De Thiago Fabrette
Existem duas coisas que parecem muito próximas, muito iguais, mas na real, não são.
Estou aqui falando de “ser sincero” e “ser verdadeiro”. E não quero fazer nenhuma alusão política. Se você, leitor, quiser buscar essa alusão, que o faça (estou aqui, sendo sincero. Pode perceber que ser sincero, às vezes, não é nada bom? Pode aborrecer algumas pessoas.).
Sou uma pessoa sincera e verdadeira. E percebe que um não anula o outro? Pois aí é que está! Não são iguais!
Já tentei ser uma pessoa rigidamente sincera. Muitas pessoas, acho que já tentaram... Falar tudo na cara! Na hora! Pra nós, que estamos sendo totalmente sinceros, é ótimo. Para as pessoas à nossa volta, nem tanto.
- Senhor, há uma cadeira ali, gostaria de sentar-se?
- Não, obrigado, minhas hemorróidas estão atacadas...
Imagine a sensação deliciosa de estar sendo sincero e a sensação horrorosa do receptor da mensagem. Isso não é nada.
- Amor, como ficou meu cabelo?
- Uma merda, se me permite dizer...
Pronto! Um mês para o cabelo crescer e um mês de caras feias. Foi legal?
Não, não foi nada legal. Dói.
É possível ser sincero sem usar tais palavras. É. É possível.
- Senhor, há uma cadeira ali, gostaria de sentar-se?
- Não obrigado, estou bem assim, de pé...
- Mas senhor, o atendimento vai demorar ainda...
- Minha senhora, me desculpe, mas minhas porras de hemorróidas estão atacadas, obrigado.
(às vezes, para não ser mais perturbado, uma pequena dose de sinceridade é bem eficiente, mas com certeza, você será odiado em muitos lugares e por muitas pessoas).
Ser verdadeiro. Isso. Me orgulho hoje de ter evoluído de sincero para verdadeiro. Tenho um compromisso com a verdade, mesmo que não precise machucar os outros.
- Amor, como ficou meu cabelo?
- Ah, meu bem, você fica ótima de qualquer jeito, não é seu aspecto externo que me atraiu em você. Mas, se quer minha opinião, gosto mais do outro jeito. Se bem que se você está se sentindo legal assim, eu também fico!
(que lindo! Mas que trabalhoso! Mas é assim mesmo. Me dá um trabalho danado, mas muitas vezes, recebo de volta uma coisa preciosa: sorrisos).
- Senhor, há uma cadeira ali, gostaria de sentar-se?
- Não obrigado, estou bem assim, de pé...
- Mas senhor, o atendimento vai demorar ainda...
- Hum... Vou considerar isso e posso aceitar seu convite depois. Por enquanto, estou bem acomodado assim, mas, mais uma vez, obrigado.
(sorriso).
Ser sincero e ser verdadeiro. Pra mim, duas coisas diferentes. Não complementares, não antagônicas, mas diferentes. Um dia, ser verdadeiro assim, deverá me valer de algo.
Se a pessoa que me vendeu o meu cachorro, meu filhote, tivesse sido verdadeira, se o veterinário que cuidou dele nos primeiros dias de vida (curta vida), tivesse um compromisso com a verdade, talvez ele não tinha sofrido tanto, nem lutado tanto em vão pela vida.
Viveu somente três meses. Tenho orgulho da luta dele. Eu teria desistido muito antes. Mas ele não, ele era muito forte.Um dia, ser verdadeiro vai me valer de algo. Coisa que, para essas pessoas que não fizeram nada para garantir a vida do meu filhote, um dia, vai fazer falta.
Tuesday, July 24, 2007
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4 comments:
Parabéns, menino, com um sorriso enorme junto!
bjx
Essa dor é indescritível, porém tudo o que você disse não poderia ter sido mais intenso.
Abraço enorme!
Nossa... estava eu serena concordando com seu texto, quando de repente levo uma bofetada em ver o real motivo atraves das palavras.
Sinto muito.... a vida é tão fragil né....
Fique bem!!! Beijoss.
E estas questões se mostram a muitas outras áreas da vida. O qto de coisas não poderiam ser evitadas ou modificadas com a sinceridade? Abraço kra
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