De Suzana Marion
Mariano encontrou um ombro que era mais um lugar onde encostar a cabeça e não pensar. Onde podia discutir também (por que não?) e ser criticado se fosse necessário. Ele encontrou muito sorriso e pouco abraço, porque no fundo isso era tudo o que ele próprio podia dar. Era romântico, dos bem piegas, e estava sempre a declarar o seu amor por uma menina dessas que todas querem ser. O que Mariano procurava não era cura, mas distração e atenção na medida certa, não pra esquecer, mas pra ficar mais forte.
Camila encontrou a companhia perfeita e chegou a desejar que ele fosse gay. Era alguém com quem se podia ir ao cinema e sair rindo da previsibilidade de uma comédia romântica no meio da sessão, conversar sobre todos os assuntos, se aventurar em novos sabores, andar de bicicleta na chuva e ficar em silêncio sob as estrelas ou sobre qualquer telhado. A relação era o contrário de ‘friends with benefects’, ele era o namorado perfeito sem a parte do namoro, se é que você me entende.
Os dois se viam todos os dias, almoçavam aos domingos numa cantina ali do bairro e um já fazia o pedido pelo outro, tal era a sintonia. Ela ouvia os seus temores, ele ouvia suas histórias e boa parte das vezes sequer davam sua opinião. O coração dele estava quebrado, ela era bem resolvida. Ambos acreditavam que poderiam ainda na vida viver um grande amor e embora parecessem perfeitos um para o outro, tinham certeza de que nada aconteceria, não podiam se ver como homem e mulher.
Num dia de maior correria no trabalho e que eles não pudessem se encontrar, Camila até sonhava que estava dormindo aninhada em seu ombro, contando como foi seu dia, como o Alberto da contabilidade tinha sido um canalha... então ela acordava rindo, com a certeza de que, por mais que todos os seus amigos os apontassem como casal potencial, não era pra ser.
Camila acorda numa manhã chuvosa de março e conferindo o talão de cheque se dá conta que naquele mês eles não almoçaram sequer uma vez na famosa cantina. Mariano já sumiu há 3 dias... nenhuma mensagem de texto, nenhum e-mail, nada. Na última vez em que se viram ele não disse muita coisa, só que não podia ficar. Camila já sabia que trataram de lhe convencer de que se ele quisesse reconquistar seu grande amor não poderia ter uma relação como aquela que tinha com ela. E não poderia mesmo... nesses dias como é que se prova a verdade? Então ela se resignou a sua saudade muda, apagou o número dele do celular, guardou numa caixa no fundo do armário todas as lembranças dele, mas continuou, todos os domingos, almoçando na mesma cantina, onde foi pedida em casamento pelo tal Alberto da contabilidade. Meses depois encontrou Mariano na rua, sozinho, sem aliança, passeando com o cachorro. Foi só um abraço, sem olhares, sem palavras, e cada um seguiu seu rumo, sua vida e continuou correndo atrás da sua própria felicidade.
Monday, July 23, 2007
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6 comments:
hummm, talvez eu devesse ter escrito "benefits" ali em cima... rs
demorei mas cheguei!!rsrs
Su, não preciso ficar aqui repetindo o qto vc é especial pra mim! desejo a vc toda sorte do mundo! e que continue sempre assim! e o texto serviu para poder relembrar coisas muito boas!
bjos
Ahhhh eu coleciono amigos assim, de verdade, acredito muitooo em amizade entre homem e mulher. E faço meus amigos acreditarem tb.... quando eles começam a namorar é mesmo complicado... mas como uma amiga verdadeira, fico lá no meu cantinho... as vezes o relacionamento não da certo, e eu sempre estou lá de braços abertos pronta a oferecer meu ombro.
Mariano foi bobo de não voltar....
Beijosss.
Mariano se recolheu em sí próprio... hehehe preferiu a cia. do cachorro... hehehehe enfim, não deixa de ser uma escolha... bjs
Triste... passei por uma parecida com essa, com o cara dizendo que logo, logo, ele seria apenas um arquivinho no meu cérebro. E eu disse que não queria que fosse assim. Mas acho que ele já está virando um.
Uma pena.
Adorei Su, ficou perfeito.
Escreva outros eu quero ler todos.
Parabéns
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