Thursday, May 24, 2007

Dona Corruptela

De Léo Lousada

Às 06:00h, Dona Corruptela já estava acordada e dando café para as crianças. Como sempre, estava com pressa e pegou um pacote de bolacha para ir comendo no caminho. Às 07:00h estava saindo de casa e lembrou que seu carro estava no rodízio, mas já conhecia um caminho em que não havia nenhum CET até o colégio das crianças. Foi fazendo o caminho e realmente não havia fiscal para multá-la.
Ia dirigindo e comendo suas bolachas e assim que acabou o pacote, ela não pensou duas vezes e o atirou pela janela.

Quase chegando ao colégio, lembrou que havia deixado roupa de molho na máquina e aproveitou para ligar do celular para casa para avisar a empregada de ligar a máquina de lavar. Entre as manobras com uma mão só e as ordens para a empregada, Dona Corruptela chegou ao colégio das crianças. Como sempre parou o carro em fila dupla e deixou os filhos no colégio.

Às 07:30h já estava a caminho do trabalho e decidiu comprar uma pasta numa papelaria para apresentar o novo projeto pelo qual ela estava trabalhando há um mês. Parou em local proibido, pois era rapidinho, e lá foi comprar a pasta. Comprou e foi ao trabalho.

No trabalho, Dona Corruptela fez sua apresentação com maestria e habilidade, deixando a todos na sala muito convencidos de seu projeto. Era um projeto pequeno, mas seria para a prefeitura e isso poderia render bons frutos para a empresa onde Dona Corruptela trabalhava. Entretanto, um dos sócios da empresa lembrou sua funcionária que era um projeto público e que haveria licitação, e o projeto de Dona Corruptela não era dos mais baratos. Mas nossa heroína já tinha uma resposta pronta: ela iria inscrever mais duas empresas fantasmas com preços maiores para garantir a aprovação de seu projeto. Foi muito aplaudida e ela não sabia, mas depois seria promovida por isso.

Aquele dia Dona Corruptela saiu mais cedo do trabalho (afinal, ela merecia) e foi até uma doceria. Novamente ela parou em local proibido, afinal era rapidinho de novo, e comeu seu doce. Seu doce sucesso. Ao sair deu de cara com um “marronzinho” preparando o talão para multá-la. Depois de uma curta conversa e R$ 20,00, Dona Corruptela escapou daquele vilão que queria estragar seu dia.

Decidiu pegar as crianças mais cedo na escola, pois já eram 17:00h e seguindo pelo caminho sem “CETs” chegou a sua casa.

Fez o jantar e sentou-se no sofá para ver o Jornal Nacional com seu marido. Dona Corruptela ficou horrorizada com o escândalo do Ministro de Minas e Energia. “É um absurdo esse país, os políticos que deveriam dar o exemplo e olha só a quantidade de maracutaia que eles fazem”.
E esse foi mais um dia de Dona Corruptela. Uma típica brasileira.

4 comments:

Anonymous said...

Grande primo!

ótima história... só faltou falar que a D. Corruptela era casada com um tal de... Gerson... hehehehhee

Um forte abraço!

Suzana Marion said...

ae.. gostei bastante do seu texto... tb dou uma de Corruptela as vezes, não posso negar...

vc e o Antônio Prata do blônicas na maior sintonia, hein?rs

bjx

Li de Oliveira said...

Tranca ela no armario, ela é um perigo as ruas!!! rsrsr

Beijoss

Acerola das Neves said...

Não sei o que deixa mais puto... os CETs ou D. Corruptela... hehehe afinal de contas, 20 mangos faz a felicidade de um imbecil desses... abraço!