De Marcelo Ferrari
Não tenho sonhos. Perdi as esperanças quando cheguei nesta ilha. E não sou pessimista como as pessoas do continente povoado. Os pessimistas do continente povoado também têm sonhos. Também fervem em esperanças. Eles esperam pelo pior. Eu não espero pelo pior, nem pelo melhor, nem por nada. Não tenho mais esperança. Tive que me despir da esperança para poder pisar aqui. Tive que me despir do passado e do futuro, de tudo que conhecia, até de mim mesmo. Agora não tenho mais nada. Só este vazio que é minha fé. Se você está no continente povoado, lendo a mensagem que mandei numa garrafa, achará contraditório o que digo, pois no continente povoado fé é sinônimo de esperança. Pura ilusão povoada! A esperança é assim, povoada e condicional. Quem espera, espera sempre algo. A fé é vazia e incondicional. Quem tem fé, não espera nada.Você sabe disto. Muitas vezes, quando deita a noite em sua cama, você sai do continente povoado e vem até a ilha. Me responda: alguma vez, durante estas viagens,você teve esperança? Claro que não! Você teve apenas o que teve, o acontecimento. Mas quando você acorda no continente povoado, você esvazia sua fé se enche de esperança. Quando você acorda no continente povoado você sonha que pode chegar a algum lugar além do sonho. Você não pode. Acorde para o sonho. Dispa-se das esperanças. Retorne para a ilha vazia de onde nunca poderá sair.
Friday, May 18, 2007
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5 comments:
eu tive que vir aqui dizer que eu não sei o que dizer...
Essa foi uma paulada na moleira.
Quer dizer que a esperança, aquela que seria a ultima a morrer, morreu?
Então, nos resta mesmo a fé.
Beijos.
E digamos que muitas fés(es) estão ligadas à esperança de ter tudo sem ter nada... afinal de contas, fé é neutro, esperança não... ter tudo e ter nada, sempre assim, sempre conflito.
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