De Leandro Molino
Se existe um fato que é absolutamente democrático no nosso “Brasilzão de Deus” é a total e completa ausência de qualidade de vida que nos é impingida. Sejamos ricos ou pobres, dispomos de ambientes coletivos e de serviços públicos de péssima qualidade. E em razão deste fato, diariamente somos atingidos em nosso cada vez mais escasso tempo, necessário para usufruirmos as nossas conquistas. Este é um fenômeno que atinge a todos, habitantes das grandes, médias, pequenas ou pequeníssimas cidades brasileiras. Não dispomos de hospitais públicos de qualidade, de segurança, de ruas, calçadas e praças bem-cuidadas, de transporte rápido, eficiente e pontual, de limpeza pública, de cuidados. E este “fenômeno” é potencializado, exponencialmente, aos brasileiros e brasileiras que (sobre)vivem nas grandes cidades, tais quais São Paulo, Rio de Janeiro e outras tantas Capitais. Somos “obrigados” a aceitar determinados fatos, sobre os quais não temos qualquer responsabilidade, como se estes fossem “elementos naturais” da vida, entre estes o trânsito infernal, os congestionamentos, os alagamentos após as chuvas de verão, as filas nos Bancos, entre outros. Fenômenos do nosso tempo. E dá-lhe depressão e síndrome do pânico! O que mais espanta nesta história toda é que quase que eclesiasticamente, como se fôssemos um bando de monges zen-budistas, aceitamos tudo isso sem realizarmos sequer uma reclamação. Não me refiro àqueles comentários desairosos que sempre são proferidos nas filas dos Bancos, por exemplo. Refiro-me a reclamações efetivas, daquelas que gerariam algum resultado prático e positivo. Aceitamos tudo isso, e outras “cocitas mas”, sem evidenciarmos um traço sequer de destemperança, de insatisfação. Enfim, desenvolvemos a impressionante capacidade de aceitarmos tudo de ruim que nos é propiciado pelo atual “Sistema”. E uma democracia de fato somente pode ser considerada madura em decorrência da participação da maioria dos seus “beneficiários”. Ou seja: do ponto de vista ideológico, somente há de se falar em democracia quando há participação. Não participamos e simplesmente aceitamos. E vamos vivendo. E por que agimos assim? Porque participar dá muito trabalho. E já realizamos tantas tarefas cotidianamente, puxa vida! E, ademais de tudo, não conseguiríamos alterar nada na nossa rotina se participássemos, não é verdade? Mentira, caras-pálidas! A total e induvidosa ausência de qualidade de vida que vislumbramos atualmente em nossos Bairros, em nossas Cidades, em nossos Estados, enfim, em nosso País, é decorrente única e exclusivamente de nossa incrível capacidade de “jiboiar” e de optar por aceitarmos as coisas em seu estado atual. Não queremos nos dar ao trabalho de questionarmos se as coisas estão bem ou não. E se existem alternativas às coisas que não são tão boas assim. Somos super competentes em permanecermos de papo para o ar toda a vez que o assunto resvala na necessária participação da cidadania. Na participação política. Se você, questionado por conhecidos, afirmar que faz política, por exemplo, pode ter certeza que lhe encararão quase como um rufião! Quase como um criminoso! E a quem interessa isso? Quem acertar a resposta ganha um doce! Ou deixamos de lado essa coletiva síndrome de aceitação que nos acomete, ou viveremos sempre assim, a perder, a cada minuto do dia, um pedaço importante da nossa qualidade de viver. E os nossos filhos e netos viverão em Bairros, Cidades, Estados e em um País, enfim, centenas de vezes piorado. Impossível? Pague para ver.
Friday, April 13, 2007
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3 comments:
É momento hospital e anestesia geral mesmo, todos anestesiados e impotentes, ou fingindo-se impotentes na verdade... é o que acontece, infelizmente. Abraço!
Um texto bastante reflexivo e muito bem escrito. realmente nosso país está assim. Pior ainda, o governo sabe e ainda faz o mínimo necessário (ou bem menos que isso0 para que a coisa não estoure.
O legal de seu texto, foi perceber que talvez não estouremos... e isso é muito triste!
Minhas sinceras congratulações!
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semelokertes marchimundui
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