De Marcelo Ferrari
Era um nome besta. Porém, não se passa um só dia
nesta
minha vida besta, que não me lembre dele. O motivo
não
é besta. Foi ele quem me ensinou a escrever
literatura. Como ele fez isto? Nem ele sabe. Era um
dia besta e bestávamos todos uma maneira besta de
bestar a aula besta de português. As meninas
bestavam
de Stop enquanto os meninos bestavam sobre futebol.
De
repente, o professor pediu para que ele se
prostrasse
feito besta na frente da classe e lesse sua redação.
Ele ficou abestalhado. Os meninos começaram a bestar
dele, batendo suas mãos bestas nas carteiras. O
professor o pegou pelo pulso besta e o levou até a
frente da classe desembestada. Ele começou a ler
aquela besteira. A redação tinha um título besta: "A
festa de casamento" e contava uma estória besta onde
os convidados comiam um bolo estragado. De repente,
quase no fim da estória, o professor pediu pra que
ele
pausasse a leitura e repetisse uma frase besta que
estava no texto. A frase era: "O bolo causou
polêmica
no estomago dos convidados". Nunca vou me esquecer
desta besteira. Nem de quão besta é a literatura.
Friday, March 23, 2007
Thursday, March 22, 2007
Bater o escanteio e correr pra área buscando o cabeceio
De Tiago Abad
O mundo está exigente ultimamente. Não interessa o que você sabe fazer, qual sua especialidade ou quais suas características principais. A versatilidade toma conta de um mundo sem tempo! A falta de tempo toma o tempo de quem não tem mais tempo pra pensar. Seja rápido, ágil, destro ou canhoto, mas seja competente no menor tempo possível.
Cagadas? Inadmissível! Como tolerar o tempo gasto em uma cagada, sendo que você poderia já estar desempenhando outras tarefas? Fora o papel higiênico gasto.
Comidas cancerígenas fazem parte do cardápio. Peça pelo número ou seus 15 minutos de almoço se tornarão 50 reais em desconto por não ter batido o cartão no horário correto. Aliás, hoje me atrasei. Maldita hora em que fui ter a brilhante idéia de dar esmola pra um mendinguinho. O desgraçado foi perguntar meu nome e fazer uma oração em agradecimento pela doação, resumindo, perdi 50 reais! Porra, que mundo ele vive? Era tão simples aceitar minha esmola, eu só queria um tempo pra me redimir aos céus e livrar-me da chata da minha consciência.
Quem fez tudo isso? Perguntamos com raiva, mas também não há tempo pra reflexão. Quem muito reflete acaba tornando-se um mero filósofo da vida ou um louco internado pra todo o sempre em uma instituição.
O capitalismo selvagem agora toma conta do conhecimento. Quem muito sabe é louco, quem nada sabe está desempregado. Não que aquele que muito sabe tem emprego, mas é alguém com mais chance de lutar por tempo. Sim, por tempo, porque o dinheiro ficou com algum louco... preso em um manicômio nas Ilhas Virgens ou na Caimã, e não divide isso com ninguém.
A solução é a putaria. "Prendam meu filho, mas não me prendam!" alguns pensam assim. Mas quem sabe um dia eu mesmo prendo alguém! Ou será que também me corromperia pela maravilha que a grana proporciona no meio político, cívico... será que Deus tem grana? Se não tiver, garanto, está perto do suicídio, porque ser feliz olhando pra isso é pura falta de tempo!
O mundo está exigente ultimamente. Não interessa o que você sabe fazer, qual sua especialidade ou quais suas características principais. A versatilidade toma conta de um mundo sem tempo! A falta de tempo toma o tempo de quem não tem mais tempo pra pensar. Seja rápido, ágil, destro ou canhoto, mas seja competente no menor tempo possível.
Cagadas? Inadmissível! Como tolerar o tempo gasto em uma cagada, sendo que você poderia já estar desempenhando outras tarefas? Fora o papel higiênico gasto.
Comidas cancerígenas fazem parte do cardápio. Peça pelo número ou seus 15 minutos de almoço se tornarão 50 reais em desconto por não ter batido o cartão no horário correto. Aliás, hoje me atrasei. Maldita hora em que fui ter a brilhante idéia de dar esmola pra um mendinguinho. O desgraçado foi perguntar meu nome e fazer uma oração em agradecimento pela doação, resumindo, perdi 50 reais! Porra, que mundo ele vive? Era tão simples aceitar minha esmola, eu só queria um tempo pra me redimir aos céus e livrar-me da chata da minha consciência.
Quem fez tudo isso? Perguntamos com raiva, mas também não há tempo pra reflexão. Quem muito reflete acaba tornando-se um mero filósofo da vida ou um louco internado pra todo o sempre em uma instituição.
O capitalismo selvagem agora toma conta do conhecimento. Quem muito sabe é louco, quem nada sabe está desempregado. Não que aquele que muito sabe tem emprego, mas é alguém com mais chance de lutar por tempo. Sim, por tempo, porque o dinheiro ficou com algum louco... preso em um manicômio nas Ilhas Virgens ou na Caimã, e não divide isso com ninguém.
A solução é a putaria. "Prendam meu filho, mas não me prendam!" alguns pensam assim. Mas quem sabe um dia eu mesmo prendo alguém! Ou será que também me corromperia pela maravilha que a grana proporciona no meio político, cívico... será que Deus tem grana? Se não tiver, garanto, está perto do suicídio, porque ser feliz olhando pra isso é pura falta de tempo!
Wednesday, March 21, 2007
Herói ou vilão? Conheça Ulaelle, o conquistador Saxão
De Fernando Alonso
A gente 'tá chegando. Não agüento mais marchar. Eu sou um ferreiro não a porra dum soldado. Quero ver se ele vai me pagar o que prometeu. Pelo menos ele é simpático comigo. Não é como aquele lunático do Dircerdic. Sorri na sua frente e no momento seguinte você pode estar boiando num rio. Essa sandália ´tá me matando. Já são 5 dias rumo a leste. Acho que estamos chegando. ‘’Naburs. Passa essa jarra com cerveja. Quando chegaremos? Três dias? Ah não!’’ Esse idiota não sabe nem que mês estamos. Olha para isso. Bonito de se ver. Um mar de guerreiros montando acampamento ao alvorecer, rumo ao último combate. Pena que boa parte desses bastardos fanáticos não vai viver pra ver o fim. Quem diria... Um Rei Saxão que terá o mundo em suas mãos. Um Rei que há poucos anos atrás aportou a Nordeste dessas terras e, com suas tropas, conquistou a Bretanha.
É. Ele teve seus méritos. Mas também contou com a sorte. Desde que me conheço por gente a Bretanha é uma terra de ninguém. O Império Romano há muito nos largou e os Nobres lutam por míseros palmos de terra. Uma lástima. E quando pensávamos que as coisas não poderiam piorar mais ele surge. O grande Ulaelle e seus saxões. Esses safados se espalharam com gafanhotos por todo nosso território tomando tudo pelo caminho. E aí, quando a cúpula dos Reis Bretões resolveu reunir-se para combatê-los era tarde demais.Eu 'tava em Isca quando tudo começou. Ou era Caer Guarujá? Ah, não importa. Foi o primeiro grande ataque. Uma horda saxã marchou seguindo seu novo líder para a conquista da famosa cidade de St. Dionísio do Campo. Em apenas um dia ele tomou a cidade. A grande verdade é que ele não a conquistou realmente. Ele é um cara muito simples na verdade, mas muito... como é a palavra? Caridoso? Não, carismático! Alguns diziam que ele ameaçou a cidade tomando-a à força. Outros que, com apenas um discurso, conquistou a população. Mas o que realmente importou foi que ele a tomou sem perder um único homem para a milícia da cidade.Um bando de bundões, né? É... e em seguida, com todo mundo de moral elevada, partiu pra grandes conquistas. Dominou o sul conquistando e usurpando terras alheias. Foi aí que lhe deram o título de O Bretwalda, que em nossa língua significa O Soberano da Inglaterra.
‘’Naburs! Traz aqueles gravetos pra cá. 'Tá esfriando rápido!’’. Tem um detalhe que poucos sabem. Ele não é só carismático. Ele é um homem muito perigoso. Diria até que é um tirano. Desde que se tornou o Bretwalda sua nova face brotou. E um homem calculista e cruel apareceu. Ás vezes seu lado antigo aparece, e quando está de bom humor não é um cara tão ruim. Mas muito dessa face nova apareceu depois que outros Reis saxões resolveram aproveitar a brecha que ele abriu. Desembarcaram também aos montes e agora dividem porções de terras pela Bretanha. Nas reuniões entre os Reis, Ulaelle - ou Nove Dedos, como é chamado por eles (teve um dedo amputado numa batalha) - é o Rei mais importante e famoso (o acidente tornou-o ainda popular!), mas não o mais astuto. Dircerdic é seu principal rival saxão. Um Rei extremamente inteligente e vil. Eu vou falar, tenho medo desse Dircerdic. Dizem que já causou muito tumulto lá pelo Continente e agora veio causar mais tumulto numa terra devastada pelas Guerras. Eu torço pra que Ulaelle continue sendo o Bretwalda. A rivalidade desses dois cresceu muito nesses últimos anos. Principalmente depois que forjaram uma frágil aliança. Parece que um tal de Artorius, Artur, seilá, unificou os povos bretões sob uma bandeira e agora defende com unhas e dentes o pouco que restou da Bretanha.
Mas essa aliança 'tá recuperando o controle da batalha. É só olhar esse mar de homens que aqui estão. A essa altura, Ulaelle e Dircerdic devem estar de conversinha pra lá, conversinha pra cá fingindo amizade. Eles estão atrás daquela lenda maluca. Atrás de conquistar a famosa Ilha de Hi-Brasil, a Ilha sagrada do povo celta, coberta de riquezas, ouro e promessas. O verdadeiro paraíso, o dinheiro fácil. A grande verdade é que estou aqui pra isso. Quero ver essa tal Ilha aí. Quem sabe não sobra algum troco pra mim?
Notas:Hi-Brasil: A partir de meados do ano 1300 e por mais de cinco séculos circularam na Europa boatos a respeito de uma ilha mágica - Brasil, Hi-Brasil, Hy-Brazil, Brasile, etc -, com cidades cobertas de ouro e natureza exuberante, uma espécie de Jardim do Éden ou Xangrilá. Ela apareceu em alguns documentos até 1870.
Aelle (Ulaelle): Rei Saxão. Foi realmente, no século V, o Bretwalda e não tinha 1 dedo (segundo Cornwell...).
Cerdic (Dircerdic): Outro Rei Saxão. Não era forte como Aelle, porém mais astuto.
Mapas que mostram a Ilha de Hi-Brasil: Dalorto de 1325, Catalão de 1350, Pizigani de 1367, Canepa de 1489, Gutierrez de 1562, Wagenhaer de 1583, Mercator de 1595, Magini de 1597, Blaeu de 1617 e diversos outros. (FONTE: http://www.serqueira.com.br/mapas/nomebr.htm)
Agradecimentos : Léozito.
A gente 'tá chegando. Não agüento mais marchar. Eu sou um ferreiro não a porra dum soldado. Quero ver se ele vai me pagar o que prometeu. Pelo menos ele é simpático comigo. Não é como aquele lunático do Dircerdic. Sorri na sua frente e no momento seguinte você pode estar boiando num rio. Essa sandália ´tá me matando. Já são 5 dias rumo a leste. Acho que estamos chegando. ‘’Naburs. Passa essa jarra com cerveja. Quando chegaremos? Três dias? Ah não!’’ Esse idiota não sabe nem que mês estamos. Olha para isso. Bonito de se ver. Um mar de guerreiros montando acampamento ao alvorecer, rumo ao último combate. Pena que boa parte desses bastardos fanáticos não vai viver pra ver o fim. Quem diria... Um Rei Saxão que terá o mundo em suas mãos. Um Rei que há poucos anos atrás aportou a Nordeste dessas terras e, com suas tropas, conquistou a Bretanha.
É. Ele teve seus méritos. Mas também contou com a sorte. Desde que me conheço por gente a Bretanha é uma terra de ninguém. O Império Romano há muito nos largou e os Nobres lutam por míseros palmos de terra. Uma lástima. E quando pensávamos que as coisas não poderiam piorar mais ele surge. O grande Ulaelle e seus saxões. Esses safados se espalharam com gafanhotos por todo nosso território tomando tudo pelo caminho. E aí, quando a cúpula dos Reis Bretões resolveu reunir-se para combatê-los era tarde demais.Eu 'tava em Isca quando tudo começou. Ou era Caer Guarujá? Ah, não importa. Foi o primeiro grande ataque. Uma horda saxã marchou seguindo seu novo líder para a conquista da famosa cidade de St. Dionísio do Campo. Em apenas um dia ele tomou a cidade. A grande verdade é que ele não a conquistou realmente. Ele é um cara muito simples na verdade, mas muito... como é a palavra? Caridoso? Não, carismático! Alguns diziam que ele ameaçou a cidade tomando-a à força. Outros que, com apenas um discurso, conquistou a população. Mas o que realmente importou foi que ele a tomou sem perder um único homem para a milícia da cidade.Um bando de bundões, né? É... e em seguida, com todo mundo de moral elevada, partiu pra grandes conquistas. Dominou o sul conquistando e usurpando terras alheias. Foi aí que lhe deram o título de O Bretwalda, que em nossa língua significa O Soberano da Inglaterra.
‘’Naburs! Traz aqueles gravetos pra cá. 'Tá esfriando rápido!’’. Tem um detalhe que poucos sabem. Ele não é só carismático. Ele é um homem muito perigoso. Diria até que é um tirano. Desde que se tornou o Bretwalda sua nova face brotou. E um homem calculista e cruel apareceu. Ás vezes seu lado antigo aparece, e quando está de bom humor não é um cara tão ruim. Mas muito dessa face nova apareceu depois que outros Reis saxões resolveram aproveitar a brecha que ele abriu. Desembarcaram também aos montes e agora dividem porções de terras pela Bretanha. Nas reuniões entre os Reis, Ulaelle - ou Nove Dedos, como é chamado por eles (teve um dedo amputado numa batalha) - é o Rei mais importante e famoso (o acidente tornou-o ainda popular!), mas não o mais astuto. Dircerdic é seu principal rival saxão. Um Rei extremamente inteligente e vil. Eu vou falar, tenho medo desse Dircerdic. Dizem que já causou muito tumulto lá pelo Continente e agora veio causar mais tumulto numa terra devastada pelas Guerras. Eu torço pra que Ulaelle continue sendo o Bretwalda. A rivalidade desses dois cresceu muito nesses últimos anos. Principalmente depois que forjaram uma frágil aliança. Parece que um tal de Artorius, Artur, seilá, unificou os povos bretões sob uma bandeira e agora defende com unhas e dentes o pouco que restou da Bretanha.
Mas essa aliança 'tá recuperando o controle da batalha. É só olhar esse mar de homens que aqui estão. A essa altura, Ulaelle e Dircerdic devem estar de conversinha pra lá, conversinha pra cá fingindo amizade. Eles estão atrás daquela lenda maluca. Atrás de conquistar a famosa Ilha de Hi-Brasil, a Ilha sagrada do povo celta, coberta de riquezas, ouro e promessas. O verdadeiro paraíso, o dinheiro fácil. A grande verdade é que estou aqui pra isso. Quero ver essa tal Ilha aí. Quem sabe não sobra algum troco pra mim?
Notas:Hi-Brasil: A partir de meados do ano 1300 e por mais de cinco séculos circularam na Europa boatos a respeito de uma ilha mágica - Brasil, Hi-Brasil, Hy-Brazil, Brasile, etc -, com cidades cobertas de ouro e natureza exuberante, uma espécie de Jardim do Éden ou Xangrilá. Ela apareceu em alguns documentos até 1870.
Aelle (Ulaelle): Rei Saxão. Foi realmente, no século V, o Bretwalda e não tinha 1 dedo (segundo Cornwell...).
Cerdic (Dircerdic): Outro Rei Saxão. Não era forte como Aelle, porém mais astuto.
Mapas que mostram a Ilha de Hi-Brasil: Dalorto de 1325, Catalão de 1350, Pizigani de 1367, Canepa de 1489, Gutierrez de 1562, Wagenhaer de 1583, Mercator de 1595, Magini de 1597, Blaeu de 1617 e diversos outros. (FONTE: http://www.serqueira.com.br/mapas/nomebr.htm)
Agradecimentos : Léozito.
Tuesday, March 20, 2007
O doce sabor da ignorância
De Thiago Fabrette
Já dizem as más línguas. Nosso presidente nunca sabe de nada. Que ótimo! Esse é o doce sabor da ignorância.
Nos imuniza, nos permite tantas coisas!
Ignorar é, de acordo com o dicionário: não ter conhecimento de; não saber, não tomar conhecimento ou desprezo, indiferença.
Ignorante é: Que ou quem ignora (tem ligação hein); Que ou quem não tem instrução (xi, começou a perder ligação); Quem não tem educação, estúpido, grosseiro.
Pronto. Meu presidente, você ignora ou é ignorante? Ou os dois?
Bom, mas até aí, falar do presidente é fácil, vai lá sentar e ser presidente (como disse a ex-prefeita Marta Suplicy, em um acesso de “quem não tem educação, estúpido, grosseiro”).
E falar de nós? Fingimos que não temos conhecimento para fugir de obrigações, não tomamos conhecimento para fugir das mesmas. Desprezamos o vizinho do elevador, estamos indiferentes ao nosso planeta a ao que estamos fazendo a ele. Raras exceções, somos todos ignorados, ignorantes, praticamos a ignorância.
Praticar a ignorância consciente é realmente, assumir uma postura. Assuma uma postura, se assim quiser, mas não tente mascarar esse fato, ao menos para você mesmo.
Já que isso é um blog e a proposta está para “escrever crônicas”, quero ainda levar um registro pessoal de ignorância – to usado o blog como divã.
Quando não sabia que tinha distimia, pânico, fobias, era feliz. Convivia com isso numa boa, ficava mal humorado, bem humorado, tinha medos, fobias, mas não tinha a mínima consciência disso e, por isso, convivia, não esperava, não me tocava no que acontecia e por isso, sofria menos.
E agora? Três anos de terapia me deram uma nova consciência. Ah, doce sabor da ignorância.
Pra que saber que vamos entrar em pânico? Parece que isso traz mais pânico.
Pra que saber que aquele mau humor é depressão? Pra tomar remédio? Pra dar desculpas? Pra mandar todo mundo às favas com um consolo (essa parte é legal)?
E pra que saber que tenho medo de dentista? Pra evitar? Pra quê, meu Deus.
É Lula, acho que não te condeno não.
Já foi o tempo que o doce sabor da ignorância me deixava viver em paz. Agora, pra viver, pra seguir, dá-lhe Prozac.
Já dizem as más línguas. Nosso presidente nunca sabe de nada. Que ótimo! Esse é o doce sabor da ignorância.
Nos imuniza, nos permite tantas coisas!
Ignorar é, de acordo com o dicionário: não ter conhecimento de; não saber, não tomar conhecimento ou desprezo, indiferença.
Ignorante é: Que ou quem ignora (tem ligação hein); Que ou quem não tem instrução (xi, começou a perder ligação); Quem não tem educação, estúpido, grosseiro.
Pronto. Meu presidente, você ignora ou é ignorante? Ou os dois?
Bom, mas até aí, falar do presidente é fácil, vai lá sentar e ser presidente (como disse a ex-prefeita Marta Suplicy, em um acesso de “quem não tem educação, estúpido, grosseiro”).
E falar de nós? Fingimos que não temos conhecimento para fugir de obrigações, não tomamos conhecimento para fugir das mesmas. Desprezamos o vizinho do elevador, estamos indiferentes ao nosso planeta a ao que estamos fazendo a ele. Raras exceções, somos todos ignorados, ignorantes, praticamos a ignorância.
Praticar a ignorância consciente é realmente, assumir uma postura. Assuma uma postura, se assim quiser, mas não tente mascarar esse fato, ao menos para você mesmo.
Já que isso é um blog e a proposta está para “escrever crônicas”, quero ainda levar um registro pessoal de ignorância – to usado o blog como divã.
Quando não sabia que tinha distimia, pânico, fobias, era feliz. Convivia com isso numa boa, ficava mal humorado, bem humorado, tinha medos, fobias, mas não tinha a mínima consciência disso e, por isso, convivia, não esperava, não me tocava no que acontecia e por isso, sofria menos.
E agora? Três anos de terapia me deram uma nova consciência. Ah, doce sabor da ignorância.
Pra que saber que vamos entrar em pânico? Parece que isso traz mais pânico.
Pra que saber que aquele mau humor é depressão? Pra tomar remédio? Pra dar desculpas? Pra mandar todo mundo às favas com um consolo (essa parte é legal)?
E pra que saber que tenho medo de dentista? Pra evitar? Pra quê, meu Deus.
É Lula, acho que não te condeno não.
Já foi o tempo que o doce sabor da ignorância me deixava viver em paz. Agora, pra viver, pra seguir, dá-lhe Prozac.
Monday, March 19, 2007
Cotidiano
De Suzana Marion
- Martinha, o que você faz na sua folga?
- Faxina.
- Não, outras coisas?
- Ah, eu lavo, passo, cozinho.
- Martinha, eu estou falando sério... você não sai?
- Claro que eu saio!
- Ah, bom! Onde você vai?
- Eu vou ao supermercado, levo as crianças ao médico...
- Querida, o que é que você faz para se divertir?
- Ah, entendi o que você quer saber... quando termino de lavar a louça da janta eu assisto a novela e o Big Brother. Se a folga for no fim-de-semana tem sempre o Gugu, o Fantástico... isso quando as crianças não querem jogar video-game ou assistir o Pânico. Mas aí eu adianto meus bordados ou aproveito para dormir mais cedo porque a vida é puxada, sabe?
- Você só pode estar brincando!
- Porque, Cecília?
- Oras, você não tem vida social?
- Eu sou mãe, esposa, trabalho fora... quase não me sobra tempo para ir à igreja, quanto mais para uma vida social! Vida social pra mim é o papo com as vizinhas na janela enquanto ponho a roupa na corda! Ou na fila do banco lotado, no ônibus apertado, na recepção do médico das crianças. Não tenho tempo nem pique pra badalação.
- Pronto, chegamos.
- Muito obrigada pela carona, Cecília.
- Muito obrigado, prima.
- Imagina, queridos. Estimo as melhoras do Pedrinho.
- Obrigado.
Assim que entram em casa o Agenor grita com Martinha:
- Ê, mulher a toa! Tinha que me fazer passar vergonha na frente da prima?
- E você queria o que? Que eu tivesse mentido? Dê-se por satisfeito por eu não ter contado tudo o que você não faz enquanto eu faço tudo isso.
- Martinha, o que você faz na sua folga?
- Faxina.
- Não, outras coisas?
- Ah, eu lavo, passo, cozinho.
- Martinha, eu estou falando sério... você não sai?
- Claro que eu saio!
- Ah, bom! Onde você vai?
- Eu vou ao supermercado, levo as crianças ao médico...
- Querida, o que é que você faz para se divertir?
- Ah, entendi o que você quer saber... quando termino de lavar a louça da janta eu assisto a novela e o Big Brother. Se a folga for no fim-de-semana tem sempre o Gugu, o Fantástico... isso quando as crianças não querem jogar video-game ou assistir o Pânico. Mas aí eu adianto meus bordados ou aproveito para dormir mais cedo porque a vida é puxada, sabe?
- Você só pode estar brincando!
- Porque, Cecília?
- Oras, você não tem vida social?
- Eu sou mãe, esposa, trabalho fora... quase não me sobra tempo para ir à igreja, quanto mais para uma vida social! Vida social pra mim é o papo com as vizinhas na janela enquanto ponho a roupa na corda! Ou na fila do banco lotado, no ônibus apertado, na recepção do médico das crianças. Não tenho tempo nem pique pra badalação.
- Pronto, chegamos.
- Muito obrigada pela carona, Cecília.
- Muito obrigado, prima.
- Imagina, queridos. Estimo as melhoras do Pedrinho.
- Obrigado.
Assim que entram em casa o Agenor grita com Martinha:
- Ê, mulher a toa! Tinha que me fazer passar vergonha na frente da prima?
- E você queria o que? Que eu tivesse mentido? Dê-se por satisfeito por eu não ter contado tudo o que você não faz enquanto eu faço tudo isso.
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