De Luciana Muniz
Houve um tempo em que o sentido divino era feminino e também masculino. Deuses e Deusas conviviam no universo e nos corações dos que os cultuavam, olhando por suas criaturas.
Com o passar dos séculos a balança pendeu para um dos lados em detrimento do divino feminino. Assim surgiu a árdua tarefa feminina de recuperar o espaço perdido. Durante este processo a figura feminina passou por alguns “upgrades” antes de ser tornar a versão que conhecemos atualmente.
Na Versão “Original”, após a chegada do cristianismo e as lendas de Adão e Eva, os homens subiram em um pedestal e as mulheres passaram a se submeter e, pior, a acreditar que eram inferiores aos seus maridos, seus amantes, seus irmãos e seus pais! Uma cultura machista se instalou e a maior ambição de uma mulher passou a ser o casamento e a criação dos filhos. E assim foi por muitos anos...
Já na Versão Medieval haviam mulheres corajosas, à frente do seu tempo e das convenções sociais, que lutavam, cada qual à sua maneira, para minimizar de alguma forma tanta injustiça. Como mulheres assim eram escassas, os homens se voltavam para elas com a fúria de um gigante que recebe uma pedrada na testa de um moleque travesso e ágil.
Então começaram a transformar as mulheres inteligentes e intuitivas em bruxas, bacantes e seguidoras do diabo... Muitas foram perseguidas e queimadas vivas por conta da feminilidade que transbordava de seus poros... A mesma feminilidade que atraía estes mesmos homens... Todos sabem que homens e mulheres se procuram e se atraem, mas a atração se transforma em agressividade se um dos lados se sente em terreno desconhecido. Subjugar o que não se conhece passou a ser a medida adotada pela sociedade machista.
Durante a Versão Moderna felizmente os anos escorreram como água em correnteza e os homens passaram a questionar mais abertamente a “intuição feminina” e a localização exata do tal “ponto G”.
As mulheres por sua vez, passaram a não mais se calar e a cada vez mais conquistar, mesmo que devagar, o seu próprio espaço. Espaço este não apenas no terreno profissional, mas também em casa e no cuidado com os filhos. Lentamente os papéis começam a se inverter e a balança começa a dar sinais de um novo ponto de equilíbrio.
Em nossa Versão Contemporânea, escapar das armadilhas é o maior desafio das mulheres do século XXI, temos a missão de ser excelentes profissionais, mães, amantes, donas de casa e ainda cuidar do nosso bem estar como pessoa. Mais uma vez a tarefa imposta não é fácil de se cumprir. Mas ser mulher é mais do que intuir se um dos filhos precisa de ajuda, é mais do que sofrer por amor ou não ter vergonha de chorar.
E ainda carregamos o rótulo de sexo frágil... Intimamente sabemos que isso não é verdade, mas não ser frágil também não significa saber tudo, o bom senso deve prevalecer sempre. Não é justo criticar atitudes masculinas e por conta do feminismo nos transformarmos em “mulheres homens”, ou seja, mulheres com atitudes de homens, com a doce ilusão de que assim seremos modernas e vitoriosas. Ser mulher é ser forte, é saber enfrentar os desafios, mas nunca, em momento algum, perder a delicadeza que nos faz ser aquilo que somos: MULHERES!
Monday, September 24, 2007
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