Wednesday, March 14, 2007

Three O´Clock Blues

De Lucimara Paiva

Deitada em minha cama, começo a ouvir Three O´Clock Blues só para me lembrar que horas são e porquê ainda estou acordada.
Pode ser a febre que incomoda, pode ser esse você que eu tenho mania de querer tanto, tanto, que não passa disso, sai pelos meus poros e resume minhas noites em perguntas que eu teimo em responder, só pela teimosia, não pela vontade de saber mesmo qual é a real. Saber a verdade pode ser um final, mas agora não quero acreditar que haja um fim. Decidi que nada mais vai acabar, porque não vou deixar que comece sem que seja superficial, então se acabar, será como arrancar a casquinha de uma ferida que logo cicatriza.
Usarei todo o egoísmo que eu conseguir, afogarei cada dor chata numa dose de tequila, bebendo impaciência dentro de “baladas-mico”, com “pessoas-fotocópia” porque a dor, a mediocridade e o ritmo burro e constante se igualam, param de me machucar, assim sua ausência simplesmente some. Depois da tequila, quando minha garganta começar a queimar, esquecerei que quero te engolir, vou desfilar com minhas tatuagens exalando uma auto-suficiência falsa e fazer de conta que o que eu menos queria naquela hora era ouvir uma risada sua, feliz por me ver descabelada de tanto dançar e ainda me achar linda.
“...I can´t even close my eyes, Can´t find my baby…”. O suor começa a escorrer pela minha testa, oscilo num estado febril e insone quando esse trecho começa a tocar pela décima vez, então tenho o impulso de olhar em volta para tentar te ver, mas prefiro ignorar qualquer vontade. É a trilha sonora do meu cérebro que insiste em esperar para, na primeira distração, poder avisar que minha indiferença é de mentira, que mesmo superficial, sou inteira e que eu me acho um saco, porque do mesmo jeito que ouço a mesma música 50 vezes seguidas, relembro, obsessivamente, do beijo que você me deu, depois que eu me levantei do sofá, no meio da festa, dizendo estar com dor nas costas e você percebeu que era metade dor e metade “vai me agarrar ou não?”.
Continuarei querendo você, porém vou te procurar em todos os outros ao mesmo tempo e se todos esses começarem a chegar ao meu fundinho, vou fugir.
Escondo-me em meus olhos pretos, borrados de delineador e finjo diversão. Acreditar que tenho o controle de quem entra e de quem sai, faz com que todas essas possibilidades vazias não sejam tão vazias assim e comecem a fazer tanto sentido quanto minha insônia, quanto a febre que não passa, quanto a sua ausência louca, quanto você que transborda pelos meus poros. Faz tanto sentido quanto o calafrio subindo pela minha espinha enquanto ouço pela última vez “I can´t be satisfied..” antes de pensar que seja melhor do jeito que está, apenas para conseguir dormir.

12 comments:

Anonymous said...

owwww Xú...
agora entendi pq vc disse essa semana q tava dodói...rs

show o texto!...e na boa...esquece esse cara...
me dá uma chance powwww...hehehehe

bjosss Xú...mto bom o texto como sempre!...congratulations

Anonymous said...

a parte mais real? febre, insônia e... TEQUILA! hahahahahahaha

adorei!

bjo

Unknown said...

Muooooooooooooooooito bom, para variar, né?!

Parabéns!!!

Bjos.

Evandro de Freitas said...

Muito bom menininha... ótimo texto... muito simples e sutil a maneira como você leva a narrativa! Parabéns!

Anonymous said...

Tô dizendo q essa Tati Bernardi tem q se cuidar......rsrs
Ahhh....reconheço uma parte desse texto..rsrs....
Adooorrreeeiii !
Bjão

Anonymous said...

Lúúúúúúúu´

Não sou tão bom em palavras...sou melhor em atitudes mais realmente seu texto é show....ouvir 50 vezes a mesma musica? vai demorar para me agarrar? muito bonito isso rsrsrs
Agora qdo vamos tomar uma tequila e vc ficar descabelada e ter a certeza q vc vai ouvir.......Vc é linda!!!

Adorei " ta entendido® "

bjos

Rodrigo

Anonymous said...

Xuxu,
Esse texto faz com que nós percebamos nossa frequeza e fortaleza ao mesmos tempo...Vc utilizou muito bem dessas duas vertentes...

Parabéns msm!!!
Bjaum!!!!!!!!!!

Anonymous said...

Muito bom, gostei bastante!


beijos

Feffers said...

Oi Lu, belo texto! Narrativa mto boa tb!

bj.

Fe

Acerola das Neves said...

Tequila, um remédio pro mal ou o mal remédio... hehehehehe bom texto!
beijos
Tiago Abad

Camila Fernandes said...

Lu,
Não sei da sua vida, mas sei da minha, e quando te leio me lembro dela. Estranho... como estar no lugar errado, mas confortável.
Beijos.

Anonymous said...

Como não ter orgulho desta menina.!
!!!!!!!!!
Mamãe, claro.