem tenta pegá-lo o Juquiri é o refúgio. Loucura total!
Corre! O último ônibus passa às 11:30hrs... putz, já são 11:25... tempo desgraçado!!! Pára meu!!! Se não chegar às 11:50 hrs em casa, terei que ir a pé, o que me atrasará... adentrarei meu lar às 12:23hrs, até falar oi pra todos, tirar a roupa, tomar banho e descansar um pouquinho assistindo tv, serão 13:02hrs... saco! Amanhã acordo 06:04hrs (um minuto antes das 06:05hrs porque é o tempo que levo pra abrir o olho), escovo os dentes, engulo uma fruta sem mastigar, tomo o café de ontem e saio fora... tenho que estar no ponto do ônibus às 06:48... chego dois minutos antes porque tenho que ligar do celular pra acordar minha amiga, o ônibus passa às 06:50hrs. Cheguei no metrô, estação Sé lotada... putz, dois metrôs abarrotados já passaram, não tive como entrar... mas do próximo não posso deixar passar, senão chegarei atrasado, não baterei ponto no horário certo, o que pode prejudicar meu dia (eles descontam o dia todo se não chegar no horário). Entrei no metrô, o tempo fez com que deixasse meus valores de lado... que bosta, estraguei meu dia, empurrei duas velhas que estavam na minha frente, uma caiu e a outra ficou para ajudar... o lado bom da coisa foi que isso atrapalhou quem estava na fila pra entrar e consegui me "tacar" pra dentro dando uma bicuda na sacola de um marreteiro... o pior, já são 07:45hrs e tenho que entrar às 08:00hrs em ponto, sem falhas!
O sinal apita, corro pra caramba... cheguei a tempo, 08:00hrs e consigo bater o cartão!!! Ufa! Desgraçado, mal cheguei e já vem você pedindo um relatório urgente pras 08:30hrs pois o cliente não espera. Assim corre o dia, assim correu o tempo...
Ontem comprei um carro... que desgraça, atropelei um motoqueiro às 07:00hrs da manhã na marginal. Atrapalhou o trânsito todo, saí de lá, bati o carro na saída do túnel (não ando dormindo direito, o tempo tá passando)... mais prejuízo, e sabe o que é pior? Não consigo mais chegar tão cedo assim no trabalho e meu chefe não acredita mais que é por causa do trânsito. Sabe o que vou fazer? Vender o carro... achei que iria me ajudar mas atrapalhou, chego no trabalho 26 minutos atrasado, vou voltar pro empurra-empurra do ônibus e metrô, é melhor.
Hora do almoço, agora sim tenho paz... ah não!!! O coordenador entra pelo salão e vem sentar bem na minha mesa e puxa papo... sabe qual o assunto? Quer que eu entregue o serviço todo pra hoje às 16:50. Saco meu! Em plena 12:27 o cara atrapalha meu almoço, não consigo mais comer e tenho que voltar correndo pro serviço.
A rotina nos desgasta, o tempo passa e não temos mais tempo pra prestar atenção no que comemos. Fast Food, Fax, Internet, Computador... tudo tão rápido, tudo tão vertiginoso... e meu organismo quer calma, paciência, ao menos atenção pra sobreviver... surgem doenças, surgem problemas psicológicos, surge o câncer... o câncer da alma, o câncer da inimizade, o câncer do tempo... a pressa!
Wednesday, May 02, 2007
O casamento
De Li de Oliveira
Tânia Renata entra no msn, dá uma passada de olhos em seus contatos on line e encontra quem quer. Ansiosa, abre a janela e começa a teclar.
- Pai, preciso falar com você...
- Oh gatona, diz aí. - respondeu o pai que tinha como a frase do nick: "43 não é só minha idade é também o meu olhar".
- Não dá pra ser por msn.
- Dá um ligão então.
- Dá um ligão??? Pai, seu eu te contar a idade que você tem, será que você acredita?
Luiz Marcos nem se abalou com a provocação.
- Ah filhona, vamos lá, o que não pode ser dito por msn hoje em dia? Se até sexo pode ser feito por msn!
-Ai pai! Bom você é quem sabe... É que eu...
- Você...
- Vou me casar!
Houve um silêncio, Tânia Renata tensa, mal podia se controlar diante aos segundos torturantes à espera da reação de seu pai.
- Você está grávida?- Luiz Marcos inseriu na sua pergunta um daqueles emoticons com cara de desconfiado.
- Não pai...
- Porque se estiver, Taninha, e não estiver a fim, sei lá, a gente acha uma clínica bacana e faz um aborto num lance bem seguro.
- Tá louco?! Eu não to grávida! E se estivesse não faria um aborto!
-Então por que casar? Junta filhona, aluga um apê e cai dentro.
-Não pai! Vou casar. Igreja, véu e grinalda.
- Que caretice!
- De branco...
- Que hipocrisia!
- Pai!
- Ah filhona, vai, conta pro paizão, o cara é gay e você tá tentando livrar a cara dele. Aí de quebra dividem as despesas, pá...
- Não é nada disso...
- Então qual é a real? O cara é estrangeiro e resolveram casar para ele ter o visto?
- Não pai! É amor! É por amor que vou me casar como manda o figurino!
- Amor?! PQP, o que eu vou dizer para os meus amigos?
Após isso, Tânia Renata furiosa ficou off line, deixando Luiz Marcos desconsolado do outro lado da tela...
Tânia Renata entra no msn, dá uma passada de olhos em seus contatos on line e encontra quem quer. Ansiosa, abre a janela e começa a teclar.
- Pai, preciso falar com você...
- Oh gatona, diz aí. - respondeu o pai que tinha como a frase do nick: "43 não é só minha idade é também o meu olhar".
- Não dá pra ser por msn.
- Dá um ligão então.
- Dá um ligão??? Pai, seu eu te contar a idade que você tem, será que você acredita?
Luiz Marcos nem se abalou com a provocação.
- Ah filhona, vamos lá, o que não pode ser dito por msn hoje em dia? Se até sexo pode ser feito por msn!
-Ai pai! Bom você é quem sabe... É que eu...
- Você...
- Vou me casar!
Houve um silêncio, Tânia Renata tensa, mal podia se controlar diante aos segundos torturantes à espera da reação de seu pai.
- Você está grávida?- Luiz Marcos inseriu na sua pergunta um daqueles emoticons com cara de desconfiado.
- Não pai...
- Porque se estiver, Taninha, e não estiver a fim, sei lá, a gente acha uma clínica bacana e faz um aborto num lance bem seguro.
- Tá louco?! Eu não to grávida! E se estivesse não faria um aborto!
-Então por que casar? Junta filhona, aluga um apê e cai dentro.
-Não pai! Vou casar. Igreja, véu e grinalda.
- Que caretice!
- De branco...
- Que hipocrisia!
- Pai!
- Ah filhona, vai, conta pro paizão, o cara é gay e você tá tentando livrar a cara dele. Aí de quebra dividem as despesas, pá...
- Não é nada disso...
- Então qual é a real? O cara é estrangeiro e resolveram casar para ele ter o visto?
- Não pai! É amor! É por amor que vou me casar como manda o figurino!
- Amor?! PQP, o que eu vou dizer para os meus amigos?
Após isso, Tânia Renata furiosa ficou off line, deixando Luiz Marcos desconsolado do outro lado da tela...
Tuesday, May 01, 2007
E as pêras rolaram....
Cronista Convidado: Amanda Cruz
Manhã de quinta-feira. A velha rotina de sempre. Acordar, tomar um banho para espantar o sono, olhar pela janela para conferir as condições climáticas e seguir para a etapa do dia mais difícil na vida de uma mulher: escolher que roupa vestir.
Após trocas incontáveis de blusinhas, calças, tênis e sandálias, acabei escolhendo qualquer coisa, por achar que não tinha roupa suficiente e por estar mais do que atrasada para o trabalho. O tempo corre ligeiro na cidade de São Paulo.
Passo no supermercado para comprar algo que consiga enganar meu estômago. Escolho três pêras.
Caminho em direção ao ponto de ônibus. Logo chega minha condução e, como já era esperado, lotada.Torço para alguma pessoa levantar para que eu posso me acomodar sem ser mais espremida que sardinha enlatada durante todo o percurso. Consigo um lugar, acomodo meu saquinho de frutas entre meus pés e começo a ler o jornal.
Tudo parecia correr bem quando uma freada repentina do ônibus lança todos os passageiros para frente, assim como minhas pêras, que rolaram saquinho a fora como se tivessem vida própria e resolvessem passear entre os pés das pessoas. Considerando impossível a hipótese de tê-las de volta, tentei me esconder atrás do jornal e esquecer a existência daquelas três pêras fugitivas.
Esforço em vão. Sempre existe uma pessoa com ótimas intenções, que recolheu as frutas perguntando em alto e bom som a quem pertenciam. E, é óbvio, que alguém sempre vê tudo, mesmo num ônibus lotado, e também resolve praticar o bem dizendo “é daquela mocinha ali!”.
Silêncio. Senti o ônibus inteiro me observando. A pressão era muita, como naqueles interrogatórios de filmes policiais. Todos aguardavam o meu depoimento. Diante das circunstâncias, tive que assumir que as pêras estavam sob minha responsabilidade e prometi cuidar melhor delas.
Pêras devolvidas, agradeci e desci antes mesmo de chegar no meu ponto. Na pressa, não percebi que o saquinho furou. As pêras mais uma vez tentaram fugir. Observei uma a uma caindo e rolando pela calçada. Quer saber? Fujam! Desta vez não me importarei com vocês.
“Ei moça! Suas pêras!” Olhei para o cara que gritava no meio da rua e disse: “Pode ficar com elas, tô com pressa!”
Nunca pensei que algumas frutinhas pudessem transformar uma pacata manhã a caminho do trabalho em uma situação tão constrangedora.
Manhã de quinta-feira. A velha rotina de sempre. Acordar, tomar um banho para espantar o sono, olhar pela janela para conferir as condições climáticas e seguir para a etapa do dia mais difícil na vida de uma mulher: escolher que roupa vestir.
Após trocas incontáveis de blusinhas, calças, tênis e sandálias, acabei escolhendo qualquer coisa, por achar que não tinha roupa suficiente e por estar mais do que atrasada para o trabalho. O tempo corre ligeiro na cidade de São Paulo.
Passo no supermercado para comprar algo que consiga enganar meu estômago. Escolho três pêras.
Caminho em direção ao ponto de ônibus. Logo chega minha condução e, como já era esperado, lotada.Torço para alguma pessoa levantar para que eu posso me acomodar sem ser mais espremida que sardinha enlatada durante todo o percurso. Consigo um lugar, acomodo meu saquinho de frutas entre meus pés e começo a ler o jornal.
Tudo parecia correr bem quando uma freada repentina do ônibus lança todos os passageiros para frente, assim como minhas pêras, que rolaram saquinho a fora como se tivessem vida própria e resolvessem passear entre os pés das pessoas. Considerando impossível a hipótese de tê-las de volta, tentei me esconder atrás do jornal e esquecer a existência daquelas três pêras fugitivas.
Esforço em vão. Sempre existe uma pessoa com ótimas intenções, que recolheu as frutas perguntando em alto e bom som a quem pertenciam. E, é óbvio, que alguém sempre vê tudo, mesmo num ônibus lotado, e também resolve praticar o bem dizendo “é daquela mocinha ali!”.
Silêncio. Senti o ônibus inteiro me observando. A pressão era muita, como naqueles interrogatórios de filmes policiais. Todos aguardavam o meu depoimento. Diante das circunstâncias, tive que assumir que as pêras estavam sob minha responsabilidade e prometi cuidar melhor delas.
Pêras devolvidas, agradeci e desci antes mesmo de chegar no meu ponto. Na pressa, não percebi que o saquinho furou. As pêras mais uma vez tentaram fugir. Observei uma a uma caindo e rolando pela calçada. Quer saber? Fujam! Desta vez não me importarei com vocês.
“Ei moça! Suas pêras!” Olhei para o cara que gritava no meio da rua e disse: “Pode ficar com elas, tô com pressa!”
Nunca pensei que algumas frutinhas pudessem transformar uma pacata manhã a caminho do trabalho em uma situação tão constrangedora.
Monday, April 30, 2007
Ela é plena
De Suzana Marion
Ela está exausta e seu corpo apenas dá sinais daquilo que a mente já sabe: é muita responsabilidade. Mas mesmo assim está feliz. Ela rejeitou as músicas que falavam de amores quebrados, de famílias divididas. Alguém trocou suas cinzas por óleo de alegria!
Já não importa mais quantos clientes chatos a perturbem, se o boy foi parar do outro lado da cidade com um documento que era pra ontem, se o chefe repetir 30 vezes a mesma coisa pra mudar de idéia na hora H. Ela decidiu não chorar porque queimou uma lâmpada de R$100, porque errou um número na apresentação, porque o trânsito está molhado e parado. Pra que gritar com o radialista se a sua música favorita não tocou no rádio? Hoje em dia os astros são mesmo descartáveis e amanhã a música favorita será outra. Por que não ser paciente com o gato, mesmo quando ele não é capaz de decidir entre o vermelho e o azul? Ela tomou a pílula vermelha e decidiu ver a verdade e esperar até que ele também veja. Isso não vai tirar sua alegria, apenas a deixará um pouco incompleta.
Hoje a secretária da outra empresa ligou pra ela bem cedo. Depois de sanar sua dúvida ela fez um comentário. “Você é muito séria!” disse a menina. Em outro dia, em outra situação, ela se limitaria a responder a pergunta inicial, que levou a ligação, e a fazer hum hum quanto a afirmação de que ela é muito séria. Mas não, seu humor está tão bom que ela dispôs de 20 minutos pra explicar que a gente da cidade grande leva uma vida muito mais corrida, muitos compromissos, prazos, pouco tempo pra cumprir... que aqui todo mundo parece meio estressado e antipático quase sempre, mas que ela era gente boa. E o melhor é que depois ela nem quis saber se a menina acreditou, não importava mais.Qual é o segredo dela? Já cantava a Elis Regina: “o novo sempre vem”, e ela decidiu aceitar o novo, se entregar ao novo... um novo ano, o novo clima da terra, um novo desafio, uma nova paixão! E não há nada melhor do que abrir o peito, deixar a adolescência de lado e, sem medo de crescer, se atirar numa vida não menos turbulenta ou estressante, mas menos comedida... abundante!
Ela está exausta e seu corpo apenas dá sinais daquilo que a mente já sabe: é muita responsabilidade. Mas mesmo assim está feliz. Ela rejeitou as músicas que falavam de amores quebrados, de famílias divididas. Alguém trocou suas cinzas por óleo de alegria!
Já não importa mais quantos clientes chatos a perturbem, se o boy foi parar do outro lado da cidade com um documento que era pra ontem, se o chefe repetir 30 vezes a mesma coisa pra mudar de idéia na hora H. Ela decidiu não chorar porque queimou uma lâmpada de R$100, porque errou um número na apresentação, porque o trânsito está molhado e parado. Pra que gritar com o radialista se a sua música favorita não tocou no rádio? Hoje em dia os astros são mesmo descartáveis e amanhã a música favorita será outra. Por que não ser paciente com o gato, mesmo quando ele não é capaz de decidir entre o vermelho e o azul? Ela tomou a pílula vermelha e decidiu ver a verdade e esperar até que ele também veja. Isso não vai tirar sua alegria, apenas a deixará um pouco incompleta.
Hoje a secretária da outra empresa ligou pra ela bem cedo. Depois de sanar sua dúvida ela fez um comentário. “Você é muito séria!” disse a menina. Em outro dia, em outra situação, ela se limitaria a responder a pergunta inicial, que levou a ligação, e a fazer hum hum quanto a afirmação de que ela é muito séria. Mas não, seu humor está tão bom que ela dispôs de 20 minutos pra explicar que a gente da cidade grande leva uma vida muito mais corrida, muitos compromissos, prazos, pouco tempo pra cumprir... que aqui todo mundo parece meio estressado e antipático quase sempre, mas que ela era gente boa. E o melhor é que depois ela nem quis saber se a menina acreditou, não importava mais.Qual é o segredo dela? Já cantava a Elis Regina: “o novo sempre vem”, e ela decidiu aceitar o novo, se entregar ao novo... um novo ano, o novo clima da terra, um novo desafio, uma nova paixão! E não há nada melhor do que abrir o peito, deixar a adolescência de lado e, sem medo de crescer, se atirar numa vida não menos turbulenta ou estressante, mas menos comedida... abundante!
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